Ontem à noite o público que enchia até às bandeiras a praça do Campo Pequeno (sem esgotar) rendeu-se finalmente e após algum ambiente inicial de hostilidade, aos encantos do (bom) toureio de Diego Ventura.
Nenhum toiro caíu, o jogo não estava viciado, os exemplares de Cunhal Patrício não facilitaram e o "furacão" deu-lhes a volta, evidenciando uma maturidade e uma consolidação que não tinham estado completamente presentes na sua primeira e tão polémica apresentação em Lisboa este ano.
Ventura e o público português fizeram definitivamente as pazes e tudo continua como dantes. Especialmente no seu segundo toiro, o rejoneador luso-espanhol arrebatou e arrasou com o fantástico cavalo "Puerta Grande" e a égua "Milagro", que no final o acompanharam numa segunda volta à arena em ambiente de total apoteose.
Ao longo das duas lides e nomeadamente no que respeita ao relacionamento com o director de corrida Manuel Gama (que foi também ontem um dos grandes triunfadores da noite!), Ventura adoptou desta vez uma postura super-educada e até de alguma humildade - o que só o engrandece.
Desta vez, ao sorteio dos toiros, à tarde, apenas compareceu o próprio Diego Ventura e os seus dois bandarilheiros, Mário Figueiredo e Paco Cartagena e tudo correu pacificamente. Nem o pai de Ventura, nem o apoderado espanhol Jorge Matilla ou o representante português Rafael Vilhais marcaram presença nos curros da praça. Ontem na praça foi muito notada a presença, numa última fila do Sector 1, do núcleo duro dos directores de corrida que, como tinha sido noticiado, acorreram em força à praça , não fosse o diabo tecê-las, depois dos escândalos da corrida anterior de Ventura, que motivaram o célebre comunicado da Associação Tauromáquica de Directores de Corrida, onde se denunciavam os acontecimentos "menos normais" ocorridos à hora do sorteio e se acusava o rejoneador de ser "um ídolo com pés de barros". Contrariamente ao que se esperava, ontem correu tudo de feição - e ainda bem.
A corrida ficou marcada também por um forte triunfo de Luis Rouxinol e pela gloriosa actuação. em acesa competição, dos grupos de forcados de Santarém e Vila Franca, autores de seis espectaculares pegas ao primeiro intento. Filipe Gonçalves acusou no seu primeiro toiro os nervos de estar numa praça cheia, a primeira do país, e em competição com dois "leões" de outra galáxia, mas redimiu-se no segundo.
Não perca hoje, aqui no "Farpas", tudo sobre a nocturna de ontem no Campo Pequeno: a análise de Miguel Alvarenga e a grande fotoreportagem de Emílio de Jesus, as pegas uma a uma, os Momentos de Glória, os Famosos que estiveram na praça - e também todos os segredos da presença em força dos directores de corrida a apoiar Manuel Gama.
Fotos Emílio de Jesus e D.R./@Campo Pequeno