Os directores de corrida assistiram, discretamente, numa última fila do Sector 1 |
João Ventura (pai de Diego), o apoderado espanhol Jorge Matilla e o representante português Rafael Vilhais. Ontem nem foram ao sorteio. Reinou a calmaria nas hostes |
Superiormente aconselhado (e bem), João Ventura, o pai
de Diego Ventura manteve desta vez uma postura discreta e na rectaguarda. Não
foi ao sorteio, não se envolveu em nada e a verdade é que ontem tudo correu às
mil maravilhas e sem a repetição - que alguns receavam - das tristes cenas que
envolveram o sorteio na corrida anterior de Ventura em Lisboa e motivaram
depois um duríssimo comunicado da Associação Tauromáquica dos Directores de
Corrida (ATDC) com acusações ao pai do toureiro e ao próprio rejoneador.
Também o apoderado de Ventura, Jorge
Matilla e o representante português Rafael Vilhais primaram ontem pela ausência
durante o sorteio dos toiros, acto a que apenas compareceu o próprio Diego e os
seus bandarilheiros Mário Figueiredo e Paco Cartagena, adoptando os três uma
postura "correctíssima e sem levantar quaisquer problemas".
Também o director de corrida Manuel Gama
marcou ontem a diferença, depois da direcção mais ou menos atribulada do
"radical" Pedro Reinhardt na corrida anterior de Ventura e que por
pouco não originava uma autêntica "revolta" na praça. Ao contrário,
Manuel Gama foi ontem no Campo Pequeno um director sensato, rigoroso,
aficionado e não "fundamentalista". Deu música quando tinha que dar -
e quando o público a pedia -, concedeu mais ferros quando considerou que os
toiros ainda "podiam" e porque o público - que é quem paga o bilhete
e, portanto, "quem mais ordena" - o solicitava (a Ventura autorizou,
no seu segundo, que cravasse mais três).
Manuel Gama teve, sobretudo, serenidade
e sensibilidade, sentiu a festa que se vivia e soube, como ninguém, calibrar os
desejos do público. Não houve um único protesto à sua brilhante e calmíssima
actuação. E o próprio Ventura protagonizou ontem, ao contrário de situações
anteriores, uma postura super-educada e até de (louvável) humildade perante o
director de corrida que, para todos os efeitos, é sempre a autoridade máxima em
praça.
De qualquer forma, a corrida de ontem
era uma corrida de "alto risco", tendo em conta os incidentes que
maracaram, durante e depois, a corrida anterior de Ventura em Lisboa. Por isso e, tal
como estava programado e o "Farpas" noticiara, a Associação
Tauromáquica de Directores de Corrida marcou presença ontem, em peso, na praça
do Campo Pequeno. Na última fila do Sector 1 esteve o núcleo duro dos directores
de corrida, composto por Rogério Jóia, Agostinho Borges, Lourenço Luzio,
Francisco Calado e Pedro Reinhardt, além dos médicos veterinários Dr. José
Guerra e Dr. Luis da Cruz (que integram igualmente a Associação de Directores
de Corrida).
Antes da corrida, o grupo de directores
de corrida já dera nas vistas aos muitos aficionados que, como eles, também
jantavam no restaurante "Apeadeiro", na Rua de Entrecampos.
"Foi uma manifestação de unidade,
de solidariedade e de força, que ontem era preciso ter acontecido, face aos
acontecimentos ocorridos na anterior presença de Diego Ventura no Campo
Pequeno. Mas felizmente não passou disso mesmo porque ontem tudo aconteceu
dentro da normalidade e sem quaisquer incidentes. Para isso contribuiu o bom
senso e a excelente direcção de Manuel Gama, mas também a vontade com que Diego
Ventura manifestou a intenção de fazer as pazes com o público português e,
também, com a própria Associação Tauromáquica de Directores de Corrida",
disseram os directores ao "Farpas".
Tudo bem quando acaba em bem. Valeu a
pena a trapalhada da outra corrida?...
Fotos Emílio de
Jesus/fotojornalistaemilio@gmail.com