Há alguns anos que o Paulo Pessoa de Carvalho é um empenhado colaborador destas festas únicas em Vila Boim |
Miguel Alvarenga - Vila Boim, ali a dois
passos de Elvas, é local de peregrinação dos bons aficionados desde que Luis
Fernando Carvalho e os Romeiros ali incrementaram esta "Fiesta
Toureira", que se resume a uma tenda de comes e bebes e espectáculos
musicais, paredes meias com uma praça de toiros que ali está instalada desde
2008 e onde por esta altura se realiza um festival e outros espectáculos
taurinos, com a preciosa ajuda de Paulo Pessoa de Carvalho e a sempre dinâmica
colaboração de Manuel Rovisco, valente forcado dos Amadores de Évora e um dos
grandes inpulsionadores destes festejos na sua terra.
A referida tenda é um autêntico e refinado
santuário para os que ainda vivem e respiram o ar saudável do gosto pelas lusas
tradições, pela Festa Brava e por um simbólico sentir da alma portuguesa.
Dir-se-ia que se respira ali, em ponto pequeno, mas suficiente e bom, o ar que
noutros tempos se respirava na que era a verdadeira e genuína Feira da Golegã.
Por lá encontrei figuras tão importantes
da nossa tauromaquia como o Engº José Samuel Lupi (com quem tivemos a honra e o
gosto de almoçar no sábado, juntamente com seu filho João e sua Mulher, com
José Manuel Pires da Costa e com o simpático director de corridas Manuel Gama e
sua namorada, Margarida da Câmara Pereira, filha da minha querida amiga
Francisca), o Engº José Luis Sommer d'Andrade (com quem conversei animadamente
e a quem dei a mão a palmatória, dando razão a praticamente tudo o que afirmou
naquela polémica entrevista ao site "naturales", que povocou um veto
dos toureiros aos seus toiros, entretanto já esquecido...), o ganadero António
Francisco Veiga Teixeira e tantos mais, que não seria fácil estar aqui uma
tarde inteira a enumerá-los.
Foi a primeira vez que estive nas festas
de Vila Boim. Estreei-me a jantar na sexta-feira, onde à tarde se lidaram
novilhos espectaculares de Manuel Calejo Pires num festejo de jovens alunos de
escolas de toureio de Portugal e de Espanha; e voltei no sábado para o
magnífico almoço em tão boa companhia, começando depois a assistir ao festival,
mas não passando das cortesias, tal a chuvada que caíu (e que não foi nada,
contaram-me depois, com a que veio a seguir...), rumando a Évora, onde acabámos
por assistir à corrida. Foi pena, porque me apetecia imenso ficar em Vila Boim, ver o festival e assistir, à noite, à estreia do filho de António Telles e do neto do Engº José Lupi, espectáculo este que não chegou a realizar-se por mau tempo.
No festival, contaram-me,
os mais destacados triunfos foram do cavaleiro João Maria Branco (que até
estreou um promissor cavalo novo, o "Coiote") e do novilheiro João
Augusto Moura (com um magnífico novilho da sua fantástica ganadaria, Torre de
Onofre), havendo a registar também boas actuações de Manuel Lupi, Salgueiro da
Costa e Manuel Vacas de Carvalho e dos novilheiros Manuel Dias Gomes e Tomás
Angulo (espanhol), bem como da rapaziada nova dos grupos de forcados de Évora e
Académicos de Elvas.
O espírito de Vila Boim e destas suas
festas ficou-me gravado no coração. A organização é impecável, a arte de bem
receber é apanágio das suas gentes. Nunca mais vou perder uma festa em Vila
Boim. Oxalá o tempo, para o ano, seja mais convidativo. Mas faça chuva ou faça sol, lá estaremos de novo.
Fotos M. Alvarenga e Marco Gomes