domingo, 6 de março de 2016

"Nada é impossível"... mas "Juanito" não teve ontem opções em Olivença

Péssima qualidade dos novilhos de Talavante deitaram ontem por terra o sonho
de triunfo do português "Juanito" em Olivença. "Nada é impossível", lia-se nos
cartazes. Mas com oponentes como aqueles, foi mesmo tudo impossível...


Miguel Alvarenga - Rezava o slogan de Olivença que "nada é impossível", mas a verdade é que, face aos novilhos ilidáveis de Talavante que lhe couberam, o nosso "Juanito" não teve mesmo a menor possibilidade de triunfar e marcar pelo sucesso, como se pretendia, o dia do seu aguardado debute com picadores, ontem na novilhada matinal da Feira Taurina na antiga cidade portuguesa.
Estavam muitos portugueses na praça torcer pelo jovem João Silva e até os espanhóis, como momentos antes da novilhada me confessava Joaquín Domínguez, empresário e apoderado de "Juanito", aguardavam com ansiedade pela afirmação de um novo ídolo português. Mas tudo de esfumou por obra e graça da péssima qualidade dos dois novilhos da ganadaria do matador Alejandro Talavante que o nosso toureiro enfrentou...
O primeiro, desluzido e sem classe, "foi-se" logo aos primeiros passes de muleta e deixou "Juanito" sem opções. Elegante nos tércios de capote, ainda tentou depois desenhar uma faena templada e com pinceladas de arte, mas não pôde fazer mais do que manifestar a intenção. Não tinha novilho para nada...
O segundo, esse encostou-se às tábuas e não permitiu nem um passe à muita vontade de "Juanito", que fez os possíveis e os impossíveis, só faltou montar-se em cima do oponente. "Nada é impossível", lia-se nos cartazes. Mas foi mesmo tudo impossível para "Juanito" triunfar...
Ficou o querer, a ambição, a pinta torera do jovem promissor toureiro luso. E a magnífica estocada com que despachou o seu segundo novilho, assobiado depois no arraste, enquanto que para o toureiro sobraram aplausos de uma praça quase cheia que se levantou e o ovacionou carinhosamente como que a dar-lhe o conforto e o reconhecimento pela sua arte, a sua entrega, o seu valor e a sua atitude. No final das duas actuações, agradeceu nos médios forte ovação, recolhendo à trincheira com o desânimo estampado no rosto. Quando não há ovos, não se podem mesmo fazer tortilhas...
"Juanito" brindou a sua primeira faena aos antigos matadores Luis Reina e "El Cartujano", seus mestres na Escola de Toureio de Badajoz; e a segunda ao público.
Ginés Marín despedia-se como novilheiro em Olivença. À beira de se tornar matador de toiros, o jovem toureiro extremenho teve mais sorte que "Juanito" com o seu lote e pôde desenvolver nas duas faenas um toureio sólido e avançado, muitos pontos à frente dos seus alternantes. Recebeu o primeiro novilho com "verónicas" de joelhos e abriu a faena de muleta também de joelhos em terra num grito de afirmação que depois confirmou em absoluto com o corte de uma orelha ao primeiro e das duas ao segundo, saindo triunfalmente em ombros.
O sevilhano Alfonso Cadaval, que também debutava com picadores, tem na alma a essência da pureza e da arte do toureio de Romero e de Morante. Perdeu com a espada o triunfo com que podia ter marcado esta etapa importante da sua carreira, mas deixou bem patente com o capote e a muleta que vai ser um dia figura de destaque. Foi ovacionado no primeiro toiro e cortou uma orelha ao segundo.
Ao início da função, os três novilheiros agradeceram nos médios uma fortíssima ovação com que o público os recebeu com honras de figuras.
Destaque para o valoroso bandarilheiro luso João Diogo Fera, que integrou a quadrilha de "Juanito" e esteve em plano de relevo não só a lidar como sobretudo a bandarilhar, agradecendo de montera na mão as ovações que premiaram os dois grandes pares que cravou no segundo novilho do espectáculo.
Também os espanhóis Javier Ambel, Manuel Izquierdo, Jesús Díez "Fini" e Josu Beltrán se desmonteraram para agradecer os aplausos depois de bandarilharem.

Já a seguir: todas as fotos da novilhada de ontem.

Fotos Maria Mil-Homens