quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Troféus "Farpas/Volapié": os Triunfadores do Campo Pequeno


Regressam este ano os Óscares da Tauromaquia numa louvável parceria do
"Farpas" com o "Volapié" de Joaquín Moreno, o bar mais taurino da praça do
Campo Pequeno. Os prémios deste ano dizem exclusivamente respeito à Temporada
Sensacional
do Campo Pequeno. Elegemos os melhores e vamos ainda prestar duas
merecidas homenagens. A entrega destes prémios vai ter lugar em seis jantares
durante este Inverno nos corredores do átrio principal da praça de toiros, junto ao
"Volapié". Na próxima segunda-feira anunciaremos todos os detalhes referentes
a estes eventos que vão permitir manter acesa durante o defeso a chama da Festa
que todos amamos - ainda para mais tendo por cenário a primeira e mais carismática,
também a mais importante, praça de toiros do país. Anunciaremos também a forma
como, já a partir de segunda-feira, os aficionados se podem inscrever nestes jantares
e partilhar connosco e com os premiados momentos únicos e marcantes.
O primeiro jantar será a 29 de Novembro (terça-feira) e podemos desde já anunciar
que começamos da melhor forma, entregando o primeiro troféu ao Grupo de
Forcados de Vila Franca
. Começamos pelos Forcados precisamente por considerar
que eles são, ainda e sempre, um dos maiores pilares do espectáculo tauromáquico
no nosso país. Seguir-se-à um segundo jantar a 13 de Dezembro e os restantes,
que oportunamente se anunciarão, decorrerão nos meses de Janeiro, Fevereiro
e Março do próximo ano - todos eles abrilhantados por espectáculos de Flamenco ou
de Fado. Estes não serão "mais uns prémios". Serão os prémios. Os Óscares da
Tauromaquia Nacional


OS TRIUNFADORES DO
CAMPO PEQUENO
Melhor Cavaleiro
João Moura

Há mais de quarenta anos no top, o Maestro João Moura foi, indiscutivelmente,
o maior triunfador entre os muitos cavaleiros e rejoneadores (os melhores) que esta
temporada actuaram no Campo Pequeno. E por muito que isso possa doer a
alguns, se houve diferença foi ele quem a marcou. Histórica a sua participação
na segunda corrida do ano, aquela em que, com o mesmo cartel, se comemorou 
o 10º aniversário da reinauguração da praça. Fantástica e memorável a sua lide
na corrida de homenagem aos 50 anos de alternativa de Luis Miguel da Veiga,
o Mestre. Apoteótica a sua primeira actuação na corrida de Setembro em que
alternou com Pablo Hermoso e com seu filho João Moura Júnior. Três noites
de sonho, de verdadeiro sonho, que marcaram a temporada de Lisboa. E
que, pela maestria, pela distinção, pelo temple, pela arte eterna, pela classe, não
nos deixaram a mínima dúvida na altura de eleger o melhor cavaleiro do ano no
Campo Pequeno. Houve grandes e reconhecidos triunfos de muitos mais ginetes.
Houve, sim senhor. Mas a verdade é que, quarenta anos depois da revolução,
não houve ainda outro que passasse à frente do Maestro, apesar de muitos o terem
tentado. Moura eterno!

Foto Frederico Henriques 
Melhor Matador
Juan José Padilla

Nem podia ser outro. Depois de ter aberto por duas vezes a porta grande da praça
do Campo Pequeno, depois de ter galvanizado o público, enchido a praça em duas
noites e de se ter tornado, inquestionavelmente, o novo ídolo da aficion nacional,
Juan José Padilla foi eleito o melhor matador da temporada no Campo Pequeno.
Mais de meio século depois de o célebre mexicano Gregório Garcia (anos 40) ter
elevado e lançado o toureio a pé no nosso país, Padilla tem agora um papel quase
idêntico no processo de ressurgimento e renascimento do toureio a pé. Tudo
começou na época passada com a noite mágica de "El Juli". Este ano, "Finito
de Córdoba"
no Festival L.Vida e depois Morante, Álamo, Dias Gomes, outra vez
"Finito" e sobretudo Padilla deram o mote final e voltaram a colocar os matadores
na linha da frente. O carisma, a empatia, o valor, a ousadia, a entrega e a raça do
"Pirata" deslumbraram e galvanizaram o público lisboeta e abriram a porta ao
sucesso: quando vier e onde estiver, Padilla já tem uma legião de seguidores. Por
mérito próprio, eleito melhor matador do ano no Campo Pequeno!

Foto Frederico Henriques
Melhor Grupo de Forcados
Amadores de Vila Franca

Foram muitos - e bons, não temos a menor dúvida - os Grupos de Forcados que
passaram ao longo da temporada pela arena sagrada do Campo Pequeno. Não é
fácil destacar um - mas é merecido premiar este. O Grupo de Forcados Amadores
de Vila Franca, um dos melhores desde sempre, teve uma actuação memorável
em 16 de Junho, pegando em solitário seis toiros da temida ganadaria Canas
Vigouroux. Foi o único grupo que pegou seis toiros em Lisboa - mas não é por
esse feito que o distinguimos. Se o fosse, estaríamos a ser injustos e o grupo
teria estado em vantagem perante todos os outros. Não foi por pegar seis toiros. Foi
pelo triunfo geral que alcançou, pela forma de estar, pela postura e pela raça e
valor que demonstrou, no geral. Pela coesão, pelo espírito de grupo, por terem
elevado tão alto nessa noite a mais portuguesa das artes, a de pegar toiros.
Honra ao Grupo de Vila Franca!
Foto Emílio de Jesus
Melhor Ganadaria
Murteira Grave

Escreveu aqui um dia Miguel Alvarenga que "há toiros e há Graves", assim como
"há máquinas fotográficas e há Leicas", as que marcam a diferença. Pode ter sido
um exagero - mas certamente não é. Os toiros da afamada e prestigiada ganadaria
Murteira Grave marcaram este ano a diferença na importante Corrida TV de Lisboa.
O toiro-toiro marcou este ano a temporada do Campo Pequeno, passados que estão
aparentemente os anos dos "nhoc-nhoc" que por pouco iam anulando a verdadeira
essência da Festa: a emoção, o risco, os suspiros do público. Os Murteira Grave
fizeram da noite da Corrida TV uma noite de emoção. Joaquim Grave (foto) foi
por duas vezes chamado à arena e por isso nem tem discussão possível a atribuição
deste prémio mais que merecido: melhor ganadaria do ano no Campo Pequeno.


Foto Maria Mil-Homens
Melhor Toiro
Ganadaria Manuel Veiga
A ganadaria de Manuel Veiga obteve um triunfo memorável no Campo Pequeno na 
noite dos matadores - um marco na temporada lisboeta. Destacámos e premiámos o
último toiro dessa noite, que o ganadeiro fez questão de "indultar" e fazer regressar ao
campo. Foi brilhantemente toureado pelo matador português Manuel Dias Gomes
no final teve honras de maior destaque com a chamada à arena do ganadeiro Carlos
Veiga (na foto) para uma aplaudida e merecida volta à arena (honraria que num toiro
anterior fora já concedida a seu pai, Manuel Veiga). Esse toiro foi, a nosso ver, o
melhor toiro da temporada no Campo Pequeno.
Foto Maria Mil-Homens
Melhor Peão de Brega
António R. Telles Bastos

É, sem margem para dúvidas, um dos grandes peões de brega 
do momento e um dos melhores da sua geração. Foram muitos
os que ao longo da temporada pisaram a primeira arena do país
e muitos seriam, certamente, os que mereciam levar para casa este
troféu. Mas só podia ganhar um. E António Ribeiro Telles Bastos
marcou a diferença. É um toureiro de arte, de finíssimo recorte,
de excelente técnica e de "pintureros" apontamentos com o 
capote que nos fazem lembrar o eterno Bacatum, a referência
maior dos peões de brega da Casa Ribeiro Telles. O jovem António
não está nas arenas há muitos anos - mas já esteve os suficientes
para lhe elogiarmos a arte e o valor e o distinguirmos com este
merecidíssimo troféu.

Foto Maria Mil-Homens
Melhor Bandarilheiro
João Ferreira

Integrante da que muitos referenciam já como a nova "Quadrilha-Maravilha", a
fantástica equipa de bandarilheiros do matador Manuel Dias Gomes, o jovem João
Ferreira foi em 2016 a grande e valorosa revelação na arte de bandarilhar. Triunfou
e "demonterou-se" noutras praças, mas na do Campo Pequeno teve honras de plena
consagração na noite histórica dos matadores, Joaquim de Oliveira e Cláudio Miguel,
os seus companheiros de quadrilha, mereciam também este galardão. Optámos por
atribui-lo a João Ferreira, primeiro por que ambos já tiveram honras de distinção
em anos anteriores e são dois toureiros já consagrados; segundo, por que com este
prémio premiamos também o futuro. Que hoje se chama João Ferreira e oxalá
amanhã tenha outros nomes.
Foto Maria Mil-Homens
Revelação/Toureio a Cavalo
Parreirita Cigano
Primeiro na Corrida de Emigrante, depois na Corrida de Gala que encerrou a
temporada em Lisboa, o jovem Parreirita Cigano foi, sem margem para quaisquer
dúvidas, a grande revelação do toureio equestre no Campo Pequeno - senão mesmo
a nível nacional. Filho do antigo matador de toiros que também se anunciava nos
cartéis como Parreirita Cigano e que nos anos 70 formou esperançosa parelha
com António de Portugal, o jovem toureiro evidenciou tremenda garra, enorme
empatia com o público e, acima de tudo, muita ambição, muito querer e uma
aplaudida ousadia. Praticando o toureio de verdade e emoção, pisando terrenos
de alto compromisso, galvanizou por duas vezes o público do Campo Pequeno,
sendo inteira e justamente merecedor desta distinção - que ela se torne um incentivo
para a carreira de Parreirita e lhe abra a porta para em 2017 nesta mesma arena
e neste mesmo palco receber a sua mais que justificada alternativa.
Foto Maria Mil-Homens
Revelação/Toureio a Pé
Manuel Dias Gomes
Não será propriamente uma revelação, reconhecemos que é mesmo mais uma
consagração: Manuel Dias Gomes tornou-se na temporada passada o 40º matador
de toiros de Portugal, sete décadas depois de seu Avô, o saudoso Augusto Gomes Jr.
ter sido o segundo matador da nossa História. Este ano fez a sua apresentação no 
Campo Pequeno como matador na noite histórica da grande apoteose e da exaltação
do toureio a pé, ao lado de dois "monstros sagrados", "Finito de Córdoba" e Juan
José Padilla - e revelou-se, de facto, como o novo ídolo do toureio a pé dos
portugueses. Em época de ressurgimento, seja com a fórmula da corrida mista, seja
com cartéis de três matadores - que muitos punham em causa e, afinal, foi uma das
noites mais fantásticas da temporada e uma das corridas que mais público teve
nas bancadas - a verdade é que o toureio a pé está de volta e em força. E se o
devemos a toureiros espanhóis, casos de "El Juli", de Morante, de Álamo e Padilla,
temos que o agradecer também a um dos nossos. Por isso, troféu mais que merecido
este que atribuímos a Manuel Dias Gomes, a nossa nova estrela!

Foto Carlos Silva

HOMENAGENS
Equipa médica do Campo Pequeno
Propriamente incógnitos não são - nem podem ser. Mas quase sempre são "figuras
secundárias" numa praça e numa festa que sem eles não funciona. Merecem a nossa
mais profunda e sentida homenagem. A Equipa Médica da praça de toiros de Lisboa,
encabeçada há muitos anos pelo Dr. Soares Fernandes (primeiro da esquerda) constitui
peça fundamental de todos os espectáculos que ali se realizam. Já era tempo de alguém
no meio tauromáquico lhes render a mais que justa homenagem.

Foto Emílio de Jesus

Cornetim José Henriques
Muitos de nós éramos miúdos e ele era já uma referência incontornável da praça
de toiros do Campo Pequeno. José Henriques é o cornetim da praça de Lisboa há
quase meio século. Reapareceu em força esta temporada, depois de na anterior ter
sido a única em que não abrilhantou as corridas com os seus toques, devido a um
arreliador problema de saúde. Está de volta e nós vamos prestar-lhe a mais que
merecida homenagem. Ele faz parte da história do Campo Pequeno e também da
história da Tauromaquia.

Foto Maria Mil-Homens

Fotos D.R.