domingo, 6 de agosto de 2017

Beja: o "furacão" passou, esgotou e os de cá resistiram!

Ventura simulando a bandarilha sem cabeçada... depois de o director de corrida
lhe não permitido mais um ferro...
Triunfo grande de Rui Fernandes 
Filipe Gonçalves  esteve em bom nível na corrida de Beja
Momentos da triunfal exibição dos Amadores de Beja


Hugo Teixeira - A noite foi grande e de êxito absoluto em Beja na última sexta-feira. Rui Fernandes e Filipe Gonçalves brilharam perante as “rajadas fortes” de um furacão chamado Diego Ventura, que “soprou forte” a sua força e andou diabólico no seu primeiro e arrebatador no segundo do seu lote, um manso perdido e tardio de investida.
A prova foi superada pelos dois cavaleiros portugueses que aguentaram que nem uns heróis, perante as investidas do furacão luso-espanhol que não é um fenómeno da natureza, mas sim da arte de bem tourear.
Não é fácil sobreviver a uma tempestade como Ventura, mas Fernandes (principalmente Rui Fernandes) e Filipe Gonçalves responderam que nem uns leões às adversidades impostas pelo fenómeno.
Podíamos dizer que sobreviveram, mas não seria justo... Estiveram enormes (principalmente Rui Fernandes).
Convém também referir que a lotação voltou a esgotar na velhinha e castiça praça “José Varela Crujo”, estando a empresa de Rafael Vilhais (o empresário das praças esgotadas) mais uma vez de parabéns. No final foi justamente chamado à arena pelos artistas e o público aplaudiu de pé a sua organização. Assim dá gosto!
Diego Ventura estreou também neste festejo a sua ganadaria. Os toiros serviram na perfeição, (menos o quinto da ordem) e para Murubes a coisa não está nada mal! Estes não são “nhoc-nhoc”, como aqueles que Salgueiro criticava há uns anos atrás.
Oferecem dificuldades, oferecem também bom jogo aos artistas e não perdoam falhas. Tolerância zero!
Estamos a falar de uns toiros que andam e que empurraram, por exemplo, com alguma violência no momento da pega. Enfim… oferecem espectáculo!
Os forcados Amadores de Beja também foram um dos grandes triunfadores do festejo. Pelos do Baixo Alentejo foram solistas e com grandes ajudas Guilherme Santos à primeira, Ricardo Castilho também à primeira e Francisco Patanica foi dobrado após uma tentativa por Luís Eugénio que concretizou ao primeiro intento.
Na segunda fase do festejo pegaram Rui Tareco e Nuno Vitória de cernelha numa emotiva sorte, Miguel Nuno Sampaio e Diogo Morgado, ambos à primeira, em bonitas pegas de caras.
Uma noite importante para os Forcados de Beja, tendo sido justamente homenageado Manuel Almodôvar, antigo cabo do grupo. Uma homenagem justíssima para o homem que fez regressar a arte de pegar toiros à capital do Baixo Alentejo!
Neste festejo convém também referir, pela positiva, que António Ventura (pai de Diego) deu volta ao ruedo com o maioral da ganadaria após a lide do quarto da ordem por Rui Fernandes. Um dos grandes momentos da noite.
Como ponto negativo e sem tomar partido por nenhuma das partes, a monumental bronca (como nunca tínhamos visto) ao director de corrida Agostinho Borges que não consentiu a Diego Ventura cravar mais uma bandarilha (neste caso o tradicional número do par de bandarilhas sem cabeçada) ao quinto da ordem, uma vez que a autoridade considerou que o tempo de lide já tinha passado e o número ferros também.
Uma monumental bronca (coisa feia) durante vários minutos, tendo Ventura ultrapassado esta advertência por parte da autoridade com a simulação da sorte, sem cabeçada… e sem bandarilhas.
Retirando este ponto, a noite foi enorme. Estiveram em praça três dos melhores toureiros da actualidade e quando a arte impera…não há assobiadela que pare o comboio da festa.
Aguardamos pela próxima tempestade…

Fotos Hugo Teixeira