Um pegão de Diogo Amaro (foto), dos Amadores do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, ao quinto toiro da noite ontem no Campo Pequeno obrigou o forcado a dar três voltas à arena e no final saíu em ombros pela porta grande, facto inédito na história da renovada praça de toiros, onde até agora só um grupo, o de Santarém, tivera honras de sair pela porta dos consagrados.
Mesmo assim, o júri que ontem premiava o Concurso de Pegas deu o prémio a Hélio Lopes, dos Amadores do Montijo, que fez a primeira pega da noite, decisão que causou estrondosa bronca na praça.
Nunca tal acontecera: um forcado saíu em ombros, mas foi outro que ganhou o prémio da melhor pega... O público protestou ruidosamente e o que tinha sido uma grande noite de toiros terminou em ambiente de confusão e discórdia.
Foi tecnicamente perfeita e muito bem executada a pega premiada de Hélio Lopes, mas o público - que é soberano e sempre "quem mais ordena" - entendeu que o prémio deveria ter distinguido a grande pega de Diogo Amaro, apesar de executada ao segundo intento, apenas e só porque já depois de a consumar, ficou ligeiramente fora da cara do toiro.
Todas as pegas ontem foram grandes. Pelos Amadores do Montijo pegou também o forcado José Pedro, à segunda. Pelos do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, pegou o segundo toiro da noite, muito bem, como é seu timbre, à primeira, o cabo Marcelo Lóia. Pelos Amadores de S. Manços, foram caras o cabo João Fortunato (numa excelente pega ao primeiro intento) e Jorge Valadas, igualmente à primeira, que foi autor de uma pega enorme, com o grupo a fechar muito bem.
No que aos cavaleiros diz respeito, Rui Fernandes esteve ontem em plano superior e realizou duas lides redondas e plenas de emoção e bom toureiro, demonstrando maturidade artística e plena maestria. Filipe Gonçalves alternou altos e baixos na primeira lide e na segunda cravou ferros de parar corações. Francisco Palha foi autor de duas grandes actuações, sobretudo a primeira. Na segunda, começou muito bem e depois veio a menos, falhando dois ferros.
No contexto geral, foi uma corrida emotiva e com ritmo, para o que contribuiram os toiros da ganadaria de David Ribeiro Telles, extraordinário e bravo o terceiro, tendo o maioral da casa dado volta à arena, muito bons o quinto e o sexto e manejáveis os restantes. Bem apresentados, sérios, a pedir contas e a trazer emoção e seriedade ao espectáculo - que foi muito bem dirigido por Tiago Tavares, assessorado pelo médico veterinário Dr. Jorge Moreira da Silva.
A praça registou meia entrada nesta Corrida do Emigrante - e foi pena. Porque foi uma das boas corridas desta temporada em Lisboa.
Mais logo, desde a Ilha Terceira, para onde viaja esta manhã, não perca a detalhada análise de Miguel Alvarenga e todas as fotos de Maria João Mil-Homens.
Foto Frederico Henriques/@Campo Pequeno