sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Bronca no Concurso de Pegas ontem no Campo Pequeno


Um pegão de Diogo Amaro (foto), dos Amadores do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, ao quinto toiro da noite ontem no Campo Pequeno obrigou o forcado a dar três voltas à arena e no final saíu em ombros pela porta grande, facto inédito na história da renovada praça de toiros, onde até agora só um grupo, o de Santarém, tivera honras de sair pela porta dos consagrados.
Mesmo assim, o júri que ontem premiava o Concurso de Pegas deu o prémio a Hélio Lopes, dos Amadores do Montijo, que fez a primeira pega da noite, decisão que causou estrondosa bronca na praça.
Nunca tal acontecera: um forcado saíu em ombros, mas foi outro que ganhou o prémio da melhor pega... O público protestou ruidosamente e o que tinha sido uma grande noite de toiros terminou em ambiente de confusão e discórdia.
Foi tecnicamente perfeita e muito bem executada a pega premiada de Hélio Lopes, mas o público - que é soberano e sempre "quem mais ordena" - entendeu que o prémio deveria ter distinguido a grande pega de Diogo Amaro, apesar de executada ao segundo intento, apenas e só porque já depois de a consumar, ficou ligeiramente fora da cara do toiro.
Todas as pegas ontem foram grandes. Pelos Amadores do Montijo pegou também o forcado José Pedro, à segunda. Pelos do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, pegou o segundo toiro da noite, muito bem, como é seu timbre, à primeira, o cabo Marcelo Lóia. Pelos Amadores de S. Manços, foram caras o cabo João Fortunato (numa excelente pega ao primeiro intento) e Jorge Valadas, igualmente à primeira, que foi autor de uma pega enorme, com o grupo a fechar muito bem.
No que aos cavaleiros diz respeito, Rui Fernandes esteve ontem em plano superior e realizou duas lides redondas e plenas de emoção e bom toureiro, demonstrando maturidade artística e plena maestria. Filipe Gonçalves alternou altos e baixos na primeira lide e na segunda cravou ferros de parar corações. Francisco Palha foi autor de duas grandes actuações, sobretudo a primeira. Na segunda, começou muito bem e depois veio a menos, falhando dois ferros.
No contexto geral, foi uma corrida emotiva e com ritmo, para o que contribuiram os toiros da ganadaria de David Ribeiro Telles, extraordinário e bravo o terceiro, tendo o maioral da casa dado volta à arena, muito bons o quinto e o sexto e manejáveis os restantes. Bem apresentados, sérios, a pedir contas e a trazer emoção e seriedade ao espectáculo - que foi muito bem dirigido por Tiago Tavares, assessorado pelo médico veterinário Dr. Jorge Moreira da Silva.
A praça registou meia entrada nesta Corrida do Emigrante - e foi pena. Porque foi uma das boas corridas desta temporada em Lisboa.
Mais logo, desde a Ilha Terceira, para onde viaja esta manhã, não perca a detalhada análise de Miguel Alvarenga e todas as fotos de Maria João Mil-Homens.

Foto Frederico Henriques/@Campo Pequeno