sábado, 20 de julho de 2019

Nazaré: boa jornada televisiva de louvor à tauromaquia

À direita, Luis Castro, presidente da Casa de Pessoal da RTP, um grande
impulsionador da Festa Brava
Praça da Nazaré esteve ontem muito composta na primeira corrida do ano
António Ribeiro Telles toureou muito bem - como sempre. E na hora de ser
entrevistado, apelou "à união de todos os aficionados"
Filipe Gonçalves, um toureiro renovado, mais sério e mais maduro
Luis Rouxinol Jr., um jovem que está a consolidar-se como um dos maiores
valores da nova geração. Ontem, Portugal viu-o triunfar frente a dois toiros
distintos e onde demonstrou ter argumentos de sobra para fazer frente a
qualquer oponente
Leonardo Mathias e Vasco Pereira, os cabos dos grupos de forcados do Aposento
da Moita e de Vila Franca. Em baixo, os comentadores José Cáceres e Vasco Lucas


Praça da Nazaré bem composta, toiros "agradáveis" de Pinto Barreiros, êxitos repartidos pelos três cavaleiros e os dois grupos de forcados e uma belíssima transmissão televisiva com a marca do veterano realizador Manuel Rosa Pires

Miguel Alvarenga - A melhor homenagem que se pode fazer a uma Corrida TV é vê-la precisamente pela televisão. Foi o que fiz ontem. Belíssima transmissão televisiva com a assinatura do veterano realizador Manuel Rosa Pires, comentários idóneos de Vasco Lucas e José Cáceres e excelente trabalho jornalístico na trincheira do jornalista Tiago Góis Ferreira. Não esteve cheia como se queria, mas as bancadas da bonita e carismática praça de toiros da Nazaré estavam bem compostas. Ontem foi o primeiro dia do resto da gestão agora assumida por Rui Bento em parceria com a Confraria de Nossa Senhora da Nazaré e os próximos cartéis que se anunciam, atractivos e bem rematados, vão certamente recolocar esta praça no mapa.
O que vou escrever a seguir não é novidade para ninguém, todo o mundo viu a corrida em casa e as audiências devem ter subido a pico novamente.
Apenas sublinharei que os toiros de Pinto Barreiros, todos castanhos, nem um preto, "cumpriram" na generalidade, como no final sintetizou o ganadero Joaquim Alves de Andrade. Tinham apresentação, pesos não excessivos, mobilidade, transmissão, seriedade, pediam contas e proporcionaram, por isso, um bom espectáculo.
Os três cavaleiros e os dois grupos de forcados estiveram em grande.
António Ribeiro Telles é "aquela máquina", é um verdadeiro compêndio da arte de bem tourear. Foi nesta praça que há quarenta anos vestiu pela primeira vez a casaca, como ele próprio recordou. E quatro décadas depois, voltou a deliciar os aficionados que estavam na praça e os telespectadores que o viram triunfar em suas casas. Grande toureiro - ontem, hoje e sempre!
Filipe Gonçalves é todo ele uma emoção. Está, não me canso de o dizer, um toureiro muito mais maduro, muito mais sério e consolidou nos últimos anos uma posição que o coloca bem em qualquer cartel. É um toureiro alegre e emotivo - e que faz falta. Assinou duas lides brilhantes, com destaque maior para a primeira, que baseou sobretudo nos "quiebros" - de que alguns não gostam, mas feitos como ele os fez têm emoção e chegam ao público. Terminou essa primeira actuação com um imponente par de bandarilhas.
Luis Rouxinol Jr. é jovem, é júnior, mas é já um toureiro consolidado. Transmite segurança e solidez, arrisca, é ousado e toureia com verdade. Está a subir de corrida em corrida os degraus que o hão-de levar ainda muito mais alto. Ontem na Nazaré, com dois toiros completamente distintos um do outro, demonstrou, uma vez mais, que têm argumentos para enfrentar e triunfar com qualquer oponente. Lide nais brilhante, no plano artístico, no primeiro que enfrentou e que recebeu com uma empolgante sorte de gaiola; lide valorosa e de luta no último, um toiro que cedo procurou o refúgio nas tábuas e que Luis toureou com maestria e genialidade e com arriscados ferros em sortes a sesgo.
Bem todos os bandarilheiros, quer a receber os toiros, quer na colocação para as pegas.
Grandes pegas dos forcados amadores de Vila Franca e do Aposento da Moita, dois grupos consagrados e da primeira linha.
Pelos vilafranquenses foram caras Francisco Faria (que regressou às lides depois da lesão sofrida na corrida de abertura da temporada lisboeta, com a serenidade, a técnica e o valor de sempre), Guilherne Dotti (forcado que se está a revelar como grande nesta temporada), ambos ao primeiro intento; e o valente cabo Vasco Pereira, que pegou à segunda, mas com o brio e a arte de sempre.
Pelos moitenses, com três rijas pegas à primeira, pegaram o cabo Leonardo Mathias (grande forcado!), João Gomes (muito bem) e Martim Cosme Lopes (raça, valor e o costumeiro brilhantismo).
Destaque para a excelente intervenção de todos os forcados dos dois grupos a ajudar "à séria".
A corrida foi muito bem dirigida pela nova directora Ana Pimenta, que esteve assessorada pelo médico veterinário Dr. José Manuel Lourenço. Houve apenas alguma hesitação quanto ao quinto toiro, que estava manifestamente congestionado, mas que se optou por não mandar recolher.
O ganadero Joaquim Alves de Andrade foi premiado com volta à arena no terceiro toiro da corrida.

Fotos D.R./RTP1