A "descontratação" do cavaleiro David Gomes de duas corridas em Abiul e Alter e o comunicado dos fotógrafos condenando a publicação de fotos de colhidas foram os dois grandes disparates da temporada...
2019 foi um ano de glória para a Tauromaquia, com mais corridas, mais público nas praças e a clara afirmação de que a Festa está para durar e tem valores de sobra, quer no toureio equestre, quer no toureio a pé e na forcadagem, para seguir todo esta caminho de enorme esplendor, apesar dos cada vez mais cerrados ataques de que tem sido alvo.
Mas nem todos os males vêm de fora - há muitos cá dentro. E a temporada ficou marcada por dois episódios que foram dois verdadeiros disparates.
O primeiro diz respeito à "descontratação" do cavaleiro David Gomes das corridas para que estava anunciado nas praças de Abiul e de Alter do Chão, a pretexto de ter vendido o seu célebre cavalo "Campo Pequeno". Nunca tal se tinha visto... Nunca, em tempo algum, uma empresa tirou um toureiro de um cartel, e um cavaleiro neste caso, pelo facto de ele se ter desfeito de um cavalo. Mais estranho: se era o cavalo "Campo Pequeno" que as empresas de Abiul e de Alter queriam ver actuar, porque razão não contrataram depois Moura Caetano, que foi quem o comprou?
David Gomes refez a sua quadra, demonstrou que não era só o célebre cavalo que lhe proporcionava triunfos e terminou a temporada em beleza com êxitos sonantes em Espanha. As empresas que o "descontrataram" é que ficaram mal na fotografia...
E foi também uma fotografia do repórter João Dinis publicada na primeira página do "Correio da Manhã" (ao lado), retratando a colhida mortal do cavalo "Xeque Mate" de João Moura Júnior na dramática corrida de Julho em Coruche, que incendiou a classe dos repórteres fotográficos taurinos, ao ponto de muitos deles terem subscrito um disparatado comunicado em que condenavam a publicação de fotos de "desgraças"... como se a Festa Brava não fosse e não tivesse sido sempre, ao longo de séculos, um misto de glória e tragédia que justificam precisamente a sua verdadeira essência.
Demitindo-se da missão jornalística que deveriam desempenhar na trincheira de uma praça de toiros, os repórteres que subscreveram o comunicado ficaram mal na fotografia. E João Dinis brilhou - dando um exemplo notável de bom jornalismo.
Estes foram os dois grandes disparates da temporada de 2019.
Foto Emílio de Jesus/Arquivo