Patrício Estay tem hoje 67 anos e vive em Florença, Itália |
9 de Agosto de 1984, no Hotel Alfa, em Lisboa, na ceia da alternativa de Rui Salvador. Estou com José Mestre Batista, Rogério Amaro e "Nené", foi o Patrício Estay que tirou esta foto |
Esta foto de Chibanga correu algumas publicações francesas nos anos 80. Em baixo, um dos mais conhecidos livros de Patrício Estay sobre o Tibet |
Alguns, certamente, lembram-se do Patrício Estay, fotógrafo franco-chileno que no início dos anos 80 muito andou por cá a fazer reportagens sobre o mundo da tauromaquia
Miguel Alvarenga - Patrício Estay nasceu no Chile em 1953, tem hoje 67 anos, tinha 31 quando por cá o conhecemos.
Deixou o país natal depois de Pinochet tomar o poder em 1973 e viveu primeiro no Brasil, depois em 1981 radicou-se em Paris e agora vive há vinte anos em Florença, Itália.
É um dos mais famosos fotojornalistas deste mundo. Editou vários livros de fotografias sobre os mais distantes lugares do mundo por onde andou, como é o caso deste aqui ao lado, "Tibet, Terra de Exílio", resultado de um longo trabalho de seis anos no país do Dalai Lama.
A Portugal, Patrício Estay veio pela primeira vez no fim dos anos 70 e rapidamente se apaixonu pelo colorido e pela emoção das touradas à portuguesa. Não mais esqueceu a figura do saudoso cavaleiro José Mestre Batista e um dia, como na altura me contou, propôs-lhe vir a Portugal fazer outra reportagem em que o famoso toureiro seria a figura central. "Como não tinha a mordada, mandei uma carta endereçada a: Toureiro José Mestre Batista, Portugal" - e a verdade é que a carta foi ter à quinta do cavaleiro em Vila Franca de Xira.
No início dos anos 80, Patrício Estay voltou a Portugal e foi então que o conheci e entre nós se solidificou uma amizade que os anos nunca deixaram morrer. Por cá, fotografou vários toureiros como Mestre Batista, Vasco Taborda e Joaquim Bastinhas - com o qual fez uma extraordinária reportagem fotográfica, tendo o saudoso cavaleiro de Elvas sido, inclusivamente, capa de uma edição da afamada revista francesa "Le Figaro Magazine". Também se centrou na figura do inigualável Ricardo Chibanga, tendo-lhe feito inúmeras fotos. O Patrício trabalhava à época para publicações tão famosas como "Le Figaro Magazine", "Libération", "Stern" e "Newsweek".
Nesse tempo, andámos muito juntos a fotografar, lembro-me e ainda há pouco falei disso com ele, de termos estado em casa do João Duarte, em Lisboa e termos ido jantar uma mariscada à "Ribadouro".
Anos mais tarde, início dos 90, fui a Paris e jantei em casa do Patrício, com sua mulher e seu sogro. Eu tinha acabado de comprar o último grito da Nikon, a F4 e ele ficou encantado a noite toda com a máquina. Depois, fomos falando uma vez ou outra, ele sempre a correr pelo mundo, mas nunca mais nos vimos.
Há dias, reencontrei-o no Instagram. "Lembras-te de mim, Patrício?". E ele respondeu: "Os amigos nunca se esquecem! Cuida-te!". E voltámos outra vez a falar.
Fotos Patrício Estay