Mestre Patrício de Sousa Cecílio nasceu há 127 anos (25 de Fevereiro de 1894). Foi proprietário agrícola no concelho da Golegã, destacando-se como bandarilheiro que, por manifesto romantismo, se exibiu nas arenas por volta das décadas de 1910 e 1920, tendo vindo mais tarde a notabilizar-se pelos resultados que alcançou com a sua célebre Escola de Toureio.
Embora tenha optado por nunca se profissionalizar, chegou mesmo a integrar, como peão de confiança, a quadrilha de João Branco Núncio, seu cunhado, no princípio da carreira deste. Foi igualmente da responsabilidade de Patrício Cecílio a organização da corrida em que António Luís Lopes conferiu a João Núncio a alternativa de cavaleiro tauromáquico, no Campo Pequeno, em 27 de Maio de 1923. Seria contudo na qualidade de instrutor de jovens toureiros que Patrício Cecílio se notabilizaria na Festa dos toiros.
Preocupado com o desaparecimento de bandarilheiros profissionais que havia na Golegã, tradicionalmente terra de toureiros a pé, dispôs-se a contribuir para o aparecimento de novos talentos nessa arte, oferecendo os seus ensinamentos, baseados na sua experiência, aos jovens que almejassem dedicar-se ao toureio apeado. Nascia assim, em 1941, a Escola de Toureio da Golegã.
Um dos jovens que Patrício Cecílio aceitou para a sua missão, seria um dos mais destacados toureiros a pé - Manuel dos Santos (1925-1973) matador com alternativa tirada em 1948, em Sevilha, e o mais solicitado do mundo em 1950.
Mas outros jovens se destacaram e a escola do antigo bandarilheiro amador, nascida para criar bandarilheiros profissionais, acabou por ser uma escola, que além de vários desta categoria, originou o aparecimento de vários matadores nacionais — António dos Santos, José Júlio, Francisco Mendes, Armando Soares e Ricardo Chibanga, que se estabeleceu na Golegã pela mão de Manuel dos Santos e Alfredo Ovelha — e dezenas de novilheiros e até toureiros estrangeiros, caso do mexicano Enrique Fraga. Mesmo depois da escola fechada, muitos aspirantes à vida do toureio, continuaram a deslocar-se à casa do Mestre Patrício Cecílio para lhe pedir conselhos.
No plano social, Mestre Patrício Cecílio foi ainda Presidente da Câmara Municipal da Golegã durante dez anos, entre 1951 e 1961. Foi também presidente da Casa do Povo da Golegã, em cuja qualidade integrou a Câmara Corporativa, representando o trabalho agrícola, na VI Legislatura (1953-1957).
Mestre Patrício de Sousa Cecílio viria a despedir-se do mundo em 3 de Setembro de 1983, deixando para trás uma marca vincada no Concelho da Golegã. A Câmara Municipal, sobre a égide do presidente José Veiga Maltez, homenageou a sua obra em 1998, com a colocação de uma estátua dedicada à Escola de Toureio no Largo de Santo António, na Sede do Município.
Fotos D.R.
Mestre Patrício Cecílio com José Júlio e Manuel dos Santos |
Na Golegã, em sua casa, com os toureiros portugueses Fernando Pessoa e Ricardo Chilanga, o mexicano Enrique Fraga e o bandarilheiro José Tinoca |