Miguel Alvarenga - Cheguei do Funchal mesmo em cima da hora, foi praticamente seguir do aeroporto para o "Rubro" no Campo Pequeno (amanhã ou depois vou-vos contar a maravilha que é a Ilha da Madeira, onde fui pela vez primeira!) e notou-se logo no restaurante que o público que ali estava ontem estava ali pelos Forcados. Adeptos dos Amadores de Alcochete e adeptos do Aposento da Moita, antigos forcados e alguns cabos dos dois grupos, amigos fiéis, entusiasmados.
Depois, na praça, em meu redor, no sector 3, muitos, mas muitos, antigos forcados do Aposento da Moita. E noutro sector, os seguidores do Grupo de Alcochete - que foi homenageado ao início da corrida pelo 50º aniversário da sua fundação.
Dois grupos históricos, emblemáticos, poderosos, dos melhores. E que ontem o reafirmaram na arena, frente a toiros Vinhas que não eram para meninos. Toiros a sério, exigentes, difíceis, dos que "metem mudanças" e pedem contas de verdade. Os "Santa Colomas" portugueses a fazerem jus à sua fama. Alguns com quase 700 quilos...
Mas que tiveram pela frente Forcados dos melhores. Aqui ficam, como sempre acontece no "Farpas" (aqui, respeitamos os Forcados!), a abrir a reportagem da nocturna de ontem, as sequências das seis grandes pegas numa noite de triunfo verdadeiro para os dois grupos.
Fotos M. Alvarenga
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Não era fácil, antes pelo contrário, o primeiro Vinhas da noite. A primeira pega esteve a cargo de Henrique Teixeira Duarte, do Grupo de Alcochete, que nas duas primeiras tentativas foi desarmado, primeiro com um derrote para a esquerda, na segunda com um derrote violento para a direita. À terceira foi de vez, com uma grande ajuda do fantástico João Rei, que é sempre "meio caminho andado" para a certeza de que o toiro é pegado! O toiro pesou 596 quilos! |
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Leonardo Mathias, cabo do Aposento da Moita, fez a segunda pega da noite a outro Vinhas nada fácil, duro e cheio de sentido, com 588 quilos. Bem a recuar, fechou-se com decisão, aguentou um violento derrote que o ia tirando da cara do toiro, emendou-se na viagem e fez um pegão, bem ajudado pelos seus companheiros. Forcado enorme! |
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Para a cara do duríssimo e sério terceiro toiro da corrida (530 quilos) foi o valente e bom forcado João Belmonte, de Alcochete. Sofreu um poderoso derrote na primeira tentativa, foi maltratado no chão, mas jamais virou a cara. Pega rija e valorosa à segunda, numa noite de grande triunfo e muita emoção no que à forcadagem diz respeito |
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O quarto Vinhas pesava 648 quilos (!) e deixava antever que a tarefa não seria muito fácil para os forcados do Aposento da Moita, não fosse ter pela frente um forcadão como Martim Cosme Lopes. Toureiro a citar, templando a investida, reuniu com decisão e a técnica que lhe reconhecemos. Aguentou barbaridades. O grupo ajudou na perfeição. E Martim cumpriu a sina: foi uma das grandes pegas da noite! |
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Outro forcado de eleição e mais uma grande pega numa noite de triunfo grande para os últimos românticos da Festa. O quinto Vinhas pesou "apenas" 666 quilos (!), investiu que nem um comboio para Manuel Pinto (Alcochete) e ele pegou-o como pega sempre: com estoicismo, com querer, com decisão e com uma técnica que quer sempre dizer perfeição. Boas ajudas, muita emoção na praça. Um pegão! |
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O último toiro da corrida (582 quilos) foi pegado à segunda tentativa pelo valoroso Tiago Valério. Na primeira tentativa sofreu um violentíssimo derrote, fez o pino abraçado ao toiro e rodou 360 graus até sair. Toiro violento e com muito sentido. Ficou inerte na arena, mas não inanimado, o forcado Martim Afonso de Carvalho, que foi socorrido por forcados dos dois grupos e pelos socorristas da Cruz Vermelha, sendo retirado de maca. Quando passou por baixo do sector onde eu estava, vinha a falar e gesticulava, pelo que, graças a Deus, não terá sofrido uma lesão muito grave. À segunda, Tiago Valério fez grande, rija e emotiva pega, muito bem ajudado pelo grupo |