José Júlio e Fernando dos Santos - dois Maestros do toureio a pé que nos deixaram neste ano negro de 2021 |
2021 foi o mais negro de todos os anos para o mundo da tauromaquia e aquele em que perdemos algumas das mais emblemáticas e carismáticas figuras do nosso meio - toureiros, forcados, ganadeiros, nomes importantes da escrita taurina. Uns levados pela maldita pandemia que desde 2020 assola o mundo, outros pelas mais diversas doenças, a realidade é que não há memória de um ano assim tão triste e tão trágico.
Recordá-los e também uma forma de os homenagear e lhes agradecer tudo aquilo que deram à Festa.
Maria Guiomar Cortes de Moura - ilustre ganadeira, viúva do ganadeiro António Moura, Mãe de Dita Moura Caetano e de Armando João Moura, sogra do cavaleiro Paulo Caetano e avó, entre outros, do também cavaleiro tauromáquico João Moura Caetano e da campeã olímpica Maria Moura Caetano, morreu aos 82 anos no Hospital da Luz, em Lisboa, a 11 de Janeiro, após longa enfermidade.
José Júlio - emblemático matador de toros de Vila Franca de Xira, um dos maiores da nossa História, figura consagrada a nível mundial, deixou-nos a 29 de Janeiro, no Hospital de Vila Franca, onde estava internado com covid-19.
Fernando Metzener Serra - nome consagrado do mundo da equitação, tio e mestre do cavaleiro tauromáquico Paulo Caetano, morreu a 30 de Janeiro.
Simão Nunes Comenda - um dos maiores nomes do GFA de Montemor e dos Forcados em geral, figura querida e respeitada no mundo tauromáquico, empresário da praça de toiros de Montemor-o-Novo, não resistiu à infecção por covid. Morreu com 80 anos, a 2 de Fevereiro, no Hospital Lusíadas, em Lisboa, onde estava internado desde 22 de Janeiro.
António Sacramento - um dos melhores bandarilheiros do seu tempo, natural de Coruche, morreu a 5 de Fevereiro com 82 anos.
João Manuel Vacas de Carvalho - outro histórico forcado dos Amadores de Montemor, membro de uma das mais ilustres Famílias taurinas deste país, deixou-nos a 7 de Fevereiro, também vítima de covid, no Hospital de Évora, onde estava internado há algumas semanas.
Alfredo Guaparrão - antigo forcado dos Amadores de Cascais, ex-empresário tauromáquico e apoderado de toureiros, morreu aos 65 anos, a 27 de Fevereiro, vítima de doença prolongada.
Adelino de Carvalho - mais um nome grande dos Forcados que nos deixou em 2021. Antigo cabo do grupo de forcados Profissionais de Lisboa, morreu a 4 de Março com 96 anos.
António Francisco Ramalho - também no mesmo dia 4 de Março, morria outro histórico forcado do Grupo de Montemor, António Francisco Ramalho, que todos conheciam por Amareleja, irmão de outro grande forcado, também já falecido, o inesquecível Manuel Augusto Ramalho (Mano Augusto).
Joaquim Azeda - igualmente vítima de covid e após algumas semanas internado no Hospital de Évora, Joaquim Azeda (70 anos) deixou-nos na manhã triste de 27 de Março. Forcado importante, fora cabo dos Amadores de São Manços no período em que o grupo alcançou a sua grande notoriedade (anos 70).
José Luis da Costa Horta (Maxinó) - vítima de problemas de saúde de que sofria há alguns anos, morreu a 1 de Maio no Hospital do Barreiro aquele que era uma das maiores referências dos forcados Amadores do Montijo e também dos Amadores Lusitanos - e sobretudo um dos maiores na sua arte.
Manuel Agostinho Pontes Dias - ganadeiro de nomeada, avô materno do matador de toiros Manuel Dias Gomes, sogro do antigo cabo dos Amadores de Lisboa, José Luis Gomes, morreu a 18 de Maio, vítima de um acidente vascular cerebral fulminante quando se encontrava no campo.
Joaquim Carvalho - grande aficionado alentejano, deixou-nos a 26 de Junho. Tinha 85 anos.
João Cortesão - antigo cavaleiro amador, fadista e autor de fados, escritor, crítico taurino de nomeada, apoderado de toureiros, era uma das figuras mais queridas e mais respeitadas no mundo tauromáquico nacional e até internacional. Foi uma das peças fundamentais durante anos no jornal "Farpas", cujas crónicas compilou em dois livros intitulados "P'ra que a terra não esqueça". Perdemos um grande e marcante Amigo. O João deixou-nos a 9 de Julho, vítima de vários problemas de saúde que o tinham obrigado já em diversas ocasiões a internamento hospitalar. Tinha 74 anos.
José Caraças - forcado histórico dos Amadores de Lisboa, também antigo empresário tauromáquico (chegou a estar num grupo que geriu a praça de Évora), deixou-nos a 25 de Julho.
Fernando dos Santos - célebre matador de toiros com largos historial em Portugal, Espanha e no México, onde era recordado e respeitado, foi um dos mais empreendedores empresários taurinos do país, inicialmente (anos 70) com praças portáteis dando corridas em várias localidades de norte a sul, sendo posteriormente e durante trinta anos empresário da. Monumental de Albufeira, que vendeu um ano antes de morrer. Foi também, nos anos 80, empresário da praça de toiros do Campo Pequeno. Deixou-nos a 9 de Agosto, tinha 82 anos.
Carlos da Gama Empis - antigo cabo dos Amadores de Santarém, empresário e apoderado de algumas das maiores figuras do toureio nacional, entre as quais João Moura, era uma das figuras mais emblemáticas e mais queridas no meio taurino português. Morreu a 20 de Agosto num estúpido acidente quando caiu da caixa aberta da sua carrinha, que estava a lavar. Tinha 72 anos.
António Garçoa - bandarilheiro conceituado, integrou durante muitos anos a quadrilha do saudoso José Mestre Batista, sobre o qual escreveu um livro biográfico recordando os melhores momentos dessa união. Foi também um respeitado director de corridas. Morreu a 7 de Setembro com 87 anos de idade.
João Aranha - dirigente desportivo, escritor e crítico tauromáquico, antigo colaborador do jornal "Correio da Manhã", deixou-nos a 8 de Setembro. Tinha 98 anos.
José Luis Pereira Dias - emblemático ganadeiro, pai de destacados campinos, um homem do campo e dos toiros que era respeitado por todos neste meio. Morreu a 14 de Outubro com 77 anos.
João Pedro Oliveira - segundo cabo dos Amadores de Évora, cargo em que sucedeu ao fundador João Nunes Patinhas, pai do actual cabo do mesmo nome, deixou-nos inesperadamente na noite de 18 de Outubro, vítima de embolia cerebral.
José Infante da Câmara - proprietário de uma das mais antigas ganadarias nacionais, figura querida no meio taurino nacional, deixou-nos também de forma inesperada a 23 de Outubro, vitimado por um ataque cardíaco quando se encontrava no campo.
Maria Teresa de Vasconcellos e Sá Grave - viúva do saudoso ganadeiro Engº Joaquim Grave, poetisa de raro sentimento, matriarca da ilustre Família Grave, morreu em sua casa, em Évora, a 19 de Novembro, com 93 anos.
Américo Chinita de Mira - outro nome glorioso dos Forcados, antigo cabo dos grupos de Amadores de Montemor e Amadores do Ribatejo, morreu a 24 de Novembro, aos 90 anos.
Manuel Andrade Guerra - nome consagrado do mundo jornalístico, iniciou a sua carreira nos anos 60 no "Diário de Notícias" - de que foi saneado, com o célebre "Grupo dos 24", em 1975 pelo então director do jornal, José Saramago. Foi depois fundador do diário "O Dia" e do semanário "Dez de Junho" e durante muitos anos director-adjunto do "Correio da Manhã". Crítico tauromáquico conceituado e respeitado, escritor, autor de vários livros, dois dos quais sobre tauromaquia (uma biografia de João Moura e outro dedicado aos cavaleiros D. Francisco de Mascarenhas, Luis Miguel da Veiga e José João Zoio, "Heróis com Arte"), foi autor de programas sobre tauromaquia e sobre os Combatentes do Ultramar em canais de televisão espanhóis e, entre outras actividades do mundo cultural, era Presidente Emérito da Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I. Morreu a 30 de Novembro, faz hoje um mês, com 75 anos, no Hospital de Santa Maria, vítima de covid.
António Badajoz - foi o maior entre os toureiros de prata (bandarilheiros) nacionais. Apoderou toureiros e formou toureiros na Escola de Coruche, que fundou no final dos anos 50 com seu irmão Manuel. Morreu na véspera de Natal com 93 anos.
Fotos D.R./Emílio de Jesus/Arquivo, Luis Azevedo/Estúdio Z, Ezequiel/Arquivo, M. Alvarenga, Maria Mil-Homens e Sérgio Batista