Com a devida vénia, publicamos a crónica do nosso companheiro António Lúcio sobre o festival de segunda-feira passada na praça de Sobral de Monte Agraço, dada à estampa no seu site "Barreira de Sombra", com fotos de Fernando Clemente, a quem agradecemos também a pronta e sempre prestável colaboração. Ao início do espectáculo, homenageou-se Juan José Padilla (que esteve no Sobral na qualidade de apoderado do jovem Manuel Perera), a quem o público tributou calorosa ovação
O festival deste 25 de Abril de 2022 em Sobral de Monte Agraço foi um interessante espectáculo do ponto de vista dos bons momentos que se viveram mas não encheu a praça como seria expectável pois os cavaleiros anunciados são, garantidamente, a garantia de um bom futuro e os restantes toureiros têm provas dadas e mereciam maior presença de público.
Joaquim Brito Paes abriu praça frente a um novilho bem composto, de Alves Inácio, e recebeu-o bem até deixar colocado para o primeiro comprido, que foi bom e bem rematado. Com os curtos, a fase final foi em crescendo e o último de muito boa nota em sorte frontal bem desenhada.
António Telles (filho) lidou bem um novilho de Alves Inácio que buscou querenças em tábuas mas que, depois de bem colocado, permitiu um primeiro curto de muito boa nota, em curto. Os restantes e com o novilho a procurar tábuas, foram deixados a sesgo, com mérito.
Em terceiro lugar actuou Tristão Ribeiro Telles que deixou os melhores compridos da tarde, com segurança. Dois bons curtos em sortes frontais bem executadas, mais dois de violino e um de palmo que chegaram ao público foram o resultado desta boa actuação em Sobral. Lidou um novilho de Alves Inácio.
Para as pegas saltaram à arena os Forcados Amadores de Alcochete. Boas pegas de caras por intermédio de João Maria Pinto (à primeira), Henrique Teixeira Duarte muito bem à primeira e João Dinis a consumar com raça à segunda.
No toureio a pé lidaram-se reses de Varela Crujo. O quarto da tarde, bem rematado de carnes e larga cornamenta, foi de suaves e nobres investidas e com ele o matador Curro Díaz (foto de cima) esteve sublime, pois desde as templadas e bem desenhadas verónicas ao toureio de muleta tudo foi feito ao ralenti, templadíssima a faena de muleta, tal quanto as investidas do toiro, a que faltou sal e um pouco de transmissão para que tudo se alcandorasse a um nível ainda superior. Mas soube bem esse toureio tão lento, tão ao ralenti, tão acompassado. Enhorabuena ao toureiro pela sua atitude e entendimento das qualidades do exemplar que lhe tocou em sorteio.
Manuel Dias Gomes não teve um quinto bom, antes pelo contrário já que desde que saiu à arena mostrou-se complicado nas suas investidas. As verónicas com que o recebeu foram de muito boa execução e a chegar ao público. Depois o exemplar de Varela Crujo começou a mostrar pouca fijeza nas investidas e Manuel soube aproveitar o pouco que de bom tinha em alguns passes pelos dois pitons, não se livrando de um susto sem consequências.
No sexto lugar actuou o novilheiro espanhol Manuel Perera, que não pode luzir-se de capote frente a um toiro complicado e que não melhorou muito na muleta. O ofício do jovem novilheiro sacou-lhe a faena possível, baseada na mão direita, e com alguns muletazos de boa nota, acabando a faena em terrenos de muita proximidade e o público aplaudiu a sua entrega.
O espectáculo foi dirigido por Ana Pimenta, de forma correcta e assertiva, assessorada pelo veterinário Jorge Moreira da Silva.
António Lúcio
Fotos Fernando Clemente/www.parartemplarmandar.com
Joaquim Brito Paes |
Primeira pega do Grupo de Alcochete, à primeira, por João Maria Pinto |
António Ribeiro Telles (filho) |
Henrique Teixeira Duarte pegou à primeira |
Tristão Ribeiro Telles de Queiroz |
Terceiro novilho pegado à segunda por João Dinis |
Curro Díaz |
Manuel Dias Gomes |
Manuel Perera |