A Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos fez chegar ontem ao início da noite às Redacções um oportuno e esclarecedor comunicado - subscrito pelo seu presidente Paulo Pessoa de Carvalho - onde, clara e nitidamente, aconselha os seus associados a "ficarem quietos" e a deixarem em branco o concurso para adjudicação da Monumental do Montijo - denominada praça "Amadeu Augusto dos Santos", mas a que a APET chama erradamente no seu comunicado Monumental "Amadeu dos Anjos"... haja mais atenção quando se emitem tão importantes comunicações como esta!
Neste comunicado, a APET refere que "tem acompanhado com natural atenção o que tem acontecido de ano para ano nos concursos para as adjudicações das praças de toiros, tendo sido inúmeras as vezes que teve vontade de se manifestar sobre o tema", considerando que "chegou agora essa hora".
"A nossa actividade é livre e não podemos interferir directa ou indirectamente na decisão dos proprietários das praças de toiros, nem tão pouco fazer o mesmo com os nossos associados no que respeita à decisão de concorrer ou não a concursos, por mais desajustadas e desenquadradas da realidade do negócio que nos possam parecer as condições dos mesmos" - acrescenta a APET, esclarecendo:
"No entanto, deve a APET fazer e aconselhar que seja feita, uma reflexão da recente evolução dos valores das rendas de algumas praças de toiros, pelo simples facto de as mesmas, por si, inviabilizarem uma gestão com resultados financeiros operacionais que sustentem num futuro próximo a actividade empresarial tauromáquica".
E acrescenta:
"Repetimos que não queremos e não podemos interferir na gestão directa ou indirecta dos nossos associados e das suas empresas, mas devemos alertar para os riscos elevados que um arrendamento desadequado ou exagerado da realidade do negócio possa trazer, com efeitos letais no curto médio prazo para a actividade".
E, a propósito do aumento exagerado do valor mínimo de licitação fixado pela Santa Casa da Misericórdia para a adjudicação da Monumental do Montijo por dois anos (passou de 80 mil para 100 mil euros!...), opina a APET, aconselhando os empresários a não concorrerem:
"Existem praças de toiros em Portugal que têm rendas exageradas e absurdas para a realidade do seu valor/rendimento, existem empresas que insistem em candidatar-se à gestão dessas mesmas praças, quer proprietários, quer arrendatários estão no seu direito, mas não podemos deixar de dar um alerta de que a breve trecho estas atitudes terão consequências fatais".
"Este nosso comunicado surge após conhecidas as condições para a exploração da Praça de Toiros ‘Amadeu dos Anjos’, Montijo, para o biénio 2024/2025 as quais são na nossa perspectiva exageradas e desajustadas, acreditamos que o concurso poderá ficar em branco, mas mais do que acreditar nisso, gostaríamos que por estes valores ficasse mesmo, isso seria uma tomada de atitude coincidente com o que o nosso mercado suporta".
A terminar o comunicado, a APET refere que "deve existir um equilíbrio da actividade tauromáquica". E acaba assim:
"Não nos podemos descapitalizar por um lado para ficarmos limitados por outro, este negócio tem que ser feito com equilíbrio, com bom senso, com visão e estratégia para o futuro. Claro que rendas inversamente baratas também não são o caminho, em tudo tem que existir um equilíbrio e a atividade tauromáquica não é uma excepção".
Foto D.R.