Patrícia Sardinha ("Sector 1") e Luis M. Pombeiro (Ovação e Palmas). Em baixo, os cinco protagonistas do Jantar/Tertúlia: Ana Batista, Pedro M. Gomes, Rui Salvador, Nuno Megre e Joaquim Grave |
Unidos em torno de um objectivo e de um rumo comuns - levar o projecto Campo Pequeno a bom porto, aumentar o número de corridas e não deixar que a tauromaquia acabe na sua Catedral - muitos aficionados encheram ontem a sala do mais taurino de todos os restaurantes da zona do Campo Pequeno, o "Aqui ao Lado" na Rua de Entrecampos no primeiro Jantar/Tertúlia deste ano do Grupo Tauromáquico "Sector 1".
Foi um belo serão com casa cheia e onde se falou de toureiros e toiros, mas sobretudo das quatro corridas que constituem a temporada do Campo Pequeno, a primeira das quais já na quinta-feira da próxima semana, 4 de Julho.
Já no ano passado tinham constituído um sucesso os jantares/tertúlia promovidos pelo grupo tauromáquico presidido por Patrícia Sardinha para debate e promoção de cada um dos elencos da temporada lisboeta.
Desta vez, optou-se por um primeiro jantar em que se falou das quatro corridas e depois haverá um segundo na primeira semana de Agosto, a anteceder a segunda corrida do abono (8 de Agosto), que será transmitida em directo pelo canal espanhol OneToro e na qual, divulgou ontem o empresário Luis Miguel Pombeiro, sempre será feita a homenagem (que estava em standby à espera de se saber se o homenageado poderia estar presente e, afinal, pode) ao rejoneador, ganadeiro e coudeleiro Fermín Bohórquez (que ontem esteve representado no jantar pelo antigo cavaleiro Jorge D'Almeida, seu particular amigo), bem como à memória de seu pai, o também rejoneador Fermín Bohórquez Escribano.
No jantar de ontem foram protagonistas cinco representantes dos quatro cartéis da temporada lisboeta: o ganadeiro Joaquim Grave e o histórico forcado Nuno Megre (primeira corrida); a cavaleira Ana Batista (cabeça de cartaz da segunda nocturna, a 8 de Agosto); o cavaleiro Rui Salvador (que se despede da aficion lisboeta na terceira corrida, a 22 de Agosto); e Pedro Maria Gomes, cabo do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa (que comemora 80 anos na última corrida, a 6 de Setembro, a noite de despedida de Pablo Hermoso de Mendoza da aficion portuguesa).
Nuno Megre, uma referência dos Forcados, que será homenageado na próxima quinta-feira juntamente com outra glória, João Cortes, foi ontem o primeiro a usar da palavra, depois de Patrícia Sardinha, presidente do "Sector 1", abrir este agradável noite de tertúlia.
Com a simplicidade de sempre, o histórico forcado dos Amadores de Santarém manifestou o seu agradecimento por este tributo e este reconhecimento que, até hoje, nunca lhe foi feito por ninguém - a não ser pelos aficionados e pelos companheiros.
Joaquim Grave, também ele antigo forcado do Grupo de Santarém e companheiro de Megre nesses tempos de ouro, confessou que admirou grandes forcados e um deles foi precisamente João Cortes, que na próxima quinta-feira também é homenageado, mas referiu que "nunca vi outro pegar como pegava o Nuno Megre", momento em que todos os presentes explodiram numa fortíssima ovação ao recordado ícone da arte de bem pegar toiros.
Joaquim Grave falou depois sobre o curro para a corrida inaugural do abono, com a fluência e a seriedade com que sempre se expressa, informando que "estão bonitos e sem excesso de peso" os toiros que vai trazer na próxima quinta-feira ao Campo Pequeno, frisando que entre o cavaleiro João Moura Júnior e os toiros Murteira Grave existe há muito tempo uma importante simbiose que é, à partida, garantia de sucesso; e que Marcos Bastinhas é um toureiro que "afina pelo mesmo diapasão" de seu Pai, o saudoso Joaquim Bastinhas, que era um cavaleiro recordista no que diz respeito à lide de toiros desta histórica ganadaria.
Por fim, Joaquim Grave - e depois também o empresário Pombeiro o fez - congratulou-se com o facto de o jovem António Ribeiro Telles Filho se apresentar este ano no Campo Pequeno com toiros Murteira Grave, sem procurar "facilidades".
E tanto o ganadeiro, como a seguir o empresário, fizeram referências especiais ao sempre emotivo derby entre os forcados de Santarém e Montemor, que vai ser também um dos grandes motivos da afluência de público às bancadas da Catedral nesta primeira corrida de 2024.
Seguidamente, o empresário Luis Miguel Pombeiro voltou a defender a sua "dama" e reafirmou que "os cartéis são os cartéis ideais", recordando que "em quatro corridas não se podem incluir todos os toureiros e todos os grupos de forcados que mereciam estar", sublinhando por várias vezes, na sua intervenção, que lamentava a ausência de toureio a pé e sobretudo do matador Manuel Dias Gomes, que em 2023 triunfou em Lisboa, explicando que "foi uma opção empresarial" não promover este ano uma corrida mista - que poderá voltar certamente no próximo ano.
Entrou Pombeiro em alguns pormenores sobre os porquês de não virem a Lisboa grandes figuras do toureio espanhol, justificando que alguns "pedem cachet's que o Campo Pequeno não pode pagar, mesmo que esgote, sob pena de não sobrar dinheiro para depois pagar aos restantes intervenientes do cartel".
Luis Miguel Pombeiro, que esteve ontem ladeado pelo seu novo parceiro Samuel Silva (a representar a empresa Toiros com Arte, que esta temporada está associada à Ovação e Palmas), sublinhou a importância de o público acorrer ao Campo Pequeno em força nas quatro corridas, esgotando a lotação da praça, "para mostrarmos a nossa força" e "podermos depois solicitar mais datas à administração do Campo Pequeno".
"Este ano tentei que fossem cinco corridas, mas não foi possível, dado o grande número de espectáculos que a administração do Campo Pequeno tem agendados. Espero para o ano poder fazer cinco ou seis, mas isso depende, em muito, da adesão do público a estas quatro corridas. Se não vierem, que moral temos nós depois para sensibilizar os administradores da empresa a disponibilizaram mais datas para as corridas?" - questiona Pombeiro.
Falou de seguida a cavaleira Ana Batista, cabeça de cartaz da segunda corrida do Campo Pequeno (8 de Agosto), que exaltou o novo cavalo da sua quadra, com o ferro de Pablo Hermoso de Mendoza, que veio dar um novo alento à sua já brilhante carreira, mostrando-se muito satisfeita e segura com o excelente momento que está a atravessar.
Lembrou que o célebre cavalo "Cagancho", que foi a grande glória dos primeiros anos de Pablo Hermoso como figura, pertencia a seu Pai e que "depois de Pablo ter brilhado e tido um cavalo tão importante que saíu cá de casa, sempre sonhei também um dia ter um cavalo da casa de Pablo e ele cá está".
Rui Salvador expressou depois a ansiedade de ainda não ter percebido o que vai sentir no momento em que deixar de tourear e recordou em breves palavras muitas das sensações que "inundam" toda a história da sua brilhante carreira em que cumpre nesta temporada de despedida quarenta anos de alternativa.
"Ainda não imaginei o que vou sentir quando tourear a última corrida", disse o cavaleiro de Tomar, sem deixar de dedicar algumas palavras de apreço ao homem, ao amigo e ao apoderado de sempre, José Carlos Amorim - que há dias confessou ao "Farpas" que se retira também e não volta a apoderar mais nenhum toureiro.
Depois de alguns polémica que, há uns meses atrás, envolvia a anunciada ausência do cavaleiro tomarense na temporada lisboeta, situação que a empresa ultrapassou "em cima da hora" e mesmo na véspera de anunciados os cartéis, Rui Salvador ressalvou a importância de marcar presença nesta temporada na praça onde se doutorou há quatro décadas e agradeceu publicamente aos empresários.
Falou por fim Pedro Maria Gomes, cabo dos forcados Amadores de Lisboa, manifestando a importância de celebrar o 80º aniversário do grupo actuando em solitário frente aos seis toiros da ganadaria António Charrua na última corrida (sexta-feira 6 de Setembro), sendo esta a noite de despedida da aficion portuguesa de um toureiro tão importante como Pablo Hermoso de Mendoza.
Aproveitando a presença do empresário Samuel Silva, da empresa Toiros com Arte, este ano parceira da Ovação e Palmas de Pombeiro e responsável pela gestão de várias outras praças de toiros nacionais, Pedro Maria Gomes apelou a que também levassem o seu grupo de forcados a esses outros palcos, "pois é importante que se saiba noutras zonas do país que Lisboa tem um bom grupo de forcados".
Já no período de perguntas, e como referimos aqui anteriormente, José Caetano Pestana, conhecido aficionado e antigo assessor da presidência da Câmara Municipal de Lisboa, lembrou que sempre foi norma, pelo menos enquanto presidiram à edilidade Jorge Sampaio, Pedro Santana Lopes e João Soares, existir um forte apoio da autarquia ao grupo de forcados da capital, questionando o cabo sobre se isso também se passa agora por parte do presidente Carlos Moedas.
E, como aqui referimos, Pedro Maria Gomes deu conta de que o presidente da Câmara já foi convidado para estar no Campo Pequeno na noite de 6 de Setembro, mas ainda não respondeu ao convite. E disse que também foi endereçado convite ao Presidente da República, que informou não poder estar presente.
Usaram ainda da palavra outros presentes, entre os quais o crítico Joaquim Tapada, o aficionado e dirigente benfiquista Domingos Almeida Lima, e Miguel Alvarenga, que teve palavras de apreço e elogio para o empresário Luis Miguel Pombeiro e para todos os artistas presentes e muito em particular para Nuno Megre, "um forcado que me habituei a admirar e a aplaudir e que vou poder voltar a aclamar na próxima quinta-feira, assim como ao João Cortes" e que depois manifestou o interesse que todos teriam, certamente, em também ouvir o empresário Samuel Silva, que até então "esteve sempre calado".
Samuel aceitou o desafio e disse de sua justiça, realçando que, como já Pombeiro dissera, "não foi possível trazer em quatro corridas todos os toureiros que gostávamos de ter nos cartéis", mas que "foi feito um esforço para que todos os elencos tenham interesse e importância", reafirmando que está na actividade empresarial com o seu sócio Jorge Dias e agora também com o parceiro Luis M. Pombeiro com "a vontade e a decisão de servir a tauromaquia e tentar engrandecê-la".
Fotos M. Alvarenga e D.R.
Patrícia Sardinha |
Luis Miguel Pombeiro |
Nuno Megre e Joaquim Grave |
Rui Salvador, Ana Batista e Pedro Maria Gomes |
Luis Oom, antigo forcado dos Amadores de Montemor |
Jorge D'Almeida, Cristina Padre e Matilde Vieira Faria |
Samuel Silva e Rui Salvador |
Nuno Megre agradeceu à empresa do Campo Pequeno a homenagem que lhe vai ser feita |
Vera Vieira, Luis M. Pombeiro e Samuel Silva |
Joaquim Grave a falar dos seus toiros para 4 de Julho |
Sala cheia ontem no Restaurante "Aqui ao Lado" |
Miguel Alvarenga, José Luis Gomes, José Caetano Pestana e Fatucha Pinto Bessa |
Mais dois aspecto da sala neste primeiro Jantar/Tertúlia do Grupo Tauromáquico "Sector 1" |
Ana Batista durante a sua intervenção |
Nuno Megre, glória icónica dos Forcados |
Animado serão taurino ontem no mais taurino dos restaurantes da zona do Campo Pequeno, o "Aqui ao Lado" |
Domingos Almeida Lima, António Mascarenhas e Paula Figueiredo |
Luis Oom e seu tio, o crítico Joaquim Tapada |
Francisco Cabral, presidente da Real Tertúlia D. Miguel I, e seu filho Francisco |
A jovem cavaleira Mariana Avó |
Rui Salvador no uso da palavra |
Pedro Maria Gomes no momento da sua intervenção |
Luis Oom, Joaquim Tapada (a falar), Guilherme Pombeiro e José Jorge Pereira |
Samuel Silva falou no fim - mas falou bem. Os últimos são os primeiros - cumpriu-se o velho ditado |
Francisco Mendonça Mira e Miguel Alvarenga - um brinde ao sucesso do Campo Pequeno! |