Na página da ganadaria Murteira Grave na rede social Facebook, o ganadeiro Dr. Joaquim Grave (na foto, domingo passado no Montijo, com o empresário Jorge Dias, recebendo o prémio de bravura do Concurso de Ganadarias) fala, um a um, dos toiros - e das expectativas que tem em cada um - que amanhã, quinta-feira, vão sair à mítica arena da praça do Campo Pequeno na corrida de abertura da nova temporada. Vão ser lidados pelos cavaleiros João Moura Júnior, Marcos Bastinhas e António Ribeiro Telles Filho e pegados pelos eternos rivais Amadores de Santarém e Amadores de Montemor.
Caros amigos, na próxima quinta-feira 4 de Julho (amanhã), a ganadaria Murteira Grave lidará uma corrida no Campo Pequeno. Foi, é e será sempre uma praça especial para Murteira Grave, onde já lidou até ao presente 285 toiros desde o já longínquo 1 de Outubro de 1951 quando saiu para o Califa de Alcácer, João Branco de Núncio, o toiro Sevillano n.º 19.
É uma corrida muito bonita de hechuras com tipo de investir. Vejamos toiro por toiro.
Nº 10 – Sinatra – negro mulato listón. Hechuras perfeitas que fazem as delícias de qualquer toureiro; baixinho, cabeça harmoniosa, de cornamenta simétrica e de comportamento discreto no campo, o que me agrada particularmente. Presumo que, pelo menos nos capotes, terá uma boa investida. Esperemos que provoque no público vozes que façam jus ao seu nome.
Nº 13 – Azahar – negro, bragado meano. É o toiro que tem a cornamenta menos bonita, mas pela família donde vem pode espalhar o perfume do nome que tem (flôr de laranjeira). Toiro que gosta de estar sózinho, com personalidade, sem muitos amigos no campo. Presumo que não será suave..., mirada forte!
Nº 24 – Cokito – negro. É talvez o toiro com mais cara da corrida. Não é um toiro muito reunido, um pouco alto. Um toiro que nunca se meteu em lutas, vivendo sem problema em vários grupos de companheiros. Uma boa reata de uma família com pergaminhos nesta casa.
Nº 27 – Guadaira – negro, bragado corrido salpicado. Magnífico exemplar, bonito por donde quer que se olhe! Dorso recto, um palmo de mãos, cabeça equilibrada, peito forte. Prevejo-lhe uma investida humilhada e nobre.
Nº 56 – Grullo – negro, mulato, bragado meano e axiblanco. Dos toiros mais pesados da corrida, sem ser exagerado. Tem um irmão semental em Galeana, irmão de mãe. Não é líder, é um dos toiros mais “agradáveis” por diante, embora seja comprido e dos mais gordos da corrida.
Nº 59 – Três Copas – negro mulato, bragado meano. Não pode ser mais bonito, também muito baixo a pedir enganos por diante. Talvez seja de extremos, ou muito bravo ou muito manso. Humilhará bastante.
Nº 62 – Corsário – negro bragado corrido. Toiro cornialto (inserção dos cornos mais alta). Tem mais cara, mas é o toiro que sai da corrida, menos homogéneo, mais alto, com mais praça, mas menos reunido.
Nº 68 – Lince – negro mulato bragado corrido. Toiro muito reunido, com menos cara, mas também baixinho com tipo de investir.
Nº 75 – Alferes – negro mulato chorreado. O mais gordo da corrida, talvez demasiado para o meu gosto - e o mais comprido. Não tem muita cara, em contrapartida tem uma mirada mais suave que indicia nobreza.
Destes nove toiros, sairão os seis titulares. Uma corrida no estado de carnes que gosto e, repito, com tipo de investir.
Gosto do cartel, João Moura, Jr., Marcos Bastinhas, dois jovens já quase veteranos e o António Ribeiro Telles, esse sim, jovem a querer romper definitivamente, será a primeira vez que verá um Murteira Grave por diante na arena do Campo Pequeno. Que Deus os acompanhe e triunfem forte!
Quanto aos forcados, o prato não podia estar melhor servido!! Ambos os grupos têm matéria humana para nos darem uma excelente noite de toiros. Rivalidade a top! Mas sempre com a amizade a reunir.
Que Deus reparta sorte!
Galeana, 3 de Julho de 2024
Joaquim Grave
Foto D.R./Montijo Arena