Ao final da manhã de hoje, domingo, continuava em estado crítico e sem esperança de recuperação, o malogrado forcado Francisco Matias, de 25 anos, elemento do Grupo de Portalegre, vítima de colhida fatal durante um treino realizado ontem de manhã no tentadero da localidade de Esperança (Arronches), a quem os médicos diagnosticaram já morte cerebral, estado que é considerado clínicamente irreversível e que só pode mesmo ser invertido por um milagre.
Os orgão vitais do forcado, ligado ao ventilador para se manter vivo, cessaram as suas funções por volta das duas da manhã, obrigando a equipa médica que o assiste - e que tem sido incansável - a ensaiar uma delicada manobra de reanimação, que resultou positiva. Mesmo assim, o estado de Francisco Matias (animador cultural num lar de idosos em Tolosa e membro dos Forcados de Portalegre há duas temporadas) é considerado "desesperante" e "as esperanças de o salvar são zero", reafirmou esta manhã ao "Farpas" António José Baptista, antigo cabo-fundador dos Amadores de Portalegre e que desde ontem tem acompanhado de perto e em permanência o evoluir de mais esta tragédia no seu grupo, onze anos depois de outro forcado, Pedro Belacorça, ter morrido em consequência de um acidente sofrido no Campo Pequeno (bandarilha cravou-se-lhe no peito quando dava ajudas numa pega) numa corrida comemorativa da inauguração da Expo-98.
No Hospital de São José, em Lisboa, para onde Francisco Matias foi ontem transferido ao início da noite num helicóptero do INEM, depois de assistido inicialmente no Hospital de Portalegre, continuavam esta manhã familiares do forcado e companheiros do seu grupo, esperando por notícias e acompanhando, em clima de compreensível angústia, o drama que lhes bateu à porta na manhã de ontem.
"Os médicos aguardam a evolução do estado de Francisco Matias durante as primeiras 48 horas que se seguem ao acidente (e que se cumprem amanhã, segunda-feira) para se pronunciarem de novo, mas infelizmente já nada há a esperar", informa António José Baptista.
O valente forcado de Portalegre, internado na Unidade de Neurociruguia de S. José (a mesma onde esteve hospitalizado, acabando felizmente por recuperar, o também forcado Simão da Veiga, de Montemor, filho do famoso cavaleiro Luis Miguel da Veiga, vítima de colhida em Beja há quatro anos) mantém os orgãos em funcionamento por estar ligado à máquina. Trata-se de um "prolongamento artificial de vida" e que não tem nunca retorno quando o cérebro morreu.
Foto D.R.