domingo, 15 de março de 2009

Não há semelhanças com o "Caso Varela Crujo"



Um médico explicou hoje ao "Farpas" que a situação clínica do forcado Francisco Matias "não tem qualquer tipo de semelhanças" com o tristemente célebre caso do cavaleiro alentejano José Francisco Varela Crujo, que morreu cinco anos depois de ter sofrido grave colhida na arena do Campo Pequeno.
Varela Crujo ficou em estado de coma vigil, "espécie de semi-consciência" marcada por graves lesões cerebrais irreversíveis (sem recuperação possível), mas que permitia ao toureiro, por exemplo, permanecer sentado, abrir os olhos e mesmo gesticular, muito embora estivesse "longe de tudo e de todas e da própria realidade". O mesmo estado em que permaneceu durante 17 anos a italiana Eluana Englaro, recentemente falecida após uma complicada batalha judicial para que fosse praticada, a pedido da família, a eutanásia, ou seja, a provocação da morte através do desligamento da máquina que a mantinha artificialmente viva.
O triste caso do forcado Francisco Matias assemelhe-se mais ao do desditoso cavaleiro Joaquim José Correia "Quim-Zé" (foto da direita), que na tarde de 16 de Outubro de 1966 sofreu aparatosa queda na arena de Lisboa, sendo transportado ao Hospital de Santa Maria, onde também lhe foi diagnosticada "morte cerebral", acabando por falecer poucas horas depois do acidente.
O evoluir da medicina e das tecnologias de manutenção de vida artificial a um doente cujo cérebro já tenha cessado todas as suas funções (infelizmente, o caso do jovem forcado que ontem de manhã sofreu grave colhida durante um treino) justificam, neste momento dramático, que o desenlace fatal não se tenha ainda verificado. Todavia e como temos vindo a noticiar, o estado do forcado Francisco Matias é crítico e não existe esperança de uma evolução favorável. "Só um milagre mesmo o pode salvar", como ainda há pouco dizia ao "Farpas" o cabo-fundador do Grupo de Portalegre, António José Baptista.

Fotos D.R./Arquivo "Farpas"