
O jornalista-toureiro estreou-se este fim-de-semana na arena do Campo Pequeno e na mesma hora decidiu pôr termo ao sonho de um dia ser glória nas praças de toiros. Um artigo exclusivo para os leitores do "Farpas", onde dá conta da sua inesperada decisão.
"Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como a bola colorida
Entre as mãos duma criança"
Não foi com uma bola colorida, mas antes
com uma muleta encarnada (oferecida pelo matador David Mora), que realizei o
meu sonho de dar uns "muletazos", na arena do Campo Pequeno, aquela
em que tudo começou no domingo de Páscoa do longínquo ano de 1992, tinha eu
apenas 6 anos... 20 anos depois, nervoso, atrapalhado e com lágrimas de alegria
a escorrer pela face... concretizei o sonho de pisar o "ruedo" da
principal praça do país, vestido de toureiro diante de uma rês brava!
Ao longo dos últimos meses, tive o
prazer e o orgulho de frequentar a Academia de Toureio do Campo Pequeno, uma
das melhores iniciativas realizadas na "monotonia" do nosso Portugal
taurino. Uma academia onde impera o respeito pelos professores e por todos os
profissionais da Festa Brava. Uma escola de toureiros, de aficionados e acima
de tudo de homens e mulheres que hão-de fazer deste mundo taurino, um mundo
melhor!
Obrigado aos Maestros Rui Bento, José
Luís Gonçalves e Américo Manadas, professores da academia e Amigos para o resto
da vida. Um obrigado muito especial a um grande aficionado, de seu nome
Fernando Clemente, que de forma desinteressada captou momentos que hão-de ser
eternos, porque "uma imagem vale muito mais que mil palavras".
Obrigado aos ganadeiros que me receberam em sua casa e proporcionaram dias
mágicos vividos no campo. E um agradecimento muito especial a todos os alunos
da Academia do Campo Pequeno. Toda a sorte do mundo para vocês e nunca se
esqueçam, tal como iniciei este texto (com um excerto do poema "Pedra
Filosofal" de António Gedeão), que o sonho comanda a vida!
Digo "adeus" às arenas, mas
não às praças de toiros! Os conhecimentos adquiridos e as experiências vividas
nos últimos meses, servem para compreender melhor o que sentem todos aqueles
que se vestem de toureiro. Conhecimentos esses, que vou aplicar no jornalismo
taurino e na minha vida enquanto aficionado, porque antes de mais nada é isso
que sou!
Toureiro por um dia e aficionado para a
vida inteira!
Um bem haja a todos,
Diogo Marcelino
Fotos D.R.