quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A minha "aventura" na Monumental Plaza México


Miguel Alvarenga - Esta foto foi tirada pelo Xico Costa (que integrava os Forcados Lusitanos, chefiados por Fernando Hilário) quando em Janeiro de 1981 entrei pela primeira vez na maior praça de toiros do mundo, a Monumental do México - um monumento que arrepia qualquer um.
Por fora, a praça é, nos seus muros, mais baixa, por exemplo, que a de Santarém. Está incrivelmente "escavada", entra-se pelas últimas filas de cima e vai-se descendo. Arrepia, chega a dar vertigens, acreditem!
Os toureiros, cavalos, toiros, etc, têm para seu acesso ao páteo de quadrilhas, aos curros e demais instalações, um enorme corredor que circula praticamente a praça e que vai descendo até à arena.
Nesse ano de 1981, acompanhei com os também críticos taurinos João Mascarenhas e Luis de Castro (sobrinho do ganadeiro Ernesto de Castro e que anos mais tarde abandonou a escrita) a digressão ao México dos Forcados Lusitanos - um grupo magnífico composto, para além dos já citados Hilário e Costa, por grandes forcados como o António Lapa (de Salvaterra), o Fazé (Francisco Araújo), o António Santos (que viria depois a falecer em Albufeira, quando era cabo dos Amadores de Aveiras e que foi meu companheiro de quarto durante cerca de um mês no Hotel Palace, da Cidade do México, o hotel dos toureiros, onde estava também o matador e hoje apoderado Curro Vásquez, nos seus inícios de carreira, que era nosso companheiro diário de uns magníficos pequenos-almoços à base de fruta tropical), o Mendes (de Salvaterra), o Vasco Belmonte e o Silvino Bento.
Pegaram em várias praças, entre as quais as de Aguascalientes, Morélia e na Plaza México - que encheu por completo nessa tarde e cheia, meus amigos, é uma coisa de arrepiar. Foi nessa digressão que conheci e almoçámos no seu rancho (herdade) o saudoso cavaleiro de Sousel, Pedro Louceiro, que ali vivia há muitos anos e que vira ainda tourear em Portugal, mas com quem nunca falara. Também Enrique Fraga, hoje rejoneador e actual apoderado de Ana Batista no México, que nesse tempo era matador de toiros e casado com a filha de Louceiro. Em Morélia conheci e tirei fotos ao lado do histórico matador de toiros Gregório Garcia (entretanto falecido), que foi figura em Portugal nos anos 40.
Visitei pela primeira vez a Monumental do México nas vésperas da corrida em que os Forcados Lusitanos ali pegaram (com êxito enorme), na companhia do cabo Fernando Hilário, do Francisco Costa, do João Mascarenhas, do Luis Castro e do então matador de toiros português Fernando Pessoa, que ali estava também a viver e a tentar a sua sorte. Acompanhou-nos o histórico empresário da Plaza México, já falecido, Rodolfo Gaona. Foi um dia e um momento inesquecível, de que guardo algumas fotos históricas.
No dia da corrida, assisti na trincheira com o João Mascarenhas e o Luis Castro. É uma sensação única olhar para cima e ver aquela "monstruosidade" de praça que alberga, cheia, 48 mil espectadores! Quando o toiro sai, a praça inteira grita "olééé´!", coisa fantástica que jamais esquecerei.
A esta Monumental, que no próximo fim-de-semana comemora 66 anos de existência e por onde passaram grandes figuras do toureio português, a maior de todas Manuel dos Santos (que é um dos toureiros que tem uma estátua no exterior da praça), regressei poucos anos mais tarde, em 1986, com Fernando Camacho, onde assisti a mais três ou quatro corridas. É uma coisa do outro mundo ver uma corrida nesta praça!

Foto D.R.