quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Plaza México: dados curiosos da inauguração em 1946

5 de Fevereiro de 1946, corrida inaugural da Monumental Plaza México, a maior praça de toiros do mundo
"Manolete" cortou a primeira orelha da corrida inaugural em Fevereiro de 1946. O famoso
diestro cordobés morreria um ano depois em Lianres, colhido por um toiro Miura
Luis Castro "El Soldado" foi autor da primeira faena há 66 anos
na arena da Plaza México
Luis Procuna foi o primeiro mexicano a cortar uma orelha na corrida
de inauguração
Manuel dos Santos foi autor da proeza única de cortar dois rabos na mesma tarde, em Janeiro de 1950
A Plaza México foi mandadas contruir por um empresário de origem libanesa que construíu também o estádio de
futebol, edificado ao lado, gastando toda a sua fortuna nestas duas obras



A história da Plaza México, que este fim-de-semana comemora o 66º aniversário da sua inauguração, resulta apaixonante e cheia de momentos que fizeram deste cenário monumental um dos mais importantes do mundo taurino.
A ideia da sua construção foi concebida por um singular e visionário empresário de origem libanesa, nascido no México e que se chamou Neguib Simón - que empregou toda a sua fortuna na edificação da Plaza México e do estádio de futebol, denominado "Cidade dos Desportos", que fica mesmo ao lado. Ambas as construções ficam a escassos metros da Avenida de Los Insurgentes, a mais importante artéria da cidade do México.
Até ali, os aficionados assistiam às corridas na antiga praça de El Toreo, ainda existente e há anos utilizada como pavilhão desportivo para combates de boxe e outras provas. Esta praça situa-se no centro da cidade, na colónia (bairro) Roma.
A actual Plaza México, "esvacada" no solo, estilo cratera de um vulcão, foi desenhada pelo engenheiro Modesto Roland e é desde então a maior praça de toiros do mundo. Foi inaugurada a 5 de Fevereiro de 1946 (cartaz ao lado), depois de benzida pelo então Acebispo do México, D. Luis Maria Martínez, que deu a primeira volta ao ruedo.
O cartel da corrida inaugural era formado pelos matadores mexicanos Luis Castro "El Soldado", Luis Procuna e pelo espanhol Manuel Rodríguez "Manolete", já então a grande figura do toureio de Espanha e que no ano seguinte, em Agosto, morreria vítima de cornada em Linares.
Apesar da pontualidade com que se iniciam as corridas no México, rezam as crónicas da época que esta começou com um atraso de dez minutos, primeiro porque os aficionados não davam com a praça na cidade, localizada longe da anterior, depois porque tiveram dificuldade em encontrar os lugares na bancada...
Um enorme arranjo florar adornava a arena. Como dados históricos e estatísticos, recorde-se que o primeiro capotazo foi dado pelo bandarilheiro "Chato" Guzmán e a primeira vara (puyazo) pelo picador José Noriega "El Cubano", que sofreu também a primeira queda naquela arena. Foi também "Chato" Guzmán" quem pôs o primeiro par de bandarilhas. Bandarilheiro e picador pertenciam à quadrilha de "El Soldado", autor da primeira faena na actual Monumental do México.
Os toiros da corrida inaugural pertenciam à ganadaria de San Mateo, propriedade de António Llaguno e o toiro que abriu praça foi o "Jardinero", número 33, a quem José Medina abriu a porta dos "toriles" para que "estreasse" a nova arena.
"Manolete" cortou a primeira orelha na Plaza México ao toiro "Fresnillo", lidado em segundo lugar. O diestro de Córdoba vestia um traje tabaco e ouro.
No terceiro toiro da corrida, "Gaivoto", Luis Procuna cortou a segunda orelha da tarde e a primeira obtida por um diestro mexicano naquela praça.
O quinto toiro da corrida, "Peregrino", destinado a "Manolete" foi devolvido aos currais, indevidamente, segundo alegou depois o ganadero. Substituído pelo "Monterillo", proporcionou a "Manolete" uma boa faena e uma volta à arena, sem cortar orelhas, por ter "pinchado" a matar.
O resultado da corrida foi uma orelha para "Manolete" e outra para Procuna, numa tarde em que "El Soldado" não esteve à altura dos companheiros. A corrida foi presidida (dirigida) por Carlos Zamora, assessorado por Rosendo Bejar.
Venderam-se 41.262 bilhetes, 2.270 dos quais de barreira. A praça registou uma grande enchente, pese embora, se esgotava, tenha capacidade para 48 mil espectadores.
Ao longo dos últimos 65 anos, cortaram-se 126 rabos na Plaza México, o último dos quais há poucas semanas, obtido pelo matador mexicano Diego Silveti. Manolo Martínez detém o recorde de rabos cortados na Plaza México (10), enquanto que o português Manuel dos Santos cometeu a proeza única de cortar dois rabos na mesma tarde, em 29 de Janeiro de 1950, aos toiros "Goloso" e "Chato" da ganadaria Pastajé.
Os toureiros espanhóis que mais rabos cortaram na Monumental do México (três cada) foram o matador "Niño de la Capea" e o rejoneador Pablo Hermoso de Mendoza.

Fotos D.R.