O toureiro do Bombarral foi um dos cinco promotores da manifestação de amanhã dos Coletes Amarelos, mas no passado dia 18 abandonou o movimento |
Um grande ferro de Filipe Ferreira na praça da Póvoa do Varzim |
Filipe Ferreira em 2014, antes da alternativa, quando era entrevistado por Miguel Alvarenga para o "Farpas" e, em baixo, no ginásio |
Filipe Ferreira confirma ao "Farpas" que foi ele "quem deu início a esse movimento". Estamos a falar da manifestação de amanhã dos Coletes Amarelos e ele é o cavaleiro tauromáquico de que a imprensa tem falado nos últimos dias, sem nunca referir o nome, que integrou o grupo de cinco pessoas que convocaram no Facebook a revolta desta sexta-feira em todo o país
Momentâneamente retirado das arenas (desde 2015, mas afirma que tenciona reaparecer), Filipe Ferreira abandonou no passado dia 18 o movimento "Parar Portugal sob a forma de protesto" e escreveu no Facebook que estava farto e cansado dos rótulos que lhe puseram e das ofensas com que o bombardearam pelo facto de ser toureiro.
"Abandonei porque o meu irmão meteu um que eu tenho a certeza que é do PNR e eu não tenho interesse em ajuntamentos. Mas em Janeiro vou fazer outra situação parecida, mas diferente", disse ao "Farpas".
"Inicialmente, foi um grupo de cinco pessoas, que incluía um cavaleiro tauromáquico, um pasteleiro, um instrutor de artes marciais, um comercial e um operário, que a 3 de dezembro passado decidiu criar no Facebook o evento "Vamos parar Portugal como Forma de Protesto", marcado para o próximo dia 21 de dezembro, inicialmente apenas na A8, junto às portagens. Mas em poucos dias a "revolta nacional" disseminou-se e foram sendo também criados outros grupos a convocar protestos para outras cidades do País" - escreveu o "Diário de Notícias" a propósito da manifestação dos Coletes Amarelos convocada para amanhã, sexta-feira, em todo o país.
E ao longo das últimas semanas, sempre sem referir nomes, a imprensa e as redes sociais referiram sempre "um cavaleiro tauromáquico" entre o grupo de cinco pessoas que inicialmente convocaram a manifestação na rede social Facebook, juntamente com um pasteleiro, um instrutor de artes marciais, um comercial e um operário.
O "Farpas" investigou - e o cavaleiro tauromáquico referido pela imprensa, que entretanto abandonou o movimento, "cansado com os rótulos" que lhe puseram - extrema-direita, extrema-esquerda, comunista... - é Filipe Ferreira.
Natural do Bombaral e já afastado das arenas desde que em 2014 tomou a alternativa na praça das Caldas da Rainha apadrinhado pelo famoso Joaquim Bastinhas, Filipe Ferreira foi aluno de equitação de Mestre Luis Valença na Escola Equestre da Lezíria Grande, em Vila Franca de Xira, e em 2006 fez a sua apresentação em público como cavaleiro tauromáquico amador na Monumental de Albufeira, depois de se ter apaixonado pela arte do toureio e de ter lidado as primeiras vacas ao lado do também retirado cavaleiro António Manuel Pereira, também do Bombarral.
Fez a prova para cavaleiro praticante numa corrida realizada no Bombarral em praça portátil a 28 de Setembro de 2008 e preparava-se para receber a alternativa quando foi obrigado a a parar por graves motivos de saúde - de que se veio a recompor, felizmente, regressando às arenas em 2014, apoderado por Luis Miguel Pombeiro, que já anteriormente dirigira a sua carreira.
"Não tenho pressa, não venho salvar o mundo, quero apenas cumprir o meu sonho e seguir em frente, com humildade e respeito por todos", disse em 2014 antes de tomar a alternativa de cavaleiro tauromáquico numa entrevista ao "Farpas".
A alternativa de Filipe Ferreira, anunciado como "o cavaleiro do Oeste", teve lugar a 5 de Outubro de 2014 na praça de toiros das Caldas da Rainha na IV Corrida da Pêra Rocha do Oeste. Joaquim Bastinhas foi o padrinho do doutoramento do novo cavaleiro e completaram o cartel Marco José, Sónia Matias, Pedro Salvador, Gilberto Filipe e Francisco Parreira, assim como os Forcados Amadores de Alenquer, lidando-se toiros da famosa ganadaria Passanha.
Filipe Ferreira ainda participou em algumas corridas no ano de 2015, mas depois acabou por afastar-se das arenas. No início deste ano ainda chegou a anunciar a sua reaparição, mas não chegou a tourear.
Depois de ter sido, na realidade, um dos cinco promotores da manifestação dos Coletes Amarelos que amanhã quer "parar Portugal", inspirada no que aconteceu em Paris, Filipe Ferreira abandonou o movimento no passado dia 18, publicando um breve comunicado na sua página da rede social Facebook onde justificou as razões:
"Este comunicado serve de justificação por eu ter saído do movimento 'Parar Portugal sob a forma de protesto'.
"Infelizmente o povo português não sabe o que quer de facto. Cansei de ser apontado como extrema-direita depois que era da extrema-esquerda e até comunista me chamaram. Enfim, imensos rótulos desagradáveis. Mas o mais triste é o povo não saber distinguir as coisas, fui muito ofendido por ser cavaleiro tauromáquico: elites e lobbys taurinas. Ridículo .
"A ideia inicialmente era a pensar o bem do povo e não nada para ter proveito próprio. Dia 21 Portugal vai para a rua. Espero que todos tenham o dever de saber que não pode haver violência. Mas sim, devem sair para a rua na paz em forma de protesto. O movimento está bem entregue aos meus colegas. O dia vai ficar na história. Cumprimentos a todos".
Fotos D.R. e Emílio de Jesus