sábado, 4 de julho de 2020

Campo Pequeno: nem sim, nem sopas...

António Manuel Barata Gomes regressará... depois da má experiência
das exclusivas? Há quem diga que sim, há quem diga que tem os pés
bem assentes no chão e não volta a meter-se em aventuras...
O espanhol Carlos Zuñiga com o ganadeiro Romão Tenório fotografado
no dia em que foi empresário de Estremoz... por um dia. Em baixo,
Luis Miguel Pombeiro, o herói do momento, com Pablo Hermoso


A pandemia adiou e alterou tudo. O concurso para realizar seis corridas no Campo Pequeno vai decorrer a contra-relógio na próxima semana e os empresários estão renitentes. Há mesmo quem diga que isto "é uma maluqueira"... E que o concurso não é sim, nem é sopas...

Miguel Alvarenga - "É demasiado delicado para quem ali for meter a cabeça", diz-nos um empresário.
E é.
Álvaro Covões não podia fazer outra coisa a não ser, neste momento, promover de novo o concurso para as seis corridas no Campo Pequeno, ontem anunciado e que decorrerá em tempo recorde e a contra-relógio na próxima semana. O novo caderno de encargos pode ser levantado a partir de segunda-feira, dia 6, a entrega de propostas é três dias depois, dia 9 e a decisão final é anunciada 24 horas depois, a 10, próxima sexta-feira. Tudo demasiado à pressa, estilo Speddy González...
Alguns empresários consideram que é "mais um presente envenenado". Mais grave: a Plateia Colossal, a empresa de Covões que gere o Campo Pequeno, mantém o mesmíssimo preço por corrida que estava estipulado no anterior caderno de encargos, elaborado para uma situação normal - e não para um tempo de crise e pandemia: 29.850 euros, acrescidos de IVA à taxa legal, pelo aluguer de cada data. E diz que será aplicado um desconto de 25% se não for permitida a utilização de toda a lotação da praça.
Já se sabe, de antemão, que o não será. As novas normas da DGS. que rectificam as anteriores e deverão ser anunciadas já no início da próxima semana, permitem passar a utilizar 50% da lotação das praças. O que, pela lógica, deveria ter levado a Plateia Colossal a estipulat uma redução de 50% no valor decretado - e não de apenas 25%. Primeiro erro.
Ao contrário do que acontecia há três meses, antes da pandemia tomar conta das nossas vidas e quando até se deu ao luxo de afirmar que os toiros não eram o seu negócio, agora Álvaro Covões precisa dos toiros - e do dinheiro dos homens dos toiros. O Campo Pequeno está parado, sem concertos programados para os próximos meses, só terá os primeiros na última semana de Setembro. E até lá, dará um jeito enorme ao empresário ocupar o espaço com touradas - e receber o dinheiro das touradas.
Há quem defenda que o concurso poderia - e deveria - ter sido promovido mesmo durante os tempos do confinamento, "para adiantar serviço" e já ter neste momento um vencedor encontrado. Custa agora a crer que o empresário que for anunciado na próxima sexta-feira, dia 10, vá a correr anunciar uma corrida para oito ou quinze dias a seguir no Campo Pequeno.
E se as seis corridas terão que decorrer entre a segunda quinzena de Julho (agora já!) e a primeira semana de Setembro (período em que a praça não tem concertos anunciados), isso obrigará, por exemplo, a que se dêm quatro corridas nas quatros quintas-feiras de Agosto - o pior mês, em que as pessoas estão de férias e em que, ainda por cima, se realizam por cá os jogos de futebol da Champions.
Haverá empresários dispostos a arriscarem e a darem tamanho tiro no pé?...
À partida, e ainda em circunstâncias normais, dizia-se que havia vários candidatos perfilados na corrida ao Campo Pequeno e alguns deles chegaram mesmo a entregar as suas propostas em Março, antes da pandemia. Resta saber se as manterão, se as rectificarão na próxima semana ou se pura e simplesmente dão um passo atrás e não entram naquilo a que muitos consideram ser "uma maluqueira".
Falava-se em vários nomes. E até em estranhas sociedades. Por exemplo:

- Rafael Vilhais, por exemplo, dizia-se que concorreria associado a António Manuel Barata Gomes (que teve uma estreia empresarial algo atribulada há uns anos com a célebre história das exclusivas) e que nesse grupo poderia estar também José Melo Pinto, o arquitecto que realizou corridas de toiros em Macau com Rui Salvador.

- Ricardo Levesinho poderia ser outro candidato. E falou-se numa hipotética associação do agora presidente da APET com o empresário espanhol Carlos Zuñiga e com a família Ribeiro Telles.

- José Manuel Ferreira Paulo (Cachapim) chegou a entregar em Março uma proposta, associado a José Luis Zambujeira.

- Luis Miguel Pombeiro, provavelmente aliado a Manuel Jorge de Oliveira, também fez em Março a entrega da sua proposta e ainda esta semana reafirmou numa entrevista ao site toureio.pt a sua predisposição para concorrer ao Campo Pequeno, ele que é o grande herói do momento e o primeiro a realizar no próximo dia 11 (de hoje a uma semana) em Estremoz a corrida que marca a reabertura a nível mundial da actividade tauromáquica.

- Falou-se também no empresário Paulo Pessoa de Carvalho, que em Março chegou a tentar levantar o caderno de encargos, sem sucesso, depois de uma agitada discussão com o director-geral da empresa, João Gonçalves.

- Fala-se ainda do empresário António Nunes, que não tendo uma empresa activa poderia recorrer a uma parceria com alguém, num grupo em que poderia também entrar o empresário espanhol José Cutiño.

- E a grande incógnita chama-se Rui Bento. Corre à boca cheia que o antigo gestor do Campo Pequeno poderia estar de volta, associado a qualquer um dos grupos empresariais anteriormente referidos - mas Rui continua a desmentir.

Diz-se tanta coisa que, como defendia o saudoso Saraiva Mendes, alguma há-de ser verdade...

Fotos M. Alvarenga, Emílio de Jesus/Arquivo e Maria Mil-Homens