Miguel Alvarenga - Mourista dos quatro costados desde a primeira hora, sem que isso alguma vez me tenha feito perder a isenção de apreciar e analisar os triunfos de todos os outros toureiros e louvá-los com todos o merecimento, sinto a obrigação de vir hoje aqui regozijar-me com a atitude, o triunfo e a reafirmação - eterna! - do Maestro Moura ontem em Évora.
Não vi a corrida. Outros valores - bem mais altos! - se levantaram e fiquei em Lisboa a tomar conta do meu Santiago (que está um amor!, como podem ver na foto de baixo). Mas vi à noite os videos, li pelo menos a crónica de Bernardo Patinhas no "Tauronews" (que a seguir vou aqui transcrever, com a devida vénia) e falei, sobretudo, com três credenciados e insuspeitos amigos, provavelmente bem mais conhecedores da arte tauromáquica do que eu, o que serviu e chegou para avaliar o que foi ontem a tarde magistral do Maestro João Moura na praça de Évora.
Com 61 anos, "50 quilos a mais" (uma triste história a que já irei a seguir...) e sem ter que provar absolutamente nada a ninguém, competindo com dois dos mais destacados valores da nova geração, Bastinhas e Rouxinol Júnior, João Moura predispôs-se a ir à luta com uma das mais sérias ganadarias do mundo, a de Murteira Grave e predispôs-se ainda a mandar todos para dentro e esperar sózinho na arena pela investida do primeiro toiro da tarde, "Bandido" se chamava, desenhando uma sorte de gaiola que deixou logo tudo e todos em alvoroço.
Precisava de o fazer? Claro que não precisava. Fê-lo porque os anos passaram, os quilos aumentaram, mas a raça, a garra, o saber e a maestria continuam inigualáveis. Número-um, sim senhor! Ainda e sempre! E o resto - como sempre, também - são cantigas...
Do que depois se passou, nesse e no segundo toiro do seu lote, deixo-vos a seguir com a rigorosa apreciação de quem sabe do que escreve, o meu amigo Bernardo Patinhas.
Tantos anos e "tantos quilos" depois (que importa isso se ele continua a mandar e a ser o primeiro?), João Moura foi ontem, outra vez, rei na "sua" praça de Évora, a de tantos triunfos em mais de quarenta anos.
Pelo que me foi dado ver, aqui deixo também os meus aplausos à raça de Marcos Bastinhas, num momento incrível; ao querer e à vontade de Luis Rouxinol Jr., aparatosamente colhido no seu segundo toiro, queda que o encastou ainda mais; aos Amadores de Lisboa e sobretudo ao cabo Pedro Maria Gomes, que tiveram um êxito rotundo no regresso a Évora vinte e dois anos depois; aos valentes Amadores de Évora, em tarde dura e valente; e, por fim, à ganadaria Murteira Grave, pelo êxito notável dos seis toiros que estavam prontos para ir a Madrid ou a Lisboa e acabaram por sair na "sua praça" e marcar, como sempre marcam, a diferença. O "Catalão", quarto da ordem, foi indultado e regressou à Galeana. Os meus parabéns à jovem empresa de Évora pelo sucesso daquela que foi, para já, a grande corrida da temporada nacional!
Fotos Maria Mil-Homens e D.R.