Os responsáveis da marca da famosa cerveja Sagres não tiveram tarefa fácil quando no início deste ano negociaram com os holandeses da Heineken (proprietários da Sagres) o patrocínio à empresa de Álvaro Covões para dar o naming à praça de toiros do Campo Pequeno.
"Não foi fácil explicar-lhes que o patrocínio não tinha absolutamente nada a ver com touradas, apesar de o recinto patrocinado ser uma praça de toiros" - disse esta manhã ao "Farpas" um alto funcionário da marca portuguesa (agora... holandesa).
Já depois de concluída e anunciada publicamente a operação, a Sagres teve que vir a público, por exigência dos holandeses, esclarecer que o patrocínio a Covões era apenas para concertos musicais e eventos culturais e que não se estendia aos espectáculos tauromáquicos, nem a outros de índole religiosa ou política que se venham a realizar na icónica praça de toiros de Lisboa.
Por pouco, ocorria um incidente diplomático como aquele que em 2018 aconteceu na Moita e que hoje mesmo nos foi recordado pelo conhecido bandarilheiro João Curto, que durante alguns anos foi responsável pelo bar do Clube Taurino da Moita.
Nesse ano de 2018, o Clube Taurino da Moita e a Escola de Toureio da Moita anunciaram, como vinha sendo habitual, uma Festa de Campo na Praia do Rosário com a participação de cavaleiros, matadores e garrochistas e dos dois grupos de forcados moitenses, os Amadores e os do Aposento.
Entre os toureiros anunciados estavam os cavaleiros Diego Ventura, Rui Fernandes, Gilberto Filipe, Moura Júnior, Paco Velásquez, os diestros "Cuqui", Diogo Peseiro e João Carreira e ainda os alunos da Escola de Toureio da Moita.
Ao tempo, a Sagres apoiou e patrocinou esta iniciativa e o logotipo da marca apareceu no cartaz junto aos dos outros apoiantes.
Mas quando o cartaz (que reproduzimos em baixo) saíu para a rua, ia caindo o Carmo e a Trindade!
"Os fornecedores e até directores da Sagres vieram de imediato ter connosco e exigiram que retirássemos o logotipo da cerveja do cartaz, porque isso ia criar grandes problemas com os holandeses da Heineken e podia inclusivamente pôr em causa o negócio que tinha sido feito com a marca da Holanda e a Sagres" - recorda João Curto.
O logotipo da Sagres foi tapado em todos os cartazes - mas o festejo até acabou por não se realizar por ter chovido nesse dia.
Cinco anos depois, os holandeses da Heineken estiveram muito renitentes para permitir o patrocínio da sua marca Sagres à praça de toiros do Campo Pequeno.
O "sim" acabou por vir depois de todos os esclarecimentos prestados pelos responsáveis da Sagres de que o recinto era, de facto, uma praça de toiros, "mas já dava poucas touradas e o nome da marca nunca iria aparecer associado a festejos tauromáquicos, apenas e só a concertos musicais promovidos pelo actual empresário da praça", refere a nossa fonte.
Fotos D.R.
O cartaz da festa taurina na Praia do Rosário (Moita) em 2018 e, em baixo, mais destacado, o logotipo da Sagres como apoiante da festa, que deixou em estado de choque os holandeses da Heineken |