quarta-feira, 2 de agosto de 2017

1940: quando Las Ventas homenageou Himmler, o nº 2 do III Reich de Hitler

Era uma vez um dirigente nazi a presidir a uma corrida na Monumental de
Madrid. Aconteceu na tarde de 20 de Outubro de 1940, mas a corrida foi suspensa
ao terceiro toiro por chuva
A Monumental de las Ventas engalanada com bandeiras nazis
na tarde da corrida de homenagem a Himmler
Himmler recebeu os toureiros no Camarote Real. Nestas duas fotos, com
Marcial Lalanda, que era o cabeça de cartaz, tendo actuado nessa tarde ao
lado dos também famosos "Gallito" e Pepe Luís Vásquez, que confirmou a
sua alternativa
Himmler e o seu staff assistiram à corrida do Camarote Real de Las Ventas
O público recebeu Himmler de braço ao alto em Las Ventas
Himmler, chefe da polícia política Gestapo, foi o número-dois do regime nazi
e o braço-direito de Adolf Hitler
Em Bayona realizou também uma corrida por ocasião da visita a Espanha de
Himmler e até os toureiros fizeram a saudação nazi
Capa do jornal "ABC" assinalando a chegada de Himmler a Madrid, de
comboio, na Estação do Norte. Em baixo, o cartaz da corrida em Las Ventas
de homenagem ao dirigente nazi e a capa do livro "Nazis em Madrid", de Peter
Besas, acabado de editar no país vizinho e que relata este episódio por muitos
desconhecido vivivo em Outubro de 1940 na Monumental de Madrid



No dia 20 de Outubro de 1940, em plena Segunda Guerra Mundial, realizou-se na Monumental de las Ventas, em Madrid, uma corrida de toiros de homenagem a Heinrich Himmler, um dos principais líderes do Partido Nazi alemão, número dois na hierarquia e braço-direito de Adolf Hitler, que viria depois a chefiar a Gestapo/SS, a polícia política do regime, sendo um dos principais obreiros da Solução Final (o extermínio dos judeus).
Himmler, que visitava Espanha e se encontrara nesse mesmo dia com o Generalíssimo Franco no Palácio do Prado, assistiu à corrida de toiros no Camarote Real rodeado pelo seu staff. O episódio é recordado agora no livro "Nazis em Madrid", de Peter Besas, que acaba de ser publicado em Espanha (à direita).
O cartaz da corrida (à esquerda) ostentava a suástica nazi e as setas da Falange espanhola.
A Monumental de Madrid estava engalanada na sua fachada principal e também no interior com bandeiras nazis. O cartel era composto pelos célebres matadores de toiros Marcial Lalanda, Rafael Ortega "Gallito" ("causa dos suspiros da então jovem Lola Flores") e Pepe Luís Vásquez, que nessa tarde confirmava a alternativa em Las Ventas, mas foi suspensa no final da lide do terceiro toiro devido a uma forte chuvada. Lidavam-se toiros de Bernardo Escudero (ganadaria que posteriormente passaria para as mãos de Victorino Martín) e de Manuel Arranz (estes não se chegaram a lidar pela suspensão da corrida).
Jornais da época relatam que Himmler se sentiu mal durante a corrida e sofreu mesmo um desmaio, tendo que ser socorrido pela equipa médica da Monumental de las Ventas, mas esse facto não está oficialmente confirmado.
Antes de abandonar a praça, Himmler fez questão de conhecer os toureiros e recebeu-os no Camarote Real, condecorando-os com insígnias do III Reich. O chefe da Gestapo não ficou fã das corridas de toiros, chegando mesmo a declarar que lhe parecia "um espectáculo extremamente sangrento". À semelhança dos anti-taurinos de hoje, o grande impulsionador dos campos de concentração defendia que os animais estavam por cima das pessoas. Aliás, desde a época do Império Romano, Hitler foi o primeiro dirigente a promulgar leis que penalizavam o mau trato de animais.
Na praça espanhola de Bayona teve também lugar por esses dias, mas sem a presença de Himmler, uma outra corrida de toiros por ocasião da visita a Espanha do dirigente do III Reich.

Fotos D.R.