 |
| Triunfo absoluto da ganadaria dos Herdeiros do Dr. António Silva anteontem na Monumental de Angra do Heroísmo. À saída da praça, os aficionados terceirenses, entendidos e exigentes, comentavam que este foi o melhor e mais sério curro de toiros lidado nos últimos anos nesta praça. A jovem ganadera Sofia Silva deu aplaudida volta à arena no quinto toiro com o cavaleiro Tiago Pamplona e o forcado Manuel Pires, novo cabo dos Amadores do Ramo Grande e no final voltou à arena, com os cavaleiros e os forcados, para a consagração absoluta numa corrida que marca a História da Monumental terceirense |
 |
| A maestria e o elevado profissionalismo de Luis Rouxinol estiveram em evidência, sobretudo na sua segunda actuação, vibrante e emotiva, que conquistou o público terceirense. Trinta anos depois de aqui ter feito a sua estreia, Rouxinol continua a desfrutar de um enorme ambiente e carinho entre a aficion açoreana |
 |
| Tiago Pamplona enfrentou os dois toiros mais exigentes da ganadaria Silva e revelou estar em grande forma, mesmo toureando pouco. Duas lides marcantes e de elevado nível. O seu segundo toiro, com 583 quilos, foi o mais pesado e aquele que mais exigiu e Pamplona esteve por cima |
 |
| Depois de na corrida anteiror, na 6ª feira, ter ganho sem a mínima contestação o troféu para a melhor lide, João Moura Jr. reafirmou anteontem na Monumental da Ilha Terceira todo o seu potencial e toda a magia do toureio mourista |
Frente a seis toiros sérios da prestigiada ganadaria continnetal coruchense de Herdeiros do Dr. António Silva, exigentes e de comportamento notávil, nobres, a investir de todo o lado e a pedir contas, os cavaleiros Luis Rouxinol, Tiago Pamplona e João Moura Júnior protagonizaram momentos de grande glória na corrida de segunda-feira na Monumental da Ilha Terceira, em Angra do Heroísmo (Açores), segunda das Festas da Praia da Vitória, um mês depois das tradicionais Sanjoaninas ali celebradas.
Pela primeira vez, as Festas da Praia contaram este ano com duas corridas - e a aposta resultou em cheio, reafirmando a saudável e sempre necessária competição existente na Ilha Terceira, neste caso entre as organizações da Feira das Sanjoaninas (Tertúlia Tauromáquica Terceirense) e das corridas das Festas da Praia (Grupo de Forcados do Ramo Grande). Estas duas corridas foram uma clara resposta aos cartéis das Sanjonaninas e à tendência pró-Espanha da sua habitual organização, convidando críticos e matadores espanhóis todos os anos.
Ao revés, a organização das corridas das Festas da Praia apostou na Tauromaquia Nacional, trouxe a Angra três afamadas ganadarias continentais - as de Luis Rocha, Silva Herculano e António Silva -, duas das maiores e mais destacadas Figuras do toureio equestre, Luis Rouxinol e João Moura Júnior, o mais novo cavaleiro de alternativa, Luis Rouxinol Jr. e dois dos mais cotados grupos de forcados alentejanos, os de S. Manços e os de Arronches e convidou dois dos mais emblemáticos críticos taurinos nacionais, Francisco Morgado (que fez a transmissão em directo das duas corridas, com Mário Rodrigues, para a Rádio Clube de Angra) e Miguel Alvarenga, director do "Farpas", para fazerem a reportagem dos espectáculos.
Na corrida de anteontem, Luis Rouxinol protagonizou duas lides de enorme maestria, mesmo sem as suas melhores montadas, valendo-se do seu elevado profissionalismo e experiência para dar a volta aos toiros de António Silva, resultando de grande exuberância, sobretudo, a segunda actuação, onde à falta do cavalo para os pares de bandarilhas, levantou o público no final com dois arrojados e bem executados "violinos". Quem sabe, sabe!
Tiago Pamplona foi a grande surpresa da corrida, sobretudo se tivermos em conta o facto de a insularidade não lhe permitir tourear muito. Teve pela frente os dois toiros mais exigentes da corrida e foi notável a forma com que lhes deu a volta, revelando dotes que são apanágio dos eleitos. Duas lides de elevado nível artístico e arrojada expressão, pondo a carne no assador e cravando ferros de enorme emoção e verdade em terrenos de compromisso e diante de toiros dos que não permitem o menor deslize.
João Moura Júnior andou menos confiado no seu primeiro toiro, provavelmente ainda recordado de um complicado Silva que enfrentou há não muito tempo na praça de Abiul. Mas depois confiou-se e a lide só não resultou em pleno porque falhou um ferro curto que caíu no chão e se acabou por cravar de baixo para cima na pata do toiro. O público terceirense, altamente respeitador do toiro, esmoreceu com este incidente e a lide de Moura veio por isso de mais a menos.
A João Moura Jr. reconheceu o público da Ilha Terceira o facto de ter trazido aos Açores alguns dos seus cavalos craques, casos do "Colombo" e do fantástico "Estranho", com ferro de Pablo Hermoso de Mendoza, numa clara afirmação de respeito pela aficion terceirense e com os quais brilhara e ganhara já o prémio da melhor lide na corrida anterior de sexta-feira.
No seu segundo toiro, ultrapassado finalmente o complexo dos Silvas, o cavaleiro de Monforte exibiu-se ao seu melhor nível e reconquistou o público açoreano com uma actuação notável e de grande triunfo, afirmando por fim que está num momento único e que pode com qualquer toiro, porque está moralizado e tem uma quadra excelente. Lide vibrante em que abriu o livro e pôs em prática toda a magia do toureio mourista, fechando com chave de ouro uma corrida que fica na História da Ilha Terceira como uma das melhores que ali se viram nos últimos anos!
Fotos M. Alvarenga