quinta-feira, 7 de maio de 2009

Miguel Alvarenga e a "guerra" do Campo Pequeno (I)


Uma coisa é ele escrever, outra coisa é ele responder às questões pertinentes que andam há três dias no ar. Desafiei-o e ele não vacilou. Miguel Alvarenga em entrevista sobre o caso do momento: o corte de relações do Campo Pequeno com o jornal "Farpas".

Entrevista de Hugo Teixeira

- Primeira questão, estamos a poucas horas da inauguração da temporada no Campo Pequeno. Vais logo à noite à corrida?
- Não. As pessoas sabem que eu já vou pouco às corridas e que não preciso de ir às corridas para encher semanalmente o "Farpas". Aliás, sempre defendi que o "Farpas" tem outro estilo e que não é para ler crónicas de corridas que as pessoas compram o "Farpas". Mas não vou porque entendo que não devo ir. Por razões óbvias.
- Porque houve um corte de relações declarado e radical da empresa com o jornal?
- Presumo que, como qualquer cidadão, posso ir ao Campo Pequeno quando entender e me apetecer, desde que compre o meu bilhete. Mas entendo que face à situação actual, poderia ser considerada como uma "provocação", entre aspas, ir hoje ao Campo Pequeno. Por isso não vou.
- E o próximo "Farpas" não vai trazer nenhuma reportagem da corrida?
- Não. Enquanto se mantiver o corte de relações, não se justifica que isso aconteça.
- Enquanto se mantiver, disseste. Pode vir a alterar-se essa situação, é isso?
- Pela minha parte, pode e deve. Um corte de relações radical entre a primeira empresa do país e o principal orgão de comunicação social taurina do país só é benéfico para os "contra", sobretudo num momento em que se verifica uma cruzada bem organizada e bem direccionada contra a Festa de Toiros.
- Mas de quem foi a culpa desse corte de relações?
- Minha, só minha. Reconheço e assumo. Fui eu que a provoquei, não foram os administradores do Campo Pequeno que acordaram anteontem, se levantaram da cama, tomaram duche e fizeram a barba e ao olhar para o espelho, decidiram: hoje vamos cortar relações com o "Farpas"...
- Já houve algum passo, pelo menos da tua parte, no sentido de alterar esta situação?
- Escrevi ontem um mail pessoal ao Rui Bento, presumo que o tenha lido. E tenciono retratar-me e assumir os erros que cometi, em editorial, na próxima edição. Não com o intuito de recuperar a publicidade do Campo Pequeno, muito menos com o objectivo de me darem o cartão. Como sabes, vivo hoje mais tempo em Évora que em Lisboa e não tenciono viajar todas as quintas para vir às touradas a Lisboa. Mas reconheço que o "Farpas" não pode passar a temporada do Campo Pequeno em branco, porque a Festa seria a única a perder com isso.
- Da parte da empresa já foi dado algum passo?
- Não, nem tinha que ser dado. Sei que esperam pela posição que eu tome na próxima edição do jornal. E depois acredito que iremos, de parte a parte, gerir a situação e encontrar soluções como homenzinhos que somos todos.
- Assumes que cometeste erros. Assumes que possas ter sido injusto com o Campo Pequeno e sobretudo com o Rui Bento?
- Assumo, claro que assumo. Estava neste momento e escrever o meu próximo editorial. Onde assumo isso mesmo.
- Mas não és do tipo de vir pedir desculpas em género de pedir batatinhas...
- Os homens também sabem pedir desculpas. Não tenho que pedir batatinhas a ninguém, tenho que me retratar, assumir os erros que cometi, explicá-los. E pedir desculpa a quem tenho que pedir desculpa. Não deixarei de ser quem sou.

Foto D.R.