"Preciso de tempo para brincar com os meus filhos..." Foto Rita Barreiros |
Miguel Alvarenga acaba de surpreender o mundo taurino (dele espera-se tudo...) ao divulgar a capa do "Farpas" de amanhã e anunciar que o jornal vai parar, que esta é a "última edição". Uma verdadeira "bomba", numa semana em que se anunciaram tantas... Em exclusivo para os (muitos! Cerca de oito mil por dia... é obra!) fãs do "Farpas Blogue", o polémico jornalista esclarece que o jornal "não morreu", explica porque pára e adianta que dentro de um mês (início de Setembro) vamos ter nas bancas um novo semanário, com mais páginas, a mesma equipa (reforçada) e a solidez da ligação a um importante grupo empresarial (não taurino). Agora vai de férias para a praia, brincar com os filhos, namorar com a Rita, acabar o livro da história da sua prisão, preparar e delinear o "Novo Farpas". Esta é a entrevista por que todo o mundo taurino esperava!
Entrevista de Hugo Teixeira
- O povo não estava à espera disto...
Grande surpresa! Uma bomba, de facto...
- Não propriamente... bombas há aí
várias para explodir, como sabes, mas esta não é uma dessas...
- ... acaba o "Farpas"?
- Este "Farpas", sim. Mas não
acabo eu, não acaba a nossa equipa, nem acaba "o jornal". Vamos
arrancar em força com outro...
- ... quando?
- Tínhamos previsto um prazo de paragem
de duas semanas, quinze dias, mas não garanto. Por mim parava dois meses, até
porque preciso de tempo e de descanso para outras coisas, mas o natural é que
seja um mesito, não mais. Regressamos no início de Setembro, antes da Feira da
Moita. É só o tempo suficiente para eu ir de férias descansar, a seguir a
tratar de toda a burocracia necessária ao avanço do novo projecto.
- E o novo jornal intitula-se...
- "Novo Farpas", em princípio.
Estamos neste momento a tratar de toda a burocracia necessária, que leva o seu
tempo, como sabes, não é de um dia para o outro...
- Já vinhas avisando há algum tempo que
ias acabar com o jornal, mas nunca acreditámos...
- Ainda estava no Linhó a cumprir a
minha pena de fins-de-semana e já andava com essa ideia na cabeça. Escrevi-o
mais que uma vez, se te lembras, até em editoriais. Preciso de respirar, de
parar, de recuperar o tempo perdido...
- ... no Linhó?
- Sim. Levei aquilo a brincar, como é
meu timbre, levo a vida a brincar, se levamos tudo a sério estamos tramados,
mas a verdade é que foi desgastante a todos os níveis, não propriamente a nível
profissional, mas a nível pessoal e familiar. Quero muito estar com os meus
filhos, com a Rita, com a minha família e o tempo faltou-me durante um ano e
picos. O jornal absorve-me demais e eu tinha mesmo necessidade de parar, de
fazer uma paragem, um descanso, ainda que seja curtito... mas tem mesmo que
ser.
- E não há outras razões? Problemas
financeiros, coisas dessas?
- Mentiria se dissesse que não. Houve
muitos problemas no ano passado, mas motivados pela minha ausência, pelas
minhas "férias" no Linhó. A crise está em todo o lado. E quando leio
que até o Dr. Balsemão, o maior patrão da Imprensa em Portugal,
"abanou" com a crise, acham que eu não abanaria também? Mas, na
verdade, o problema não é esse, nem passa tanto por aí. O "Farpas" é
um projecto sólido, com pés para andar, lidera o mercado e por isso não morre.
Vai continuar, remodelado, "restaurado" e "requalificado",
como as praças de toiros que o Bolota tem reaberto. Com novos sócios, nova
administração, a mesma equipa de jornalistas, provavelmente reforçada, o jornal
terá mais páginas, será mais atractivo, terá novas rubricas e um maior destaque
a nível social, "jet-taurino", etc.
- Novos sócios e nova administração?
- O segredo é a alma do negócio, a seu
tempo, quando o jornal sair, ficarão a saber tudo. Por agora, prefiro não
levantar pontas do véu. Mas juntamo-nos a um importante grupo empresarial/editorial...
- ... taurino?
- Não, não tem a ver com o mundo dos
toiros. Tem a ver com o mundo dos media, com a Imprensa. Durante quinze anos, o
"Farpas" fui eu, em termos administrativos. Quem teve as dores de
cabeça fui eu. Agora serão outros, mas desta vez sem dores de cabeça, porque se
trata de um grupo bem sólido e que passou a ter interesses no jornal... e em
mim, claro!
- Por que não investidores do meio
taurino, não ficarias mais "em casa"?...
- Não é fácil. No meio taurino
investe-se pouco... tenho uma experiência de muitos anos. E neste momento anda
tudo de tanga... ou, pelo menos, assim parece.
- Então e um jornal taurino, continua a
ter mercado?
- Um jornal como o "Farpas"
tem mercado. As pessoas querem saber "as outras estórias", não querem
saber das crónicas das touradas, de como esteve ou não esteve este ou aquele
toureiro, de como foi ou não foi a pega. Isso interessa só aos próprios
artistas. O grande público quer saber outras coisas, quer ler outras estórias.
E o estilo do "Farpas" é esse. Há quem goste e quem não goste, mas
isso não me importa, a mim importa-me o que vende. E eu sei "vender
papel"!
- Ah, pois sabes, melhor que ninguém,
disso não restam dúvidas! Dizes nesta última edição que vais passar a andar de
limusine... isso é uma pista?...
- Pista nenhuma. É uma graça. Uma forma
de dizer que andei sempre de Vespa e agora embarco em vôos mais altos. E mais
sólidos, mais consistentes, mais seguros... mas continuo a não tirar a carta de
automóvel, disso podem estar livres!...
- Vamos então ter que esperar um mês
para que o "Farpas", renovado e com novo título, regresse às bancas?
- Preferia dois meses... mas vai ser um
mês. Preciso deste tempo para ir descansar para a praia, preciso de mar!
Preciso de acabar o meu livro sobre a história da prisão, que fui adiando por
falta de tempo e agora terá que ser concluído para sair antes do Natal...
- Mas o "Farpas Blogue"
continua?
- Continua, sim. Todos os dias e com a
vantagem de aqui se poder noticiar tudo com mais actualidade, em cima do
acontecimento. Aqui, os leitores do "Farpas" podem continuar a
acompanhar toda a actualidade taurina e ler também todas as rubricas a que se
habituou. Vamos publicar aqui o Roteiro semanal, as tuas "Bisbilhotices",
as 'farpas', as crónicas da Solange e do Cortesão, as reportagens do Dinis e do
Relvas, enfim, fica tudo "como estava", mas agora aqui, durante o
curto espaço desta paragem...
- ... mas aqui as pessoas não pagam para
ler... não existe lucro para o projecto...
- Para os leitores será melhor, poupam
dois euros por semana. As empresas, felizmente, têm a percepção da força que
tem o "Farpas Blogue", já falei com várias e estão todas apostadas em
continuar a apoiar, a colocar aqui os anúncios que colocavam no jornal. Além disso, temos compromissos publicitários que já estavam assumidos e que serão respeitados na íntegra, agora aqui, depois no novo jornal. Concerteza que não penso, neste período, ficar milionário com o blogue, mas a
verdade é que a força está aqui, as pessoas sabem e por isso espero, pelo
menos, ficar "quase milionário" (risos).
- Os anti-"Farpas" vão ficar
todos contentinhos com o fim do jornal...
- É natural que ficassem se fosse o fim,
mas não é. Este "Farpas" acaba, mas eu não. E o jornal vai continuar.
- O director serás tu?
- Provavelmente não. É possível que seja
a Solange, tenho que tratar desse assunto nos próximos dias. Não está ainda
nada concretizado, nem sequer falado, mas posso dirigir um outro título do
mesmo grupo editorial (não taurino), o que não me impede de continuar a fazer o
"Novo Farpas" e de continuar a ter no novo jornal o mesmo papel que
tive neste. Mas sem ser director. - Não sei ainda, vai-se resolver e decidir
nos próximos dias.
- Agora vais de férias?
- Agora vou descansar na praia. Preciso
muito. O blogue faço-o em qualquer parte do mundo, basta ter comigo o
"maldito" computador. O jornal é mais complicado, há mais coisas para
tratar "no terreno". E agora preciso mesmo de descansar... de acabar
o livro, de brincar com os meus filhos... apesar de já não terem idade para
brincar, brincamos muito...
- Destino de férias?
- É para as
"Bisbilhotices"? (risos). Não vou para nenhuma ilha deserta... vou
uns dias para o Algarve e a seguir para fora... é segredo!- É então só um "até já", como vem na capa do jornal de amanhã?
- Claro que sim, é só um "até já". Nem podia ser outra coisa. Só sei fazer jornais, não podia dedicar-me agora a outra coisa... Mas é um "até já" apenas em termos de jornal, em termos de papel. Vou continuar a escrever aqui todos os dias! Vamos continuar todos juntos, portanto!