Plano de cobertura da Monumental de Madrid gera polémica em Espanha |
Uma imagem que não se repetiria em Las Ventas... |
A decisão já está tomada e começa já a dar que falar em Espanha: se Madrid conseguir "captar" os Jogos Olímpicos de 2020, a Monumental de Madrid será finalmente coberta.
O anúncio criou algum sururu entre os aficionados mais cépticos, que temem poder vir a "descaracterizar-se" a imagem de Las Ventas.
Hoje, na sua crónica habitual do jornal "ABC", o famoso escritor e crítico taurino Andrés Amorós (foto ao lado), defende a solução e pergunta mesmo "por que levou tanto tampo a cobrir" a Monumental...
Amorós defende que a cobertura da Monumental de Madrid deve atender a três condições básicas:
"1 - A cobertura não deve ver-se do exterior, para não prejudicar a imagem da praça; 2 - Não deve ser uma cobertura fixa, mas sim móvel, que se possa abrir e fechar facilmente, em pouco tempo; 3 - As obras de instalação não devem impedir o desenrolar normal da temporada taurina".
Andrés Amorós reconhece que "é evidente que resulta muito mais estético, mas de acordo com a tradição e mais atractivo ver uma praça de toiros sem cobertura. Em contrapartida, as vantagens de uma cobertura móvel são indiscutíveis" e enuncia-as:
"1 - Para os diestros, elimina o vento, esse perigosíssimo inimigo, hóspede habitual de Las Ventas. Também o ruedo encharcado, com os riscos que daí advêm; 2 - Para o aficionado, a garantia de desfrutar de um espectáculo não barato numas condições de comodidade que hoje nos parecem indispensáveis; 3 - Para o empresário, a possibilidade de utilizar mais e melhor a praça, todo o ano".
E analisa:
"É lógica a divisão de opiniões. A minha é muito clara: no Século XXI, empenhar-se em manter umas tradições prejudiciais para todos não tem sentido. Prefiro ver os toiros em Madrid sem cobertura, certamente. Mas parece-me um avanço claríssimo a possibilidade de que se feche uma cobertura móvel quando as condições do tempo o aconselham. Fora deste critério deixaria só algumas praças que são monumentos artísticos únicos: as praças de Sevilha e Ronda, por exemplo, de finais do Século XVIII (com todo o respeito , não é o caso de Las Ventas, pouco anterior à Guerra Civil)".
E termina assim:
"A pura nostalgia não é boa conselheira. Num clima 'extremado', como o de Madrid, projectar-se uma cobertura móvel para Las Ventas parece-me muito lógico. A polémica está servida. As duas posições, a favor e contra, são respeitáveis. Mas creio sinceramente que, se se acerta com a fórmula (os avanços da tecnologia são, hoje, evidentes), perguntaremos todos, dentro de poucos anos, como tardou tanto em fazê-lo".
Fotos D.R. e "ABC"