Momento das cortesias à antiga portuguesa em noite de praça (quase) cheia numa foto postada ontem no "Facebook" pela Federação Prótoiro |
Salgueiro da Costa marcou a diferença com ferros de "parar corações"! Foto Fernando Clemente/cortesia www.parartemplarmandar.com |
João Maria Branco fechou com chave de ouro a corrida de ontem. Brilhante! Foto Fernando Clemente/cortesia www.parartemplarmandar.com |
Miguel Alvarenga - Apesar de uma belíssima actuação de João Telles Jr. e de outra correctíssima de Duarte Pinto, foi ontem o praticante João Salgueiro da Costa quem "aqueceu" e fez "explodir" o público nas bancadas durante a corrida nocturna realizada no Campo Pequeno e transmitida em directo pela RTP, antecedida do sempre apreciado cortejo à antiga portuguesa, evocando as históricas Touradas Reais.
Menos regular nos compridos, Salgueiro da Costa "parou os corações" do pessoal com os ferros curtos, em sortes de "alto risco" e que traduzem, afinal, a Verdade que tanto tem faltado na Festa. Com temporada marcada por sonantes triunfos, sobretudo na Póvoa de Varzim, em Lisboa (23 de Agosto) e Almeirim, Salgueiro da Costa voltou ontem a marcar a diferença e a dizer que merece um lugar entre os primeiros. Tomará a alternativa no início do próximo ano e promete desde já engrossar a lista da frente ao lado dos melhores.
Verdadeiramente surpreendente - mas esperada, dada a enorme evolução demonstrada nesta temporada - foi também a última actuação da noite, a cargo do jovem João Maria Branco, cavaleiro que por direito próprio entrou ontem neste cartel de novas Figuras. Decisão e querer, mas também crer (acreditar) nas suas possibilidades e na grande forma dos seus cavalos, revelando solidez, foi assim que João Branco iniciou a lide, com uma arriscada e bem sucedida sorte "à porta da gaiola". Como os valentes. Desenrolou a seguir uma actuação em crescendo, com ferros emotivos, pisando terrenos de compromisso, recriando-se em "piruetas" e adornos. Brilhante.
Bem sei que estamos em final de temporada e com os cartéis que restam já praticamente todos rematados - espera-se, contudo, que as empresas não se "esqueçam", durante o Inverno, de que pode estar aqui uma parelha em potência para a próxima época. E é "disto" que a Festa precisa.
A nocturna de ontem, com três quartos das bancadas bem preenchidos, ficou ainda marcada por uma extraordinária actuação de João Ribeiro Telles Jr. - onde tudo foi bem feito, com arte e categoria, com classe e com emoção; e por uma lide brilhante de Duarte Pinto, que reafirmou o estatuto de triunfador e de grande Toureiro, sobressaindo especialmente nos ferros curtos. Brindou a faena a
o seu bandarilheiro Manuel Filipe, há dez anos a seu lado, depois de ter estado vinte e cinco com seu Pai, o Maestro Emídio Pinto. Homenagem justa a um bom bandarilheiro e a um Homem de caracter, excelente.
Filipe Gonçalves abriu praça frente ao toiro mais reservado. Mas também não esteve nos seus dias, ele que cumpriu este ano a melhor temporada da sua carreira. Abriu demasiado cedo e demasiado longe do toiro os "quiebros" e os ferros resultaram quase sempre passados. Cravou dois pares depois de muitas passagens em falso, por lhe "faltar toiro" no momento da reunião. Teve no final a digníssima atitude de recusar a volta à arena, porque nada o justificava, além da sua boa vontade. Foi Toureiro.
O segundo toiro, para Marcos Bastinhas (a ordem de lide estava errada nos cartazes...), também tinha pouca qualidade. Era um toiro de "paranços e arrancanços". O jovem Bastinhas andou irregular nos compridos, mas veio depois acima nos curtos, com o excepcional cavalo de ferro Arsénio Cordeiro, cravando sobretudo dois de muito boa nota e terminou com um bom par.
Muito bem apresentados, os toiros de Branco Núncio sobressairam a partir do terceiro. Os quatro últimos "serviram" na perfeição, impondo respeito e seriedade ao espectáculo, nada de "nhoc-nhoc's", antes pelo contrário.
Bem dirigida por Pedro Reinhardt, a corrida do Campo Pequeno teve outro ponto alto: as emotivas homenagens a duas das maiores Figuras da arte de pegar toiros: Simão Comenda (Montemor) e Nuno Megre (Santarém). Os grupos a que pertenceram e cujas jaquetas de ramagens eles honraram - e tão bem - durante anos a fio, prestaram-lhes a maior das homenagens - triunfando em força.
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Fotos D.R.