O festival do próximo dia 29 na Ilha Terceira foi oficialmente apresentado há duas semanas em Angra na sede do Núcleo Regional da Liga Portuguesa Contra o Cancro |
Mau tempo no canal: a Direcção da Liga Portuguesa Contra o Cancro, a partir da sua sede em Lisboa, informou o Núcleo Regional dos Açores que se recusa a receber qualquer donativo proveniente do espectáculo que foi anunciado para o próximo dia 29 na Monumental de Angra do Heroísmo (cartaz ao lado), alegando que "não recebe, nem nunca recebeu dinheiro proveniente de corridas de toiros, pois não concorda com as corridas" - o que não é verdade, como comprova o cartaz de uma corrida em 1971 no Campo Pequeno, que aqui reproduzimos em cima.
Os representantes da Liga na Ilha Terceira são os promotores deste espectáculo de beneficência conjuntamente com a Tertúlia Tauromáquica Terceirense e vão realizá-lo na mesma, independentemente de a LPCC não querer quaisquer benefícios da sua realização.
O festival taurino, que conta com a participação gratuita dos cavaleiros Tiago Pamplona e João Pamplona, dos Forcados da Tertúlia Terceirense, do matador português Manuel Dias Gomes e dos espanhóis Javier Castaño (toureiro que venceu recentemente a luta contra um cancro), Júlio Benítez "El Cordobés", António Nazaré, foi oficialmente apresentado há uma semana em Angra do Heroísmo na própria sede do núcleo local da Liga Portuguesa Contra o Cancro... mas agora a sede nacional tirou-lhe o tapete.
"Mesmo assim, o espectáculo vai realizar-se", disse ao "Farpas" uma fonte da Tertúlia Terceirense, lamentando esta "triste tomada de posição da Liga Portuguesa Contra o Cancro".
Não é verdade, como atrás referimos, que a Liga nunca tenha beneficiado de espectáculos tauromáquicos - bem pelo contrário.
Desde a década de 60 e ao longo de muitos anos, a corrida de toiros a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro, desde sempre organizada pelo saudoso médico Dr. José Cunha (pai do então cavaleiro tauromáquico Frederico Cunha) era um dos principais acontecimentos anuais da temporada do Campo Pequeno. Além de ser a única corrida de gala à antiga portuguesa que anualmente se celebrava em Lisboa, era também a única a que se designava assistir o então presidente da República, Almirante Américo Tomás. As maiores figuras do toureio da época, a começar por Mestre João Núncio, sempre actuaram gratuita e empenhadamente a favor da Liga Contra o Cancro. Que, como se comprova pelo cartaz que aqui reproduzimos, não está, infelizmente, a falar verdade.
Fotos D.R.