quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Eles deram o salto em frente esta temporada!

Duarte Pinto galvanizou Lisboa na noite de 9 de Agosto
e reafirmou o que andava há muito a dizer: é um dos
grandes toureiros da nova vaga
Já se fala dos "ferros à Palha"! Que marcam a diferença e devolveram a emoção
e o risco à nossa Festa
Luis Rouxinol Jr. e, em baixo, João Salgueiro da Costa - dois jovens que marcaram
esta temporada


Duarte Pinto, Francisco Palha, Luis Rouxinol Jr. e João Salgueiro da Costa foram os quatro cavaleiros que, pisando a linha de fogo, deram o grande salto em frente nesta temporada de 2018. Mais para a frente analisaremos a época dos demais. Por hoje vamos falar dos quatro que deram, finalmente, o grande e decisivo passo rumo a um futuro que há muito se adivinhava brilhante

Miguel Alvarenga - Em próximas ocasiões analisaremos a temporada dos veteranos, das primeiras figuras da nova vaga e também dos matadores que mais se destacaram nesta temporada. Por hoje, focaremos apenas os quatro cavaleiros que, a meu ver - e nisto da tauromaquia, tudo é tão subjectivo e tão discutível, mas é a minha opinião - deram este ano o decisivo passo em frente e o salto que andavam a prometer, ou seja, que deram por fim o grito do Ipiranga.
Duarte Pinto e a noite de 9 de Agosto em Lisboa ficam na história deste ano taurino. Foi uma noite, se não completamente igual, muito parecida com outras que o jovem cavaleiro de Paço d'Arcos já tinha protagonizado. Mas foi uma noite memorável em que Duarte confirmou tudo aquilo que andava a demonstrar há vários anos, sem que ainda lhe tivesse sido reconhecido devidamente o valor que nessa actuação todos por fim lhe reconheceram. E aclamaram.
Todos os toureiros têm um dia a sua hora. Duarte Pinto teve-a nessa noite de Verão, na arena da primeira praça do país. Foi a lide da temporada no Campo Pequeno, consagrou-o muito meritoriamnete como o grande da temporada lisboeta e mais que isso: foi por muitos considerada a melhor actuação das últimas temporadas na capital.
Não foi novidade para ninguém: Duarte Pinto há muito que mostrara, demonstrara e comprovara tratar-se de um cavaleiro da primeira linha. Apenas tardava o reconhecimento geral - que nestas coisas da tauromaquia nem sempre chega a tempo e horas. Chegou por fim.
Francisco Palha, de carreira mais recente, andava há dois anos a destacar-se, depois de um início com altos e baixos e alguma irregularidade de forma. E se nos dois anos anteriores já ameaçara chegar bem alto, esta temporada rebentou por fim a escala.
Com as suas actuações ousadas e pisando sempre a linha de fogo, parou corações nas bancadas e devolveu à Festa a emoção, o risco e as palpitações de que ela estava mesmo a precisar. Triunfou em todas as praças, menos na do Campo Pequeno - que foi nesta temporada o seu calcanhar de Aquiles. Mas, acredito, será uma pressão que há-de ultrapassar e não vai faltar muito para que Palhinha tenha também em Lisboa a sua grande noite de absoluta consagração.
Luis Rouxinol Júnior é um toureiro com apenas um ano de alternativa. Mas que pôs o pé no acelerador, não perdeu tempo e no primeiro ano como profissional começou já a marcar a diferença - e com uma mais valia: não andou, como tantos outros andaram, "agarrado ao pai", antes pelo contrário, soltou-se e iniciou uma trajectória por sua conta e risco, alinhando em cartéis de alta competição com outros da nova vaga, marcando uma posição e um estilo.
É um cavaleiro a que reconheci, desde os inícios como amador e depois como praticante, um potencial enorme para se transformar num caso. Já o é e os muitos êxitos que alcançou este ano em quase todas as praças - menos na do Campo Pequeno, onde há um ano tomou a alternativa e onde este ano não actuou - confirmam que caminha a passos largos para a linha da frente.
João Salgueiro da Costa andou vários anos a marcar passo, sem haver maneira de dar o salto, prometendo sempre, mas nunca chegando a um lugar da frente. Melhor montado e também com outra mnoral, este ano mostrou finalmente todas as potencialidades que lhe podem abrir as portas a um futuro noutro plano. O plano da frente.
Teve êxitos notáveis, mas menos mediáticos que os dois três cavaleiros de que falei anteriormente, por não terem acontecido em praças de maior importância. Faltou-lhe também pisar a arena de Lisboa e de outras praças que pudessem dar maior notorieadade à grande evolução que registou.
Por outro lado, essa ausência dos principais palcos da tauromaquia nacional pode - e deve - ser interpretada como um incentivo para a próxima época, onde certamente as empresas não vão deixar de parte um toureiro que está a crescer e que também pisa a linha de fogo. É preciso inovação, criação e motivos novos para o público ir às praças e viver de novo a emoção de outros tempos.
Pinto, Palha, Rouxinol e Salgueiro são toureiros importantes para o ano que vem e para a competição que se deseja com as figuras da nova vaga.

Fotos Nuno Almeida, António Lúcio, Florindo Piteira e Fernando Clemente