A cidade do Porto já teve grandes tradições tauromáquicas |
Mural na cidade do Porto reproduzindo a antiga praça de toiros Real Coliseu Portuense |
O Real Coliseu Portuense foi uma das oito praças de toiros que existiram na Cidade Invicta. Construído em 1899, tinha capacidade para 8 mil espectadores |
Um aspecto da assistência numa corrida de toiros no Real Coliseu Portuense |
Tourada à antiga portuguesa no Real Coliseu Portuense |
A praça de toiros da Praça da Alegria na cidade do Porto. Foi construída em 1902 e ardeu em 1926 |
"Antoñete", grande figura do toureio de Espanha, actuou em 1970 na última corrida que se realizou no Pavilhão dos Desportos do Porto |
Cartaz da corrida de toiros que em 1974 se realizou no Estádio das Antas, a favor da construção da sede do Futebol Clube do Porto |
A primeira corrida de toiros em Portugal em recinto coberto realizou-se há 54 anos no Pavilhão dos Desportos da cidade do Porto, onde existiu em tempos grande tradição tauromáquica e que chegou a ter oito praças de toiros! Em 1974, realizou-se mesmo uma tourada no Estádio das Antas, para angariação de fundos para a construção da sede do Futebol Clube do Porto
Existem hoje em Portugal quatro praças de toiros cobertas, as do Campo Pequeno (Lisboa), de Évora, de Elvas e do Redondo. Mas o que muita gente desconhece é que a primeira corrida de toiros realizada no nosso país num recinto coberto teve lugar no Pavilhão dos Desportos da cidade do Porto em 14 de Novembro de 1964 (cumpriram-se na semana passada 54 anos).
Foi uma corrida a favor do Movimento Nacional Feminino em que participaram os cavaleiros João Núncio, Manuel Conde, David Ribeiro Telles e José Mestre Batista e os Forcados Amadores de Lisboa, comandados por Nuno Salvação Barreto.
A tradição tauromáquica no Porto já vinha de há muitos anos. Quando foi presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, actual líder do PSD, tomou a iniciativa de reproduzir em alguns espaços públicos e paredes da cidade pinturas ilustrativas de fotos relacionadas com locais históricos e edifícios emblemáticos, alguns dos quais já inexistentes, dando assim um contributo para a preservação da memória histórica e colectiva da Cidade Invicta.
Entre esses antigos monumentos que foram recordados aos portuenses está a antiga praça de toiros da Rotunda da Boavista, que se denominava Real Coliseu Portuense e que foi um dos oito tauródromos que ali existiram. Foi construído em 1899 e tinha capacidade para 8.000 espectadores. A esta praça sucedeu uma outra na Praça da Alegria, construída em 1902 e que ardeu em 1926.
A cidade do Porto foi palco de inúmeros festejos taurinos durante a Idade Média, que decorreram com grande fervor nas ruas e praças da Invicta até ao Século XIX, mas que acabaram por desaparecer com o fim da Monarquia.
Além das já referidas praças de toiros na Rotunda da Boavista e na Praça da Alegria, existiram outras, nomeadamente em Vila Nova de Gaia (Serra do Pilar), Matosinhos e na Granja. Já no Século XX e ainda antes da implantação da República, houve duas outras praças de toiros no Porto, a da Areosa e a de Bessa, mas a sua história foi breve e existem poucos registos de actividade significativa nesses redondéis. Ainda se tentou erguer outra praça nas Antas, na actual Praça Velásquez, mas o projecto não saíu do papel. O Porto teve ainda praças de toiros em Cadouços, na Rua da Boavista e no Largo da Aguardente, mas as três desapareceram em menos de cinco anos, com fracas receitas e a falência das empresas que as geriram.
Posteriormente, nos anos 60 e 70, houve corridas de toiros, esporadicamente, no Pavilhão dos Desportos. Para além da já referida que se efectuou em 1964, em 1970 voltou a realizar-se uma corrida no mesmo Pavilhão, em que actuaram os cavaleiros José Mestre Batista e Frederico Cunha e os matadores de toiros António Chenel "Antoñete" e Ricardo Chibanga, bem como os Forcados Amadores de Santarém. Nesta corrida sofreu uma grave colhida o saudoso bandarilheiro José Agostinho dos Santos.
Já no ano de 1974 e depois da revolução, realizou-se a 21 de Julho uma corrida de toiros mista no Estádio das Antas, organizada pela Comissão Pró-Sede do Futebol Clube do Porto, em que actuaram os cavaleiros Afonso Maldonado Cortes e José João Zoio, os matadores de toiros Mário Coelho e José Manuel Pinto e os Forcados Amadores do Ribatejo.
A última corrida de toiros no Porto ocorreu no ano de 1993 numa praça desmontável no campo do Lima, marcada por distúrbios causados por populares "defensores dos animais".
Fotos D.R.