Próxima ida à rua, só mesmo assim! |
Hoje não saí de casa, vi tudo - ou nada - da minha janela |
Manchete do "i": "Ficar em casa está a dar resultado". Vamos continuar para que dê ainda maior resultado |
Não sei se nos próximos tempos alguém arriscará voltar a misturar-se em banhos de multidão... |
Hoje temos que reconhecer quão visionário o nosso querido Emílio foi, usando luvas muito antes de se imaginar que todos teríamos de as usar também! |
Agora penso no meu querido Emílio, que foi um grande visionário e já usava luvas quando ainda ninguém sonhava com isto...
Miguel Alvarenga - É verdade, agora estou farto de pensar no Emílio e tentar perceber que na verdade ele foi um grande visionário e já muito antes desta trapalhada toda, termo que ele usava frequentemente, já usava luvas...
Ainda esta manhã falei disso ao seu filho Hugo e nos fartámos de rir e de imaginar como seria o Emílio, com os seus pânicos, se por aqui ainda estivesse - e faz-nos tanta falta.
"Ó Miguel, tu não saias à rua, cuidado com a tua Mãe, olha o Santiago, usa luvas e máscara, não fumes, continua sempre a escrever que a malta gosta, mas não saias, tu és doido, deixa-te ficar em casa" e mais isto e mais aquilo, estou mesmo a vê-lo e a ouvi-lo.
Enfim, vamos pensando isto e naquilo, recordando os Amigos como o Emílio, procurando encher o tempo nesta pasmaceira da "prisão domiciliária" a que estamos obrigados.
António Costa disse hoje no programa da Cristina que Abril será "o pior mês" e que quando isto acabar "vamos ficar mais pobres". Grande novidade. As minhas "reservas de ouro" estão a acabar, um dia não sei como será... O primeiro-ministro anunciará "medidas mais restritivas" depois de Marcelo voltar a prolongar a quarentena e o estado de emergência. Ainda hoje disse a um amigo (o João Duarte) que, por este andar, vamos estar 10 anos fechados em casa, sabe-se lá, já nada de admira...
Hoje não saí à rua. Vi tudo - ou nada - da "minha janela virada p'ró mar" (quem me dera... adoro o mar). Choveu de noite e de manhã. Agora espreita o sol, mas pouco. Lisboa continua a parecer uma cidade meio fantasma.
Ontem comecei - e quase acabei - a ler um livro interessantíssimo, "Peregrinação Vermelha - o longo caminho até Pequim", uma história da atracção portuguesa pelo maoismo e dos contactos entre Portugal e a China vermelha, da autoria do jornalista António Caeiro, editado em 2016 pela D. Quixote e tão actual para melhor se entender o poder dos chineses no mundo. Quando dei por mim eram já quatro e tal da manhã e já tinha lido o livro até meio, espero acabá-lo esta noite. E a seguir já aqui tenho na mesa de cabeceira "O Pequeno Livro Vermelho", editado pela Guerra & Paz, a Bíblia dos chineses com as citações do Presidente Mao Tsé-Tung, sabe-se lá, eu acho que dentro de poucos anos vamos ser todos chineses e assim já estarei devidamente preparado, ainda que não tenha notado nada nos meus olhos - que continuam iguais, ainda não estão em bico...
Devemos continuar em casa, por amor de Deus não se ponham com ideias estúpidas de ir andar por aí na Páscoa. "Quanto mais disciplinados formos neste momento, mais depressa isto acaba", sublinhou e avisou hoje o primeiro-ministro. E a manchete de hoje do jornal "i" diz isso mesmo: "Ficar em casa está a dar resultado".
Touradas... era bom, mas continuamos sem saber quando. E, como disse hoje António Costa, o pior é que quando isto acabar "vamos estar todos mais pobres" e depois custa-me a crer que o pessoal tenho dinheiro para ir aos toiros. Vai ser problemático, não sei bem se já todos entenderam isso. E os tempos difíceis que aí vêm.
Além disso, custa-me a acreditar que os tempos que aí virão sejam iguais aos que ficaram para trás. As nossas vidas vão mudar, vão ser diferentes. E tão cedo não sei se as pessoas vão arriscar acorrer a espectáculos públicos, sejam touradas ou outros, enquanto não houver a vacina (talvez nos primeiros meses do próximo ano), temendo que o parceiro do lado, ou o da frente ou o de trás, esteja contaminado. Ainda vamos ter que nos habituar a conviver com o vírus dos morcegos chineses pelos próximos meses. E esse espectro ainda vai amedrontar muita gente a arriscar grandes convívios...
Ou seja, isto foi mesmo uma merda grande que nos aconteceu. Ninguém esperava. E, sobretudo, ninguém estava preparado para viver assim. Não está a ser fácil e não vai ser fácil nos próximos tempos.
É tudo por hoje, amigos meus. Continuem aí. Eu continuarei aqui, não sei até quando, enquanto resistir e me apetecer. Que se isto continuar assim, já equacionei outros projectos (inclusivé com o meu irmão e os meus filhos) e deixar o mundo dos toiros é uma hipótese cada vez mais plausível, sei lá. Jornalista serei sempre.
Fiquem bem.
Fotos D.R., M. Alvarenga e Maria Mil-Homens