Miguel Alvarenga - A Guerra das Trincheiras continua a agitar o meio taurino nacional e muito em particular a classe dos repórteres fotográficos, agora ameaçados de exercer o direito de informar por obra e (des)graça das novas regras que a IGAC impôs no que diz respeito ao trânsito (às vezes parece a hora de ponta, com tanto pessoal a movimentar-se...) de pessoas entre tábuas nas praças de toiros.
Os anos da pandemia foram exemplares com a limpeza das trincheiras, onde só esteve quem tinha mesmo que estar. Depois voltou tudo ao (a)normal, com os primos, as primas, os amigos e os amigos dos amigos a pulular entre tábuas, como se aquilo fosse a Avenida da Liberdade e todos tivessem o direito de ali estar.
Apoio a duzentos por cento as intenções da IGAC de pôr ordem num local onde, na realidade, só deve estar mesmo quem ali faz falta, quem ali desempenha uma missão inerente ao espectáculo. E não todos aqueles que ali vão com o único objectivo de ser vistos e de dar nas vistas, como se fossem gente importante.
Mas não apoio, antes pelo contrário, que sejam os repórteres fotográficos os primeiros e maiores prejudicados com estas novas regras palacianas que mais não são do que um atropelo à Liberdade de Imprensa e um atentado, grave e preocupante, ao direito de informar.
Talvez os (ditos) taurinos deste país não tenham ainda entendido (às vezes levam tempo a entender as coisas...) que, proibindo os repórteres fotográficos de exercer a sua função, a IGAC está a dar uma fortíssima e muito perigosa machadada na Festa. Um dia destes, deixamos de ter imagens das corridas. Talvez a intenção seja mesmo essa...
Também é verdade que nos últimos anos apareceram fotógrafos de todos os lados, muito deles fazendo apenas fotos para os seus próprios sites e para vender aos artistas. Mas é preciso não esquecer que há outros, com História feita e conhecida, que trabalham para os principais sites de tauromaquia nacional e também para sites espanhóis - e esses, sim, não podem ser corridos do seu palco tradicional, sob pena, repito, de deixarmos de ter imagens das corridas.
A IGAC devia ter isso em conta, fazer a selecção, apurar quem são os profissionais de imagem que têm direito a estar numa trincheira - e os que não têm. E não metê-los todos no mesmo saco e acabar com os fotógrafos nas trincheiras.
Haja bom senso, senhores!
Foto M. Alvarenga