Jacques Rodrigues, dono do Grupo Impala, proprietário da famosa revista "Nova Gente" e de outras publicações sociais e televisivas, como a "Maria" e a "TV 7 Dias", foi esta manhã detido pela Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, depois de andar a ser investigado há longo tempo, por suspeitas de burla e fraude no valor de 100 milhões de euros.
Na operação, denominada "Última Edição" e que pode significar a queda do Império Impala, foram ainda detidos o filho mais velho de Jacques Rodrigues, o seu advogado e o seu revisor de contas, tendo dez pessoas constituídas arguidas.
Em causa estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção activa, insolvência dolosa agravada, burla qualificada e falsificação ou contrafação de documentos.
O esquema passaria pela manipulação da contabilidade de várias empresas com prejuízo para os trabalhadores. Jacques Rodrigues ficava com o património passando-o para o nome de outras pessoas e abrindo outras empresas. Há algum tempo que existiam dezenas de queixas contra o dono do Grupo Impala nos tribunais, mas Jacques Rodrigues conseguiu sempre escapar à justiça, chegando mesmo a processar várias publicações que noticiaram a difícil situação da empresa nos últimos anos.
A operação desta manhã decorreu em Lisboa, Sintra, Cascais, Oeiras, Amadora, Santo Tirso, Porto, Matosinhos e Funchal, tendo a Polícia Judiciária procedido à execução de trinta e dois mandados de busca, oito buscas domiciliárias e vinte e quatro buscas não domiciliárias. Foram ainda realizadas seis buscas em empresas com actividade no domínio da Comunicação Social, quatro em Sociedades/Gabinetes de Revisores Oficiais de Conta e uma em escritório de Advogado.
"Em causa está uma investigação criminal cujo objecto visa um plano criminoso traçado para, entre o mais, ocultar a dissipação de património, através da adulteração de elementos contabilísticos de diversas empresas, em claro prejuízo de diversos credores, v.g., os trabalhadores, fornecedores e o Estado, estando reconhecidos créditos num valor total de cerca de 100.000.000,00€ (cem milhões de euros)", lê-se no comunicado emitido pela Polícia Judiciária.
"Acresce a forte indiciação do desvio de valores com origem nas estruturas societárias, para fora do território nacional, num montante global que ascenderá a largas dezenas de milhares de euros", acrescenta.
Os detidos serão presentes no Tribunal de Instrução Criminal de Sintra, para realização do primeiro interrogatório judicial, para depois serem aplicadas as medidas de coacção tidas por adequadas.
Foto D.R./rumores.tv