As fotos envolvem dois dos protagonistas da bronca desta tarde em Vila Franca, mas não foram captadas hoje - foram tiradas ontem na praça "Palha Blanco" e mostram o empresário Ricardo Levesinho em conversa com o antigo matador de toiros e empresário francês Juan Bautista, que há 24 horas ali estava na qualidade de apoderado do novilheiro espanhol Marco Pérez e hoje voltou a estar em cena, desta vez como apoderado, também, do matador espanhol Daniel Luque, que deveria ter toureado na corrida desta tarde ao lado do português "Juanito".
No longo comunicado que enviou ao início desta noite às Redacção - e que aqui publicámos na íntegra - o matador "Juanito" rejeita quaisquer responsabilidades no escandaloso desfecho do processo que levou ao cancelamento da corrida e, como se depreende do seus esclarecimento, culpabiliza a empresa Tauroleve (de Levesinho) pela inviabilização de soluções (uma delas apresentada pelo próprio "Juanito", como ele bem explica na sua comunicação) para que se realizasse a corrida.
A Tauroleve, por seu turno, no curtíssimo e lacónico comunicado que emitiu à tarde informando do cancelamento da tourada, sacode a água do capote e atribui as culpas aos toureiros (Luque e "Juanito"), justificando que a razão deste final infeliz se ficou a dever "à não aceitação por parte dos matadores de toiros em lidar os toiros aprovados segundo o Regulamento do Espectáculo Tauromáquico". E mais não explica.
Depois do comunicado de "Juanito", era de esperar que a Tauroleve viesse de novo a público refutar as acusações do toureiro (ao fim e ao cabo, são acusações que ele faz) atribuindo-lhe as culpas de não ter havido tourada.
Entretanto, várias outras informações se vão cruzando - num dia em que a não realização da corrida da "Palha Blanco" é, e promete continuar a ser, o tema de todas as conversas no meio taurino.
Uma dessas informações relata que existiu um outro plano/sugestão para que a corrida se realizasse, para lá dos planos enunciados por "Juanito" no seu comunicado.
Segundo conseguimos apurar, o apoderado Juan Bautista terá ele próprio telefonado ao ganadeiro Calejo Pires indagando se tinha toiros para colmatar a arreliadora inexistência de um sobrero que agradasse aos toureiros e a Duque em especial (que terá rejeitado o sobrero de Condessa de Sobral e outro de Veiga Teixeira, ambos inicialmente destinados aos cavaleiros).
Calejo Pires respondeu afirmativamente e Bautista terá comunicado essa disponibilidade, mas a empresa não a admitiu, uma vez que estávamos em cima da hora e sem tempo para ir ao Alentejo buscar toiros da ganadaria referida, preferindo optar pelo cancelamento do espectáculo.
Há quem avente que os motivos da nega da Tauroleve serão outros e de outra ordem - que não têm propriamente a ver com a distância.
A hora já vai tardia. Aguardemos pelo dia de amanhã e por um necessário e cabal esclarecimento da empresa sobre os factos anómalos que marcaram o dia e que ainda ninguém explicou muito bem... Afinal de contas, por que não se realizou a corrida de Vila Franca?
Fotos M. Alvarenga