sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Aposento da Moita: as 6 pegas ontem na sua praça

Miguel Alvarenga - Cumprindo uma tradição de há muitos anos, o Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita pegou sózinho os seis toiros da corrida forte da Feira Taurina na sua praça, a de ontem, quinta-feira, onde, por sinal, também houve encerrona no que ao resto do cartel dizia respeito: João Ribeiro Telles também enfrentou a solo (apenas entraram em cena os primos Manuel, António e Tristão no quarto da ordem) os seis toiros que eram de distintas ganadarias. Um cavaleiro, um grupo de forcados e duas encerronas. Foi uma quinta-feira da Moita diferente das habituais. Mas com casa cheia.

Exceptuando a lesão (fractura exposta da tíbia) sofrida na última pega por José Maria Duque (que, como noticiámos esta manhã, está internado em Lisboa no Hospital de Santa Maria para ser operado), a noite correu de feição e foi um êxito para o grupo comandado por Leonardo Mathias, que executou três pegas à primeira, duas à segunda e uma à terceira.

A viver um importante momento de renovação, com novo sangue e novos valores, o Aposento da Moita regressou este ano em força aos grandes cartéis e às melhores praças (dia 30 pega na Feira de Zafra), depois de ter vivido uma temporada anterior meio atípica e com menos corridas.

João Freitas, um dos novos forcados já com alguma experiência, pegou o primeiro toiro da noite, da ganadaria Dr. António Silva (535 quilos), ao segundo intento, depois de ter sido despojado da cara do toiro com um derrote baixo na primeira tentativa, onde as ajudas também não foram muito famosas.

Para a cara do segundo toiro, o da ganadaria Ribeiro Telles, com 605 quilos, que não complicou e foi com nobreza pelo seu caminho, foi o valoroso cabo Leonardo Mathias, que brindou a João Telles e ao seu apoderado, o empresário Ricardo Levesinho. Pega vistosa, com técnica e perfeição e com o grupo a ajudar bem.

A terceira pega, ao toiro que mais transmitiu e maior emoção trouxe à corrida, o exemplar da ganadaria Prudêncio (530 quilos), foi consumada à primeira por António Lopes Cardoso, que aguentou firme e com decisão a carga do oponente ao desviar a rota fugindo ao grupo, sem nunca desarmar, realizando uma pega muito emotiva. Deu aplaudida volta à arena com João Telles e depois o público exigiu ainda a sua presença sózinho no centro da praça, tributando-lhe calorosa ovação.

O complicado e distraído toiro da ganadaria Fernandes de Castro (505 quilos) quarto da ordem, foi pegado por André Silva - que brindou a Carlos Albino, presidente da Câmara da Moita, que voltou a honrar a tauromaquia com a sua presença no camarote, como já acontecera na primeira corrida. Derrotado mesmo junto às tábuas quando tinha praticamente consumada a pega, o forcado voltou à carga e consumou com brilhantismo à segunda tentativa, bem ajudado pelos companheiros.

O quinto e duro toiro de Veiga Teixeira (560 quilos) teve pela frente um dos mais poderosos e eficientes forcados do Aposento da Moita, Martim Cosme, que dedicou a sua pega a dois companheiros, os irmãos Rafael e Fábio Matos, naturais da Moita, relembrando a memória do irmão Dion, falecido há poucos meses vítima de ataque cardíaco, que, não sendo forcado, era um grande aficionado e um entusiasmado apoiante do Aposento da Moita.

Com a raça, o poderio e a perfeição a que nos habituou, executou Martim Cosme uma grande pega ao primeiro intento, aguentando sem pestanejar fortes derrotes. João Telles veio aos médios agradecer as ovações, mas não quis dar volta à arena neste toiro, tendo o forcado dado sózinho.

Para a última pega da noite, ao toiro (duro de roer) de Passanha (533 quilos), saltou à praça o jovem José Maria Duque, que esteve bonito a citar e bem a recuar, fechando-se com decisão, mas sofrendo depois um violento derrote que o deixou desarmado e à mercê do toiro, que investiu sobre ele. Dois companheiros deitaram-se sobre o seu corpo ao aperceberem-se de que se encontrava lesionado, mas as investidas do toiro não evitaram a lesão. José Maria Duque sofreu fractura exposta da tíbia, foi assistido e estabilizado na enfermaria e encontra-se no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde será operado.

Para o dobrar, foi para a cara do poderoso Passanha o multifacetado forcado Tiago Nobre, que ao longo da noite se destacara a rabejar com classe e emoção. Sofreu violento derrote na primeira intervenção, acabando por pegar à segunda (terceira efectiva) com as ajudas muito carregadas, sem o brilhantismo desejado e agora com o cabo Leonardo Mathias a rabejar. Não quis dar volta à arena. Publicamos em baixo a sequência das duas tentativas de Tiago Nobre, depois de já esta manhã aqui termos mostrado a primeira e única tentativa de José Maria Duque, que infelizmente se lesionou.

No final, o Grupo do Aposento acompanhou João Ribeiro Telles numa última volta à arena.

Fique agora com as sequências das seis pegas. Mais logo, leia a detalhada análise de Miguel Alvarenga e não perca também os Momentos de Glória de João Telles ontem nos seis toiros.

Fotos M. Alvarenga















O experiente João Freitas na primeira pega da noite, ao
segundo intento










O toiro mais pesado da corrida, de R. Telles (605 quilos!) foi
pegado à primeira pelo cabo Leonardo Mathias












Fantástica e muito emotiva pega de António Lopes Cardoso ao
melhor toiro da corrida, o de Prudêncio, à primeira tentativa
















André Silva pegou o complicado toiro de Castro, lidado "à moda
da Torrinha" por João Telles e os primos, à segunda tentativa












Grande pega de Martim Cosme ao toiro de Teixeira, à primeira
















Tiago Nobre, que até ali se destacara a rabejar, pegou na sua
segunda intervenção o último toiro, de Passanha, depois de
uma primeira tentativa de José M. Duque, que se lesionou

No final, Grupo deu aplaudida volta à arena com João Telles