terça-feira, 10 de setembro de 2024

A novilhada da "Orelha de Ouro" na Nazaré - pela objectiva de Fernando José

Não se realizou a tradicional corrida de toiros da Feira de Nossa Senhora da Nazaré (esteve programada para sábado, mas terá havido alguma falta de alinhamento entre a Câmara - que promoveu à hora habitual da tourada um concerto gratuito com Rui Veloso - e a empresa promotora dos espectáculos taurinos na carismática praça do Sítio, e não se efectuou), mas houve no domingo uma agradável novilhada promovida pela empresa Doses de Bravura e pela Confraria de Nossa Senhora da Nazaré em parceria com a revista "Novo Buirladero" de João Queiroz, novilhada essa que marcou o regresso da disputa do célebre troféu "Orelha de Ouro", que se realizou pela primeira vez em 29 de Setembro de 1984 em Alcochete e cujo primeiro galardão foi ganho precisamente por Rui Bento, o empresário actual da praça da Nazaré.

Desde 1984 realizaram-se doze novilhadas da "Orelha de Ouro", a última das quais ultrapassou a fronteira e teve lugar em Espartinas no ano de 2008. Passados dezasseis anos, João Queiroz e Rui Bento ressuscitaram este festejo - que foi um sucesso e agora terá, certamente, repetição todos os anos.

Apresentaram-se a disputar o 13º troféu "Orelha de Ouro" os novilheiros praticantes António Grilo "Toninho" (que se iniciou na Escola da Chamusca e é agora aluno da Escola Taurina de Badajoz) e João Mexia (da Escola da Moita), Vicente Sánchez (da Escola de Vila Franca, que prestou provas para praticante) e o ainda amador João Fernandes (também da Escola de Vila Franca).

O troféu foi ganho por Vicente Sánchez, mas é justo que aqui se diga, como nos disse Rui Bento, que qualquer um dos outros podia também tê-lo ganho. O que significa que estiveram todos bem - como, aliás, o documenta as fotos do nosso companheiro Fernando José.

Houve entrega, houve competição, houve atitude e muito querer por parte dos quatro jovens toureiros. Isto em Portugal não está fácil para o toureio a pé, como todos sabemos. Mas, mesmo assim, aleluia!, ainda há jovens que alimentam o sonho de se tornarem matadores de toiros - como o valoroso Diogo Peseiro, que neste mesmo dia da novilhada da Nazaré, à mesma hora, estava em Andorra (Teruel) a tomar a sua alternativa e já é, finalmente, matador de toiros.

Na Nazaré, como complemento da novilhada e porque por cá o pessoal gosta é de cavaleiros e forcados, actuaram o cavaleiro praticante António Mendonça (lide com qualidade e muito aplaudida) e o amador Vasco Veiga, que deu mais um grito de alerta e reafirmou que pode vir a ser um (novo) caso no panorama do nosso toureio a cavalo. Tem valor, tem garra, bons cavalos - e, mais importante que tudo, tem intuição, sabe o que faz.

Actuaram os forcados juvenis do Grupo de Amadores das Caldas da Rainha com duas boas pegas por intermédio de Martim Cunha (à segunda tentativa) e António Francisco Prôa (à primeira) - duas estreias, duas novas estrelas.

Foram lidados novilhos de nota alta da regressada ganadaria de Conde de Murça, tendo a ganadeira Maria do Carmo dado volta à arena como prémio pela qualidade dos seus exemplares.

O futuro do toureiro, mas sobretudo o do toureio a pé, passou no domingo pela Nazaré. Pondo um ponto final na mais fantástica temporada dos últimos anos na emblemática e única praça do Sítio. Para o ano há mais. E melhor, ainda, prometem Rui Bento e Nuno Batalha.

Fotos Fernando José



António Grilo "Toninho"




João Mexia



Vicente Sánchez




João Fernandes
13º troféu "Orelha de Ouro" foi ganho por Vicente Sánchez


António Mendonça




Vasco Veiga
Grupo Juvenil dos Amadores das Caldas pegou os dois novilhos
estreando as estrelas do futuro



Martim Cunha na primeira pega, ao segundo intento




Segunda pega marcou a estreia a pegar de caras de António
Francisco Prôa, de 21 anos, que em 2022 se fardou pela primeira
vez no Grupo das Caldas, onde está desde 2021. Consumada ao
primeiro intento