Não se realizou a tradicional corrida de toiros da Feira de Nossa Senhora da Nazaré (esteve programada para sábado, mas terá havido alguma falta de alinhamento entre a Câmara - que promoveu à hora habitual da tourada um concerto gratuito com Rui Veloso - e a empresa promotora dos espectáculos taurinos na carismática praça do Sítio, e não se efectuou), mas houve no domingo uma agradável novilhada promovida pela empresa Doses de Bravura e pela Confraria de Nossa Senhora da Nazaré em parceria com a revista "Novo Buirladero" de João Queiroz, novilhada essa que marcou o regresso da disputa do célebre troféu "Orelha de Ouro", que se realizou pela primeira vez em 29 de Setembro de 1984 em Alcochete e cujo primeiro galardão foi ganho precisamente por Rui Bento, o empresário actual da praça da Nazaré.
Desde 1984 realizaram-se doze novilhadas da "Orelha de Ouro", a última das quais ultrapassou a fronteira e teve lugar em Espartinas no ano de 2008. Passados dezasseis anos, João Queiroz e Rui Bento ressuscitaram este festejo - que foi um sucesso e agora terá, certamente, repetição todos os anos.
Apresentaram-se a disputar o 13º troféu "Orelha de Ouro" os novilheiros praticantes António Grilo "Toninho" (que se iniciou na Escola da Chamusca e é agora aluno da Escola Taurina de Badajoz) e João Mexia (da Escola da Moita), Vicente Sánchez (da Escola de Vila Franca, que prestou provas para praticante) e o ainda amador João Fernandes (também da Escola de Vila Franca).
O troféu foi ganho por Vicente Sánchez, mas é justo que aqui se diga, como nos disse Rui Bento, que qualquer um dos outros podia também tê-lo ganho. O que significa que estiveram todos bem - como, aliás, o documenta as fotos do nosso companheiro Fernando José.
Houve entrega, houve competição, houve atitude e muito querer por parte dos quatro jovens toureiros. Isto em Portugal não está fácil para o toureio a pé, como todos sabemos. Mas, mesmo assim, aleluia!, ainda há jovens que alimentam o sonho de se tornarem matadores de toiros - como o valoroso Diogo Peseiro, que neste mesmo dia da novilhada da Nazaré, à mesma hora, estava em Andorra (Teruel) a tomar a sua alternativa e já é, finalmente, matador de toiros.
Na Nazaré, como complemento da novilhada e porque por cá o pessoal gosta é de cavaleiros e forcados, actuaram o cavaleiro praticante António Mendonça (lide com qualidade e muito aplaudida) e o amador Vasco Veiga, que deu mais um grito de alerta e reafirmou que pode vir a ser um (novo) caso no panorama do nosso toureio a cavalo. Tem valor, tem garra, bons cavalos - e, mais importante que tudo, tem intuição, sabe o que faz.
Actuaram os forcados juvenis do Grupo de Amadores das Caldas da Rainha com duas boas pegas por intermédio de Martim Cunha (à segunda tentativa) e António Francisco Prôa (à primeira) - duas estreias, duas novas estrelas.
Foram lidados novilhos de nota alta da regressada ganadaria de Conde de Murça, tendo a ganadeira Maria do Carmo dado volta à arena como prémio pela qualidade dos seus exemplares.
O futuro do toureiro, mas sobretudo o do toureio a pé, passou no domingo pela Nazaré. Pondo um ponto final na mais fantástica temporada dos últimos anos na emblemática e única praça do Sítio. Para o ano há mais. E melhor, ainda, prometem Rui Bento e Nuno Batalha.
Fotos Fernando José
António Grilo "Toninho" |
João Mexia |
Vicente Sánchez |
João Fernandes |
13º troféu "Orelha de Ouro" foi ganho por Vicente Sánchez |
António Mendonça |
Vasco Veiga |
Grupo Juvenil dos Amadores das Caldas pegou os dois novilhos estreando as estrelas do futuro |
Martim Cunha na primeira pega, ao segundo intento |
Segunda pega marcou a estreia a pegar de caras de António Francisco Prôa, de 21 anos, que em 2022 se fardou pela primeira vez no Grupo das Caldas, onde está desde 2021. Consumada ao primeiro intento |