quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Emílio de Justo e "Cuqui": os melhores momentos na Moita


Miguel Alvarenga - Veja agora os melhores momentos das faenas de Emílio de Justo (que substituiu com toda a dignidade, justificação e sucesso, o ausente Morante de la Puebla, a contas com um agravamento dos problemas psiquiátricos que o afectam há vários anos) e do nosso Joaquim Ribeiro "Cuqui", que evidenciou carradas de valor e elevado profissionalismo, com uma atitude e uma entrega anormais (isto é, acima da média) para quem não tem toureado corridas nenhumas - esta terça-feira na Moita, na primeira corrida da Feira.

Emílio de Justo, toureiro de Victorinos e outras ganadarias duras, deixou bem explicado ontem na Moita por que é, na realidade, uma das figuras cimeiras da actualidade. A primeira faena, a um bom toiro de Álvaro Nuñez (Cuvillo) de apresentação aceitável e suficiente, foi uma lição de cátedra, uma faena profunda, de sentimento, de bom gosto, de domínio e poderio. Brilhante.

O seu segundo toiro, como já tive oportunidade de referir esta tarde, foi um toiro reservado, complicado e brusco da ganadaria de Paulo Caetano. Emílio de Justo teve nesta segunda intervenção uma presença esforçada e de muito valor, dominando o toiro com apurada técnica até o "meter no bolso". Mas já era tarde, o de Caetano acabou cedo, procurando o refúgio nas tábuas, fugindo ao toureiro. O labor do matador espanhol foi intenso, sabedor, brilhante. O público soube reconhecê-lo tributando a Emílio de Justo uma calorosa ovação. A directora de corrida é que não deu por ele, negando-lhe a mais que merecida música...

Curioso o facto de ter brindado a sua primeira faena a um ilustre desconhecido que estava na trincheira, de barbas (foto em baixo). Soube depois que era o seu irmão, que vive há uns anos em Lisboa, que pouco se tinham visto nos últimos anos e que até nunca o vira tourear, tendo ido propositadamente à Moita para finalmente o ver actuar.

"Cuqui", por seu turno, enfrentou em primeiro lugar (quarto da ordem) um toiro de Paulo Caetano de nota alta, que lhe proporcionou um notável triunfo.

Faena de bom gosto do matador moitense, fortemente aplaudido pelo seu público, a passar a imagem de que estava em final de temporada com uma porção significativa de corridas toureadas... quando terá toureado apenas um festejo ou dois este ano...

O seu segundo toiro, último da corrida, era um toirão de Álvaro Nuñez com cinco anos, o de maior respeito que saíu ontem à arena moitense. Bem com o capote, não bandarilhou e passou essa missão aos seus bandarilheiros Tiago Santos (dois pares magníficos) e Duarte Silva (outro, imponente), que foram premiados com uma das mais calorosas ovações da noite e depois agradeceram de montera na mão.

Com a muleta, "Cuqui" esteve esforçado, mandão e a espremer até à última gota o pouco sumo que o exemplar de Nuñez tinha para dar. Faena sem o brilhantismo da primeira, mas a reafirmar um toureiro lutador - e bom.

No toiro anterior, "Cuqui" cravou um único par de bandarilhas, pouco numa noite para quem é tão exímio executante deste apreciado tércio. Os outros dois pares foram cravados (nota alta) pelo jovem bandarilheiro Mariano Meira, que ontem tomou a alternativa e bandarilhou também o segundo toiro de Emílio de Justo. Aplausos para as quadrilhas do matador espanhol nos tércios de bandarilhas.

Fotos M. Alvarenga






















Profunda, séria, poderosa e de muito sentimento a primeira
faena de Emílio de Justo (brindada a seu irmão, que vive em
Lisboa) a um bom toiro de Álvaro Nuñez








Esforçada e valorosa a segunda actuação de Emílio de Justo
com um toiro brusco de Paulo Caetano, que dominou com muito
ofício, poderio e arte















Grande faena de "Cuqui" ao belíssimo quarto toiro da noite, de
Paulo Caetano. Repartiu o tércio de bandarilhas (cravou um só
par) com o bandarilheiro Mariano Meira, que tomou a alternativa




















Faena de valor e muita entrega de "Cuqui" no último toiro - de
Nuñez e com cinco anos! - havendo a registar um grande tércio
de bandarilhas por Tiago Santos e Duarte Silva, calorosamente
aplaudidos