Triste notícia: morreu esta madrugada no Hospital de Évora o empresário tauromáquico António Cutileiro Paes de Sousa. Tinha 92 anos. Embora já retirado da actividade, era neste momento o decano dos empresários taurinos nacionais.
Co-proprietário da praça de toiros de Beja, fez durante muitos anos parte dos corpos dirigentes da Tertúlia Tauromáquica Eborense e iniciou-se na vida empresarial taurina no início dos anos 70 em sociedade com o seu grande amigo Glicério Quintano Paulo (falecido em 2015), pai do também empresário e apoderado José Manuel Ferreira Paulo "Cachapim".
"Começámos a dar corridas em 1969/70 e nunca mais nos separámos", disse António Sousa em Janeiro de 2015 ao "Farpas", aquando da morte de Quintano Paulo, que recordou como "um amigo e um sócio de uma vida inteira, para mim era como um irmão".
"Embora natural de Estremoz, o Paulo veio estudar para a Escola Agrícola em Évora e ficámos amigos desde esse tempo. Éramos amigos há mais de 60 anos, amigos diários, nunca nos separámos, amigos de todos os dias. Eu ainda fui amador de forcado e ele também. O Paulo foi rabejador do Grupo de Lisboa nos tempos de Nuno Salvação Barreto, não foi muitos anos, mas ainda lá andou alguns. Como sócios e empresários, demos corridas em quase todas as praças do país desde o início dos anos 70. E sempre nos demos bem, nunca tivemos problemas nenhuns" - recordou António Sousa, na altura, ao "Farpas".
Chegaram os dois, inclusivamente, a integrar a Sociedade de Actividades Tauromáquicas que no início dos anos 90 geriu a praça de toiros do Campo Pequeno e de que faziam parte, para além de António Sousa, Quintano Paulo e Ferreira Paulo, também Fernando Camacho, Jorge Pereira dos Santos e Mário Freire.
Antes de se tornar empresário, António Sousa foi forcado no Grupo de Santarém - e essa era, recorda "Cachapim", "a sua grande doença", ele "adorava o Grupo de Santarém".
António Sousa, casado e pai de um filho, vivia em Évora, onde teve em tempos um stand de venda de uma marca de automóveis de que foi representante. A idade e já alguma dificuldade de mobilização, fê-lo deixar de ir ultimamente aos toiros, mas ainda há dois anos a sua presença nas praças era frequente, ora acompanhado por "Cachapim" ou pelo crítico e seu amigo Miguel Ortega Cláudio ou pelo seu também grande amigo José André.
Com 92 anos, estava bem e muito lúcido, com uma memória incrível, como nós próprios atestámos sempre que o encontrávamos e com ele conversávamos.
Há dois anos, em 25 de Março de 2022, um grupo de amigos organizou no ÉvoraHotel um jantar em sua homenagem e em reconhecimento pela sua séria e importante trajectória no mundo da tauromaquia.
António Sousa encontrava-se bem de saúde, mas ontem à noite, em sua casa, engasgou-se a comer uma bifana e foi chamado o INEM, que o socorreu e o levou para o Hospital de Évora, onde acabou por morrer de madrugada.
Não há ainda pormenores das cerimónias fúnebres, mas, segundo nos disse José Manuel Ferreira Paulo, informado pela viúva, Arlete de Sousa, o velório terá lugar em Évora assim que o corpo for entregue à Família e depois será cremado em Elvas, o que pode acontecer amanhã.
Perdemos um bom amigo, um homem sério, de fino trato, de uma educação estrema, divertido, com sentido de humor - e um homem que fez muito pela Festa, ao qual muitos têm que estar agradecidos.
A sua Mulher, Arlete, a seu filho António e a toda a ilustre Família enlutada, apresentamos as nossas mais sentidas condolências.
Que em paz descanse.
Fotos M. Alvarenga, Emílio ide Jesus/Arquivo e D.R.
Com o seu amigo e sócio "de uma vida" Quintano Paulo (falecido em Janeiro de 2015) |
Com José Manuel Ferreira Paulo "Cachapim" |
Com Miguel Ortega Cláudio, seu companheiro de corridas nos últimos anos |
Há dois anos, em Março de 2022, na grande homenagem que lhe prestaram no ÉvoraHotel - escutando as palavras de Joaquim Grave e, na foto de cima, ao lado de "Cachapim" |