quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Festa de luto: morreu António Sousa, decano dos empresários taurinos

Triste notícia: morreu esta madrugada no Hospital de Évora o empresário tauromáquico António Cutileiro Paes de Sousa. Tinha 92 anos. Embora já retirado da actividade, era neste momento o decano dos empresários taurinos nacionais.

Co-proprietário da praça de toiros de Beja, fez durante muitos anos parte dos corpos dirigentes da Tertúlia Tauromáquica Eborense e iniciou-se na vida empresarial taurina no início dos anos 70 em sociedade com o seu grande amigo Glicério Quintano Paulo (falecido em 2015), pai do também empresário e apoderado José Manuel Ferreira Paulo "Cachapim"

"Começámos a dar corridas em 1969/70 e nunca mais nos separámos", disse António Sousa em Janeiro de 2015 ao "Farpas", aquando da morte de Quintano Paulo, que recordou como "um amigo e um sócio de uma vida inteira, para mim era como um irmão".

"Embora natural de Estremoz, o Paulo veio estudar para a Escola Agrícola em Évora e ficámos amigos desde esse tempo. Éramos amigos há mais de 60 anos, amigos diários, nunca nos separámos, amigos de todos os dias. Eu ainda fui amador de forcado e ele também. O Paulo foi rabejador do Grupo de Lisboa nos tempos de Nuno Salvação Barreto, não foi muitos anos, mas ainda lá andou alguns. Como sócios e empresários, demos corridas em quase todas as praças do país desde o início dos anos 70. E sempre nos demos bem, nunca tivemos problemas nenhuns" - recordou António Sousa, na altura, ao "Farpas".


Chegaram os dois, inclusivamente, a integrar a Sociedade de Actividades Tauromáquicas que no início dos anos 90 geriu a praça de toiros do Campo Pequeno e de que faziam parte, para além de António Sousa, Quintano Paulo e Ferreira Paulo, também Fernando Camacho, Jorge Pereira dos Santos e Mário Freire.


Antes de se tornar empresário, António Sousa foi forcado no Grupo de Santarém - e essa era, recorda "Cachapim", "a sua grande doença", ele "adorava o Grupo de Santarém".


António Sousa, casado e pai de um filho, vivia em Évora, onde teve em tempos um stand de venda de uma marca de automóveis de que foi representante. A idade e já alguma dificuldade de mobilização, fê-lo deixar de ir ultimamente aos toiros, mas ainda há dois anos a sua presença nas praças era frequente, ora acompanhado por "Cachapim" ou pelo crítico e seu amigo Miguel Ortega Cláudio ou pelo seu também grande amigo José André.


Com 92 anos, estava bem e muito lúcido, com uma memória incrível, como nós próprios atestámos sempre que o encontrávamos e com ele conversávamos.


Há dois anos, em 25 de Março de 2022, um grupo de amigos organizou no ÉvoraHotel um jantar em sua homenagem e em reconhecimento pela sua séria e importante trajectória no mundo da tauromaquia.


António Sousa encontrava-se bem de saúde, mas ontem à noite, em sua casa, engasgou-se a comer uma bifana e foi chamado o INEM, que o socorreu e o levou para o Hospital de Évora, onde acabou por morrer de madrugada.


Não há ainda pormenores das cerimónias fúnebres, mas, segundo nos disse José Manuel Ferreira Paulo, informado pela viúva, Arlete de Sousa, o velório terá lugar em Évora assim que o corpo for entregue à Família e depois será cremado em Elvas, o que pode acontecer amanhã.


Perdemos um bom amigo, um homem sério, de fino trato, de uma educação estrema, divertido, com sentido de humor - e um homem que fez muito pela Festa, ao qual muitos têm que estar agradecidos.


A sua Mulher, Arlete, a seu filho António e a toda a ilustre Família enlutada, apresentamos as nossas mais sentidas condolências.


Que em paz descanse.


Fotos M. Alvarenga, Emílio ide Jesus/Arquivo e D.R.


Com o seu amigo e sócio "de uma vida" Quintano Paulo (falecido
em Janeiro de 2015)

Com José Manuel Ferreira Paulo "Cachapim"
Com Miguel Ortega Cláudio, seu companheiro de corridas nos
últimos anos

Há dois anos, em Março de 2022, na grande homenagem que
lhe prestaram no ÉvoraHotel - escutando as palavras de Joaquim
Grave e, na foto de cima, ao lado de "Cachapim"