Os cavalos, e agora também os toiros, são a sua vida. Foi Campeão Europeu de Equitação de Trabalho (Juniores), agora é apontado como uma das mais promissoras estrelas da nova geração de cavaleiros tauromáquicos nacionais. Na próxima terça-feira, na tradicional corrida nocturna de encerramento da Feira de Outubro em Vila Franca de Xira, Diogo Oliveira vai receber a alternativa das mãos de Rui Salvador, precisamente naquela que será a última corrida da carreira de glória do “cavaleiro dos ferros impossíveis”. A poucos dias do doutoramento, Diogo falou ao “Farpas” - e falou dos seus sonhos.
Entrevista de Miguel Alvarenga
- O facto de ser filho de um reputado equitador e de ter já uma experiência altamente positiva na modalidade de Equitação de Trabalho constituiu meio caminho andado para querer ser cavaleiro tauromáquico?
- Sim, foi meio caminho andado e foi uma grande base para que este sonho de ser cavaleiro tauromáquico se concretizasse.
Tudo o que sei ,devo ao meu pai, foi com ele que aprendi tudo. A Equitação de Trabalho é uma modalidade que adoro praticar, graças a Deus já conquistei alguns títulos, e espero vir a conquistar cada vez mais. Sem dúvida que me veio dar uma grande tarimba como cavaleiro e profissional, o que depois. dentro de praça, me ajuda muito.
- Seu irmão David Oliveira também o foi, mas não chegou a tomar a alternativa. De algum modo, o Diogo vem complementar essa falha?
- O meu irmão David também é um bocadinho “culpado” neste meu percurso como cavaleiro tauromáquico.
Acompanhei-o muito quando ele toureava, e isso ainda me veio dar mais força para querer ser toureiro. Desde que me lembro que tenho este sonho, mas quando ele estava no activo, claro que este meu sonho despoletou mais ainda.
Não creio que tenha sido uma falha e que eu a venha completar. O David parou, porque achou que o devia fazer, e seguir só com a carreira profissional como cavaleiro. Sei que tem esse sonho de ter a alternativa e ainda gostava que ele o realizasse. Veremos…
- Quem são os seus ídolos no toureio equestre?- Tenho alguns! Não consigo dizer só um! O Maestro João Moura, o Maestro António Telles, o Rui Salvador, João Salgueiro… São toureiros que eu sempre gostei muito e que são referências para mim. Tenho alguns que infelizmente nunca vi, só em vídeos, e que também fico fascinado quando assisto, que é o caso, por exemplo, de José João Zoio. O meu pai sempre me mostrou alguns vídeos dele, e fotos, e eu ficava fascinado a assistir.
- Como define o seu estilo?
- Eu tento sempre ter o meu próprio estilo e a minha identidade. Não quero imitar ninguém. Pelo menos esse é o meu conceito. Gosto muito de um estilo clássico, com um toque de modernidade. E é nesses parâmetros que eu tento andar.
- E a quadra, Diogo? Fale-me dos seus cavalos.
- Graças a Deus, penso ter uma quadra boa neste momento. Não é muito extensa, mas está em crescimento. Tenho alguns cavalos novos em que deposito muitas esperanças e tenho uns mais consagrados.
Destaco dois cavalos, ambos com o ferro da casa.
O Orpheu, que começou o ano passado mas que corrida após corrida tem-se mostrado cada vez mais e no qual tenho uma grande confiança, e o Chapitô, que é o meu cavalo-estrela, que me acompanha já há algumas temporadas, e que é o cavalo que me tem catapultado.
Tenho mais três cavalos no activo que já tourearam este ano, e que têm uma grande qualidade também.
Penso que para o ano, tenho mais um ou dois para estrear.
- Considera que é o momento certo para tomar a alternativa?
- Considero sim! Penso que tenho construído a minha carreira, ainda que curta, passo a passo e com calma. Foi muito bem pensado, e a oportunidade apareceu, e acho que chegou o momento certo!
- Que significado tem para si o facto de ir receber a alternativa das mãos de Rui Salvador naquela que é a última corrida da sua carreira?
- Para mim é uma honra e um privilégio enorme ter o Rui Salvador como padrinho. É um dos meus ídolos e uma das minhas referências. É uma pessoa extraordinária, que me tem ajudado muito. Sempre com uma palavra de incentivo, sempre com um apoio tremendo.
Acho que é importante frisar uma coisa, Miguel. Tinha o maior orgulho que qualquer outro cavaleiro presente no cartel me desse a alternativa e não foi fácil escolher. Adorava que fosse qualquer um. E é um grande privilégio para mim estar ao lado destas figuras do toureio no dia da minha alternativa.
Mas tendo que escolher apenas um, decidi que fosse o Rui Salvador, pela ligação que temos, pela pessoa que é, pela figura que é, e por ser a sua última corrida. É um orgulho enorme para mim!
- Da nova vaga de cavaleiros, qual se poderia considerar o seu maior rival? - Acho que há uma nova vaga de cavaleiros neste momento muito boa! Penso que seja muito cedo ainda para falar em rivalidades. Acho que somos todos rivais uns dos outros, porque estamos todos cá para a “guerra” e para dar a cara todos os dias!Acho que o futuro pode ser risonho! Esperemos que assim seja!
- Qual o cartel ideal?
- Este cartel da minha alternativa, é praticamente um cartel ideal para mim. Estar presente com quatro figuras do toureio consolidadas, uma em constante ascensão, com os forcados de Vila Franca de Xira, a que eu tenho grande ligação, e que para mim é dos melhores grupos do país, com seis ganadarias de postin, na praça de Vila Franca… O que posso pedir mais? É um cartel ideal!
- Vai estrear uma casa nova na noite da alternativa? De que cor? E a quem vai ser brindado o toiro do doutoramento?
- Sim, vou estrear uma casaca. Quanto ao resto, vão ter que esperar até ao dia da corrida para verem…
- O que podem os aficionados esperar de si na noite de 8 de Outubro na “Palha Blanco”?
- Podem esperar uma entrega máxima e uma vontade enorme de triunfar e desfrutar. E fazer os aficionados desfrutar. A coisa que mais queria era que as pessoas saíssem todas no final satisfeitíssimas, e que falem nesta noite durante anos! Da minha parte, vou fazer o que estiver ao meu alcance para que isso aconteça..
Que Deus assim queira!
Fotos Miguel Calçada e M. Alvarenga