domingo, 20 de outubro de 2024

Sob o signo da memória de Nuno Salvação Barreto: GFA de Lisboa celebrou em colóquio 80 anos de História


Teve ontem lugar ao final da tarde na Biblioteca do Palácio Galveias, no Campo Pequeno, um interessante colóquio sobre os 80 anos de História do Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, efeméride que se celebrou este ano e que foi comemorada com pompa e circunstância em Setembro na última corrida da temporada em Lisboa.

O colóquio decorreu sob o signo da memória do emblemático Nuno Salvação Barreto, que fundou o Grupo em 1944 - e que morreu em 17 de Dezembro de 1996 com 67 anos de idade, deixando uma legião de órfãos que souberam honrar e dignificar desde então o seu legado e a sua magna e histórica figura.

José Luís Gomes, filho do segundo matador de toiros português Augusto Gomes Júnior, foi o cabo que lhe sucedeu em 1992 e até 2010, temporada em que passou o testemunho a seu filho Pedro Maria Gomes, terceiro e actual cabo dos Amadores de Lisboa.

Ontem, num colóquio a que assistiram sobretudo muitos elementos jovens do Grupo e também alguns antigos forcados, foi bonito ouvir da boca de todos os intervenientes/oradores os muitos elogios com que eles recordam a memória do histórico Nuno Salvação Barreto - que não foi só um grande forcado, foi também "um amigo do seu amigo", um homem culto e inteligente, grande conhecedor de música, fantástico condutor de homens e, acima de tudo, "um homem bom", que "ajudou muitos necessitados sem dizer nada a ninguém".

Salvação Barreto "sabia de toiros como ninguém". José Augusto Baptista, que todos conheciam por "Zé da Burra" e foi um dos maiores forcados da nossa História, recordou, por exemplo, que no dia em que fez a primeira pega envergando a jaqueta dos Amadores de Lisboa, o saudoso cabo lhe disse na trincheira tudo o que o toiro lhe ia fazer... "e acertou em tudo", recordou o antigo forcado.

Representando os antigos, foram oradores João Nuno Azevedo Neves (reputado advogado e que o foi de Salvação Barreto ao longo da sua vida), que recordou curiosas e engraças histórias da sua passagem pelos Amadores de Lisboa e da sua convivência com o emblemático cabo fundador; o já referido José Augusto Baptista; o antigo cabo José Luís Gomes, que se emocionou até às lágrimas mais que uma vez quando recordou muitos dos momentos vividos com Nuno Salvação Barreto; e António Rijo Pinto, outro recordado e grande forcado, que foi um dos que mais acompanhou Salvação Barreto, juntamente com José Pedro Faro, nos últimos tempos da sua vida.

Foram lembradas grandes glórias do Grupo, como Carlos Patrício Álvares "Chaubet", António Lapa ou Domingos Barroca (que José Augusto Baptista referenciou como "o melhor forcado" do seu tempo) e foram enaltecidas também as figuras de José Luis Gomes e de seu filho Pedro Maria Gomes, o cabo actual, como excelentes cabos e grandes condutores de homens que têm sabido manter vivo o espírito de grupo, de união e de amizade que Salvação Barreto tão bem incutiu nos seus forcados - que eram, antes de mais, seus amigos.

Por fim e em representação da fase mais recente do grupo falaram os já retirados António José Casaca e Gonçalo Maria Gomes, assim como o actual forcados João Varanda e o cabo Pedro Maria Gomes. O moderador foi João Vasco Lucas, também antigo elemento do Grupo.

Foi um fim de tarde/princípio de noite recheado de aficion e também de emoções por intermédio de Homens que fizeram e fazem a História de 80 anos dos gloriosos Forcados Amadores de Lisboa - os novos a aprenderam com os exemplos dos mais velhos; e os antigos sempre ao lado do Grupo, a apoiar e ensinar para que a História nunca acabe.

Não perca, ainda hoje, todas as fotos deste interessante colóquio.

Fotos D.R., Luis Azevedo/Estúdio Z e Marques Valentim/Arquivo

O histórico Nuno Salvação Barreto citando um toiro na já
desaparecida Monumental de Cascais
Salvação Barreto e o seu Grupo de Lisboa
José Augusto Baptista com o seu cabo
e padrinho de casamento

Salvação Barreto com o seu sucessor José Luis Gomes
Nuno S. Barreto recebendo de Miguel Alvarenga o Troféu ao
Mérito com que nos anos 90 foi galardoado pela Real Tertúlia
D. Miguel I - vendo-se também na mesa o saudoso Dr. Fernando
Salgueiro e Fernando de Andrade Salgueiro
O actual cabo Pedro Maria Gomes com o saudoso Manuel Andrade
Guerra há cinco anos, quando a Real Tertúlia homenageou o GFA
de Lisboa pelo seu 75º aniversário