quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A "Palha Blanco" depois de Levesinho...

Depois da renúncia de Ricardo Levesinho (foto de cima), que anunciou não querer beneficiar do direito de opção por mais um ano a que tinha direito, na sequência do escândalo do cancelamento da corrida mista de 5 de Outubro, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira anunciou ontem num curto comunicado (em baixo) que adjudicou a "Palha Blanco" (não o refere, mas ao que apurámos será por um período de cinco anos) à empresa B.A. Universe, Lda. - que pertence a Bernardo Alexandre, ex-forcado dos Amadores de Vila Franca, sem experiência empresarial taurina e que já concorrera à adjudicação da praça de Arruda dos Vinhos associado ao empresário alentejano Rui Gato Rodrigues.

Não será fácil - para ninguém - assumir a gestão da emblemática praça "Palha Blanco" depois da obra notável ali desenvolvida desde 2008 por Ricardo Levesinho (com apenas uma interrupção de três temporadas em 2016, 2017 e 2018, anos em que esteve Paulo Pessoa de Carvalho na gestão) - que foi ao longo de quase vinte anos o homem certo no lugar certo.

Levesinho abandonou a "Palha Blanco" na sequência da bronca da corrida cancelada em 5 de Outubro, amuado com as repercussões que o escândalo assumiu, mas também desmotivado pelos muitos problemas económicos que desde o ano passado vinham ensombrando a sua actividade.

Faltaram toiros sobreros para as lides a pé, o matador espanhol Daniel Luque recusou-se a admitir a possibilidade de ter que enfrentar um sobrero destinado aos cavaleiros no caso de um dos toiros espanhóis se inutilizar - e desandou, deixando o empresário pendurado

"Juanito" perdeu aí aquela que poderia ter sido uma das grandes oportunidades para relançar a sua carreira em Portugal, não admitindo a hipótese de, na falta de Luque, tourear ele sózinho os quatro toiros destinado às lides a pé - e, no fundo, ele e Ricardo Levesinho acabaram por ser os grandes prejudicados neste escândalo de Outubro em Vila Franca.

Ao que se apurou, algumas empresas terão apresentado candidaturas para gerir a praça de Vila Franca - entre elas a Toiros com Arte com uma proposta "muito sólida"; e também Margarida Calqueiro e Rafael Vilhais provavelmente (diz-se) associados a Pedro Marques, o apoderado de Morante de la Puebla -, mas a Santa Casa preferiu entregá-la ao antigo forcado vilafranquense Bernardo Alexandre.

Nos mentideros taurinos da Sevilha Portuguesa instalou-se agora alguma apreensão pela grande incógnita que representa o facto deste empresário estreante passar a gerir, a partir do próximo dia 1 de Janeiro, aquela que é uma das mais difíceis e mais aficionadas praças de toiros do país.

Vamos esperar para ver.

Fotos M. Alvarenga