quinta-feira, 29 de maio de 2025

Marco José inicia no sábado em Nisa a sua última temporada e faz balanço: "Não fui figura, mas andei sempre de cara levantada, respeitando todos com muito sentido de responsabilidade e profissionalismo!"

O cavaleiro Marco José toureia no próximo sábado em Nisa a primeira corrida da temporada em que comemora 30 anos de alternativa e se despede das arenas. Ao “Farpas”, fez o balanço da sua trajectória e falou das expectativas para o ano do adeus às arenas.

Entrevista de Miguel Alvarenga

 

- Marco, na noite do próximo sábado, 31 de Maio, em Nisa, dá início à sua temporada de despedida. Quais são as expectativas para essa corrida?

- Antes de responder, deixe-me agradecer duplamente. Primeiro, o convite para esta entrevista; e depois, como sempre me acompanhou jornalisticamente e sempre esteve pendente da minha trajetória. O meu sincero obrigado. Toda a ilusão do mundo, é assim que sinto a noite de 31 de Maio. Será a temporada possível e, como tal, irei aproveitar todos os momentos para usufruir desta profissão pela qual me dediquei de alma e coração desde os meus começos. Quero que seja uma temporada bonita e agradecida. 


- Sei que não têm apoderado e em conjunto com o seu pai e com a ajuda do Jaime Amante, vai tentando compor a última temporada. Como se apresenta a mesma?

- Quando convidei o Jaime para me ajudar nas comemorações dos 30 anos de alternativa, ele aceitou ser o responsável da Comissão Executiva, mas desde logo me pediu que não queria interceder nas contratações. No entanto, lá vai dando uma ajuda. Depois de Nisa, vou a Benedita, à sua tradicional data que este ano cumpre a 21ª edição, será a 22 de Junho. Depois, a despedida na terra que me viu nascer, Caldas da Rainha. Será na noite de 26 de Julho no tradicional Concurso de Ganadarias. Existe mais uma ou duas datas, de momento sem confirmação.



- No início do ano, afirmou que gostaria imenso de se despedir em Évora na tradicional data de Outubro. 
Porquê Évora?
- É verdade e a razão é simples. Vivo em Évora há vinte anos e nunca toureei na sua praça, nem mesmo como amador. Tenho a minha vida pessoal e profissional na cidade alentejana e sentimentalmente gostaria que assim fosse. Já houve contactos iniciais, mas ainda não sei se será em Évora a minha última corrida. Agora que era um enorme desejo, e que tinha para mim uma enorme importância, sem dúvidas.


- A temporada de despedida fica-se por três ou quatro corridas?

- Na realidade não sei, gostaria de estar presente em outras praças, mas o futuro a Deus pertence. Gostaria por exemplo de voltar a Nazaré, uma praça carismática na minha carreira e onde creio que mais corridas toureei. Depois das Caldas da Rainha, a arena do Sítio era a minha segunda praça. Tenho grandes recordações dessa praça, grandes amigos. Assim, como de outras, que infelizmente já não existem. Como Viana do Castelo e Póvoa do Varzim, que marcaram também de forma importante a minha carreira. Vila Franca de Xira, Figueira da Foz, Moura, Reguengos de Monsaraz e, claro, o Campo Pequeno, onde há trinta anos tomei a alternativa, são praças que têm também um enorme peso e importância na minha trajectória. Em trinta anos de alternativa houve imensas praças, cidades, vilas e povoações que sempre marcaram a minha carreira.



- 30 anos de alternativa e mais de 40 de toureio, são referências importantes. Saudades de outros tempos e de personalidades e personagens que marcaram esta etapa da sua vida?

- Claro que sim e, em alguns casos, muitas saudades. Recordo com imensa gratidão os meus apoderados Raul Nascimento e José Agostinho dos Santos, entre outros, bandarilheiros, empresários, gente que estava e via a Festa de um modo diferente. Hoje os tempos são outros. A Festa está diferente. No entanto, quero destacar o impressionante carinho que tenho recebido, desde que anunciei a minha despedida, de muitas pessoas que ao longo da minha carreira me viram tourear, uma trajectória de 40 anos, de muitos pormenores, de muitas atitudes, com momentos maravilhosos. Estou e serei eternamente agradecido. 


Já escolheu a quadra de cavalos que irá levar para Nisa neste sábado ? Qual será?

- A minha quadra é composta por várias montadas, mas são sete os cavalos, que conto para esta temporada. No próximo sábado vou levar para Nisa, o “Lírio”, o “Imperador”, o “Fado”, o “Espartaco” e a estrela da casa, o “Girassol”.


- Confidenciou-me o Jaime Amante há alguns dias, que no seu último toiro haverá uma tripla despedida. Podemos saber do que se trata?

- É surpresa. Mas sim, confirmo que serão três despedidas em simultâneo. No dia e na hora ficarão a saber. 


- E o último brinde, será a quem? 

- Será um brinde emotivo, com muito sentimento e de reconhecimento.


- Valeu a pena, Marco?

- Claro que valeu a pena. Vale sempre a pena quando nos sentimos realizados pessoalmente… Não fui figura, mas aguentei sempre de cara levantada todas as dificuldades e diversidades. Sempre respeitando o próximo com muito sentido de responsabilidade e profissionalismo. Muitos desafios, muitas histórias, muitas recordações que ficarão sempre na minha memória. Sem antecedentes taurinos na família consegui o que muitos não imaginavam… Sou uma pessoa ambiciosa e realizada pelo que fiz e pelo trabalho que deixo para recordar e contar.


Fotos Emílio de Jesus/Arquivo e M. Alvarenga