A propósito da polémica causada ontem pela votação contra do PSD à proposta do Chega que visava o regresso das transmissões de touradas à RTP, o deputado social-democrata Gonçalo Valente e Henrique, que foi forcado dos Amadores de Beja (fotos), veio esclarecer na rede social Facebook que o seu partido "não votou contra a tauromaquia nem contra a sua presença na televisão pública". Publicamos na íntegra o esclarecimento - ainda bem que o fez - do deputado do PSD:
"O PSD não votou contra a tauromaquia nem contra a sua presença na televisão pública, que fique claro. Votou, sim, contra a revisão artificial e desnecessária de um contrato acabado de assinar (Março), recusando criar um problema jurídico que simplesmente não existe, porque foi essa a proposta e não outra.
"O Estado não pode intervir onde o enquadramento já é claro e suficiente, muito menos no âmbito da lei do Orçamento do Estado.
"A RTP pode transmitir corridas de toiros, hoje, sem qualquer revisão contratual, porque nada na lei ou no contrato o impede.
"Defender ou criticar a transmissão de corridas de toiros na RTP não é matéria orçamental e o quadro jurídico atual já permite essas transmissões. Não podemos alterar uma coisa que já está prevista no contrato e na lei geral do Estado por se tratar de uma atividade cultural inscrita na Constituição da República.
"Trata-se de mais uma manobra típica do Chega: não contribuir para resolver seja o que for, mas antes alimentar a desinformação, degradar as instituições e alimentar a desconfiança sobre quem procura, genuinamente, construir.
"O Governo não pode impor conteúdos à RTP, não tem essa prerrogativa, pode sim, sensibilizar a sua direção de programas, respeitando a autonomia editorial, a adotar uma grelha que reflita a diversidade cultural do país, incluindo manifestações que não recolham consenso universal, e esse trabalho já está a ser feito.
"O PSD já demonstrou claramente a sua posição sobre a tauromaquia ao baixar o IVA dos espectáculos tauromáquicos para a taxa reduzida (imposto que o CHEGA ajudou, em 2019, a fixar na taxa máxima), e ao fazer-se representar, quer por membros do Governo, Deputados e Autarcas, em diversas corridas de toiros e eventos taurinos ao longo da última temporada, como há muito não se via.
"A direcção de programas da RTP é totalmente independente e o governo não se pode imiscuir na sua grelha programática, portanto legislar contra isso fere todos os propósitos da comunicação social.
"O PSD defende, inequivocamente, a presença da tauromaquia na RTP. Isso nunca esteve em causa. A clareza jurídica é um valor em si. O respeito pela diversidade cultural também. E entre ambos não há qualquer choque frontal.
"Tudo continuaremos a fazer para que 2026 seja o ano do regresso das corridas de toiros ao canal público de televisão e para isso não é preciso mudar contratos, basta a RTP estar sensível a um propósito que é sua obrigação estar, e tem de estar.
"Tenho a consciência tranquila de que tudo tenho feito pela intransigente defesa da tauromaquia ao abrigo do cargo que me foi conferido pelo povo.
"Quando o Chega nasceu já eu pegava toiros e já tinha passado por muitas macas de Hospitais, por isso não recebo qualquer lição de moral vinda dessa bancada sobre esta matéria e muito menos daqueles que se acham jornalistas de referência, mas não passam de meros bloguistas sempre de mão estendida, à procura de quem dá mais.
"Pela tauromaquia venha vinho!"
Gonçalo Valente e Henrique
Fotos D.R. e Florindo Piteira/Gonçalo Valente e Henrique/Facebook
