40 anos depois de "Capea" e Ruiz Miguel, Juan José Padilla consagrou-se ontem indiscutivelmente como o novo ídolo da aficion do Campo Pequeno! |
Francisco Rivera "Paquirri" fotografado em 1969 no Campo Pequeno pelo então jovem aficionado Miguel Alvarenga |
"Niño de la Capea" no Campo Pequeno, anos 70, em mais uma Corrida da Imprensa, com os jornalistas Miguel Alvarenga e José Sampaio |
Pedro Gutiérrez Moya "Niño de la Capea" no Campo Pequeno com o saudoso Fernando Camacho, o último dos grandes taurinos deste país |
Francisco Ruiz Miguel e Miguel Alvarenga no restaurante "O Polícia", em Lisboa, depois de uma das célebres Corridas da Imprensa nos anos 70 no Campo Pequeno... |
... e os dois numa foto actual |
Francisco Román "Currillo": sem nunca ter sido uma figura do toureio em Espanha, foi durante alguns anos um dos mais aplaudidos ídolos do público do Campo Pequeno |
Cartaz com as figuras contratadas para a temporada de 1974 no Campo Pequeno |
Noites de ouro do toureio a pé nos anos 70 no Campo Pequeno: "Paquirri" e a apresentação em Lisboa de Júlio Robles |
Agosto de 1973: Dámaso González e "Currillo", "dois grandes de Espanha frente-a-frente" no Campo Pequeno |
Miguel Alvarenga - Quarenta anos depois de "Niño de la Capea" e Francisco Ruiz Miguel terem protagonizado a última grande parelha de matadores que foram ídolos do Campo Pequeno (e que enchiam a praça cada vez que cá vinham), Lisboa encontrou finalmente um sucessor: Juan José Padilla proclamou-se na última quinta-feira (ontem) como indiscutível ídolo da aficion lisboeta. Foi a sua segunda actuação na capital, depois da estreia em Julho e voltou a sair em ombros pela porta grande, o que o acaba de consagrar como o novo e incontestado ídolo do público de Lisboa e do Campo Pequeno.
Há quarenta anos que Lisboa não tinha um ídolo no toureio a pé, depois dos célebres anos de 40 em que o mexicano Gregório García parava o trânsito na capital e depois de o famoso Curro Romero, no início da década de 60, ter uma tarde percorrido aos ombros da multidão eufórica o percurso que separa a praça de toiros do Campo Pequeno do Hotel Avenida Palace no Restauradores.
Francisco Rivera "Paquirri" foi o grande ídolo da aficion de Lisboa nos últimos anos da década de 60, início dos anos 70. Era anunciado com pompa e circunstância e era capa do programa de mão sempre que vinha a Lisboa. O empresário Manuel dos Santos e José Cardal tinham um saber especial de como se promoviam figuras. A "Paquirri" seguiu-se nos anos 70 um outro toureiro que passou a ser anunciado nos cartazes como "o toureiro que empolgou Portugal", chamava-se Dámaso González. Veio e fartou-se de vir ao Campo Pequeno, enchendo sempre a praça e competindo com os grandes matadores lusos da altura, especialmente com José Falcão e Ricardo Chibanga - que ontem foi brindado com calorosa e prolongada ovação quando Padilla lhe dedicou a sua segunda faena.
Ainda nos anos 70, já na recta final dessa década e no período que antecedeu a entrada em força no Campo Pequeno da dupla "Niño de la Capea"/Ruiz Miguel, houve um jovem matador que chegou também a atingir, como todo o mérito, o estatuto de ídolo do Campo Pequeno. Foi Francisco Nuñez Ramón "Currillo".
Pedro Gutiérrez Moya "Niño de la Capea" e Francisco Ruiz Miguel foram os dois últimos grandes ídolos do Campo Pequeno, ainda no início dos anos 80. Chegaram a tourear mais que uma vez juntos naquela que era a mais esperada corrida da temporada lisboeta, a da Imprensa, sempre na primeira quinta-feira de Agosto, mista, organizada pelos jornalistas José Sampaio e Raul Nascimento.
Veio a seguir a nova época de ouro do toureio a cavalo com a aparição do fenómeno João Moura e de todos os cavaleiros que com ele vieram reforçar o painel de ginetes nacionais e a verdade é que o toureio a pé começou a perder força e raras começaram a ser as corridas mistas, até desaparecerem por completo.
O incremento dado pela actual empresa do Campo Pequeno ao toureio a pé nos últimos dez anos e que praticamente só "pegou" forte na última temporada depois do enorme sucesso de "El Juli" em Lisboa, acabou por levar também outras empresas, casos de Paulo Pessoa de Carvalho e Ricardo Levesinho e, mais recentemente, Rafael Vilhais (que este ano também contribuiu de forma decisiva para reforçar o ressurgimento do toureio a pé fazendo em Salvaterra a apresentação do matador peruano Roca Rey), entre outros, a (re)apostar no toureio a pé. E a verdade é que já este ano, graças a Morante e Álamo e depois a Padilla, Lisboa voltou a viver a paixão pelo toureio a pé como não acontecia há quatro décadas.
O trabalho está feito. Agora basta dar-lhe continuidade e não deixar que tudo morra outra vez.
Fotos Frederico Henriques/@Campo Pequeno, João Carlos D'Alvarenga/Arquivo e D.R.