Decorreram durante o dia de ontem os trabalhos do primeiro dia do IV Fórum Mundial da Cultura Taurina, na Ilha Terceira, que contou com a presença do Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, em representação do Governo dos Açores, além do Presidente da Câmara Municipal de Angra, Álamo Meneses e da Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, Vânia Ferreira, assim como do veterinário Julio Fernandez e dos ganadeiros Joaquim Grave (ganadaria Murteira Grave), Javier Núñez (ganadaria La Palmosilla), Verónica Gutierrez (ganadaria San Pelayo) e Miguel Ángel Perera (matador de toiro e ganadero de Alqueva).
A união entre todos os países taurinos em defesa da tauromaquia, o toiro do futuro e o novo design dos utensílios da lide foram os temas debatidos na primeira jornada do IV Fórum Mundial da Cultura Taurina, que decorre na Ilha Terceira, nos Açores.
A sessão, realizada integralmente no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, no local onde antes existia a antiga praça de toiros da capital terceirense, começou com uma conferência do arquiteto José Parreira, que reflectiu profundamente sobre o contexto social em que se insere actualmente a festa dos toiros.
Seguidamente, foi a vez das autoridades patrocinadoras do evento tomarem a palavra. Os presidentes das Câmaras de Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória, Álamo Meneses e Vânia Ferreira, juntamente com o Secretário Regional da Agricultura e Alimentação do Governo dos Açores, António Ventura, em representação do Presidente do Governo Regional dos Açores, destacaram a importância cultural e económica da tauromaquia nesta região, sublinhando também o seu profundo enraizamento popular, que impõe aos políticos a responsabilidade de preservar os seus valores.
Após a abertura oficial, os representantes das entidades de defesa da tauromaquia de oito países taurinos debateram, sob a moderação do jornalista Maurício Vale, a necessária unidade dos estamentos taurinos mundiais para “dar uma resposta global aos ataques globalistas contra esta cultura”, como afirmou François Zumbiehl, do Observatório das Culturas Taurinas de França.
Na mesma linha, Salvador Arias, da Tauromaquia Mexicana; Francisco Macedo, da Protoiro; Manolo Zapata, da Associação Venezuelana de Tauromaquia; Gonzalo Sanz de Santamaría, da Corporación Libertad Cultural da Colômbia; Juan Carlos Solines, da União de Espectáculos Taurinos do Equador e Pablo Gómez de Barbieri, da Associação Cultural Taurina do Peru, defenderam que essa união deve reivindicar a diversidade cultural protegida pela UNESCO.
Por outro lado, Borja Cardelús, da Fundação do Toro de Lídia, de Espanha, apontou que essa união “é hoje mais desejável do que possível”, uma vez que para alcançá-la é necessária uma força maior capaz de contrariar os 800 milhões de euros anuais que, segundo ele, as associações animalistas internacionais investem em campanhas contra a tauromaquia.
A sessão da tarde iniciou-se com uma exposição do veterinário Julio Fernández, que demonstrou, através de estudos científicos extensos sobre a fisiologia do toiro bravo, que este animal apresenta um equilíbrio neuro-hormonal notável durante a lide, permitindo-lhe superar a dor, bloquear o stress e intensificar a sua agressividade, descartando qualquer possibilidade de sofrimento.
Posteriormente, num vídeo esclarecedor, foram apresentadas as provas de novos utensílios de lide, desenvolvidos por Fernández em conjunto com o matador retirado Manolo Sales. Estes novos equipamentos, como puyas, estoques, descabellos e bandarilhas, visam, nos próximos anos, melhorar a eficácia das sortes e a segurança dos profissionais, mantendo a autenticidade do espetáculo.
A mesa-redonda que encerrou a jornada centrou-se no tema do “toiro do futuro”, com a moderação do jornalista Paco Aguado e a participação dos ganadeiros Joaquim Grave, Javier Núñez, Verónica Gutiérrez e do matador de toiros Miguel Ángel Perera.
Grave afirmou que “o toiro do futuro já está no campo”, uma opinião partilhada pelos demais participantes, que destacaram o trabalho realizado pelos ganaderos nas últimas duas décadas. Segundo eles, foi possível criar “um toiro mais completo e bravo do que nunca”, definindo a bravura como uma entrega total aos enganos, resultado de melhorias genéticas específicas na morfologia e no comportamento do animal.
Todos os eventos do Fórum, que continuam hoje no Auditório do Ramo Grande, na Praia da Vitória, podem ser acompanhados através do Instagram no perfil:
www.instagram.com/forummundialculturataurina.
Pode ver aqui o video do primeiro dia: https://we.tl/t-2y4WUx1kSU
Fotos D.R.